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AGRICULTURA E PESCA

Agricultores Familiares participaram de intercâmbio em SAFs no município de Tomé-Açu

Por Aldirene Gama (SEDEME)
01/04/2022 17h06

Vinte e um agricultores familiares dos municípios de Novo Repartimento e Pacajá, sudoeste paraense, participaram de intercâmbio sobre Sistemas Agroflorestais e Cooperativismo entre os dias 29 e 31 de março, no município de Tomé Açu, Região de Integração do Capim. O encontro teve como objetivo estimular o cooperativismo e a produção de cacau em Sistema Agroflorestal (SAF), com troca de saberes entre produtores de Tomé Açu e da Transamazônica.

A ação foi coordenada pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (IDEFLOR-Bio), representado pelo Escritório Regional Carajás (ERC/Marabá) e Diretoria de Desenvolvimento de Cadeia Florestal - DDF, com apoio da  Cooperativa de Reflorestamento e Bioenergia e da Amazônia (Coopercau) e a Fundação Solidaridad. A prefeitura municipal de Tomé Açu, por meio da Secretaria Municipal de Agricultura (Semagri), também esteve presente na ação e colaborou diretamente com apoio técnico e logístico para o desenvolvimento dos trabalhos.

No primeiro dia de atividades de campo, o grupo visitou a propriedade do produtor senhor Michinori Konagano, o qual investe no desenvolvimento do cultivo sustentável da produção do cacau em SAF's. Durante a visita, foi possível observar os diversos arranjos de sistemas agroflorestais cultivados pelo citado agricultor, destacando-se nestes as espécies frutíferas cacau, açaí e cupuaçu, consorciadas com pimenta do reino e essências florestais como castanha do Pará, Mogno Africano, Mogno Brasileiro, Andiroba, Taperebá, dentre outras. Também foi explicado pelo agricultor todos os tratos culturais realizados nos plantios, bem como a dinâmica de gestão da propriedade, considerando-se aspectos de mão de obra, estruturas utilizadas no beneficiamento de frutos e sementes e questões relacionadas à comercialização da produção com base nas premissas do cooperativismo.

Michinori Konagano abordou ainda a história dos imigrantes japoneses na região, ressaltando as diversas fases vivenciadas por estes, com destaque para as experiências com os cultivos da pimenta do reino até a adoção do cultivo dos Sistemas Agroflorestais que atualmente predominam no município e o papel fundamental da organização social em cooperativa em todos esses momentos.

No mesmo dia, o grupo conheceu o Museu da Imigração Japonesa, um espaço dedicado especialmente à valorização de toda a história da imigração japonesa no estado do Pará, especificamente no município de Tomé Açu. No local é possível encontrar exemplares de diversos elementos tradicionais da cultura japonesa, da culinária às artes cênicas, musical e sobretudo o registro das diversas fases do estabelecimento dos imigrantes na região, pontuando as práticas produtivas, os avanços tecnológicos das cadeias produtivas e a forte organização social que sempre fundamentou a caminhada japonesa no país.

No dia 30, foram visitadas as propriedades do agricultor José Maria da Associação 4ª Região. Em cada visita realizada, os agricultores anfitriões apresentaram seus respectivos SAF's e todos os processos que envolvem o manejo destes e, explicaram suas histórias de vida dedicadas a tal prática de cultivo da terra, as dificuldades encontradas, os avanços e conquistas que tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida de suas famílias.

No dia 31, os representantes das instituições presentes, IDEFLOR-Bio, Coopercau, Cooperativa De Produtores De Cacau Organicos (Coopcao) e Fundação Solidaridad, reuniram-se com o presidente da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé Açu (CAMTA),  Alberto Keiti Opatta, para um momento de diálogo e nivelamento de informações e idéias acerca do processo de cooperativismo que é tão marcante na história de Tomé Açu, a fim de que isto também sirva de exemplo e estímulo aos visitantes.

Os agricultores visitantes puderam também conhecer um espaço de comercialização de produtos oriundos das áreas de SAF's pertencentes aos cooperados da CAMTA, o qual chama-se Casa do Cooperado. No local são comercializados frutos, legumes, verduras, mudas de plantas e diversos produtos beneficiados pelos próprios agricultores (sorvetes, sucos, óleos vegetais, geléias, frutas secas, entre outras).

O engenheiro florestal do IDEFLOR-Bio, Cleberson Salomão, que também integrou a comitiva, destacou que a implantação de Sistemas Agroflorestais (Safs) com cacau tem ainda a prerrogativa legal para sua utilização com fins de recomposição de áreas de Reserva Legal (RL) em propriedades rurais do estado do Pará, considerando-se a Instrução Normativa Conjunta Semas/IDEFLOR-Bio nº 07, de 20 de Setembro de 2019.

Os SAFs consistem no plantio de espécies florestais, frutíferas diversas e culturas anuais em um mesmo terreno, beneficiando o desenvolvimento das plantações e contribuindo para a recuperação de áreas alteradas, envolvendo não só a reconstituição das características do solo, mas de todos os elementos naturais que favorecem o desenvolvimento agrícola sustentável, equilíbrio financeiro, social e ambiental, do agricultor familiar. Diante disso, reforça a importância de eventos como este, onde se tem a possibilidade da multiplicação do uso de tais sistemas cultivo da terra para todas as regiões do estado. 

Segundo Keylah Borges, gerente do Escritório Regional do Carajás (Marabá), a estratégia do intercâmbio agrícola permite a troca de conhecimento sobre cultivo do cacau em SAFs, entre produtores de regiões com condições de solos e climas diferentes. Bem como, estimula a diversificação de culturas e a sustentabilidade nas propriedades de produtores familiares.