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'Sino da Vitória' renova a esperança de pacientes oncológicos do Ophir Loyola

Desde 2019, usuários badalam sinos para festejar a cura do câncer; celebrações são marcadas por emoção, orgulho e superação

Por Governo do Pará (SECOM)
21/03/2022 17h19

Em cerimônia singela, mas repleta de significados, o protagonista da vez se revela: Edivaldo Santos de Lima. Aos 39 anos, ele compartilhou com todos os presentes no ambulatório de quimioterapia do Hospital Ophir Loyola (HOL) o sentimento de ter vencido um câncer. Diagnosticado com osteossarcoma, o locutor comercial respira aliviado antes de iniciar um discurso emocionado. Sob aplausos, ele comunica a alta definitiva e reconhece que o sino anuncia o fechamento de um ciclo para quem toca e, ao mesmo tempo, desperta e renova a esperança de todos aqueles que o ouvem.

O ritual do sino figura constantemente nos hospitais oncológicos mundo afora e, desde 2019, está presente nos corredores da Casa de Saúde. Símbolo do término do tratamento contra o câncer, o soar do instrumento se estabelece também como a partilha da emoção com a notícia da cura. As badaladas ecoam pelos corredores do hospital marcando a finalização de uma luta. Momento importante para o usuário, familiares, amigos e servidores.

“Sino da Vitória. Badale este sino com muita fé e orgulho para a todos anunciar. A vida é movida por ciclos e a cada vitória temos que comemorar. Parabéns e bem-vindo (a) à nova fase de sua vida”, afirma a poesia que acompanha o instrumento fixado na parede do setor. Lida em um coro improvisado por usuários e acompanhantes, a mensagem tornou-se, assim como o sino, sinônimo de gratidão e fé.

Natural do município de Augusto Corrêa, Edivaldo não esconde a felicidade ao saber da cura. O sorriso no rosto, os olhos marejados e a voz embargada entregam que a luta não foi fácil. “Eu estou feliz por estar vivo. Passei por um longo tratamento e, graças a Deus, eu recebi a vitória. Com a doença, passei a valorizar pequenas coisas e olhar com mais atenção para a minha saúde e alimentação. As minhas prioridades mudaram e, hoje, eu valorizo muito mais a minha vida e a minha família. Eu sou casado e pai de três meninas. Estava falando com elas pelo telefone e foi tão bom contar que eu sobrevivi. Digo isso porque meu irmão, infelizmente, não resistiu à leucemia. Essa doença fragiliza toda a família”, admite.

Ao confessar os temores, o locutor deixa um recado para quem segue lutando. “Peço para que os pacientes e as famílias não desanimem. A luta não é fácil, mas com o tempo a gente percebe que a doença pode não ser o fim, mas apenas o começo de uma nova fase nas nossas vidas. Se descobrir cedo, se fizer o tratamento como o médico diz para fazer, existe cura sim. Basta ter fé e acreditar, pois foi isso que me fortaleceu”, acredita Edivaldo.

Para o administrador da Divisão de Quimioterapia, Helson Lopes, o badalar do sino revigora os ânimos dos pacientes e também de todos os servidores. “A cada alta definitiva a gente consegue notar o fruto do trabalho que desenvolvemos com tanto amor e empenho. Nossa dedicação é para oferecer dignidade no atendimento, no tratamento e no acompanhamento dos usuários. Prestamos serviços a eles, então ouvir elogios e relatos de cura é gratificante e inspirador. O objetivo final aqui é a melhora do paciente. Seguiremos trabalhando para que tenhamos mais sinos tocando”, afirma.

Nos corredores da quimioterapia não havia quem não parasse para registrar com o celular a vitória de Edivaldo. Conduzido pela assistente social Laudilene Gonçalves, o locutor resumiu, em minutos, os sentimentos que o acompanharam por sete anos. A paciente Maria Regina Madureira manteve-se atenta. “Eu estou muito emocionada, pois estou fazendo tratamento contra o câncer de mama há um ano. Quando eu escutei o sino e o depoimento, me senti feliz com a vitória dele. Nós não podemos perder as esperanças. O exemplo dele me mostrou que é importante fazer tudo o que os médicos aconselham, seguir o tratamento e as indicações para que, no futuro, a gente possa tocar o sino também”, afirma.

Tratamento - Em 2014, Edivaldo foi diagnosticado com osteossarcoma, tipo de câncer que tem início nas células formadoras dos ossos. Inicialmente, a doença, localizada na coxa esquerda, exigiu tratamento cirúrgico. Após a retirada do membro, ele foi direcionado à oncologia clínica, onde entrou no protocolo de quimioterapia. “As sessões encerraram em 2015 e, desde então, ele ficou em seguimento oncológico, fazendo rastreios das metástases, principalmente no pulmão e no sistema nervoso central”, explica o oncologista clínico, dr. Rubem Conde.

Conde acompanhou o caso de perto e afirma que Edivaldo seguiu o protocolo estabelecido mundialmente. “O período de acompanhamento pós-tratamento, que a oncologia tem de cumprir é de, no mínimo, cinco anos. Nós fazemos esse controle e, passado esse período, julgamos a idade, a condição do paciente e se a enfermidade ou tratamento causou algum tipo de disfunção. Ao avaliar todos os exames, constatamos que não existem mais quaisquer evidências de doença ativa, ou seja, atingiu-se o critério de cura clínica e radiológica”, explana Conde.

Dentro do cenário dos tumores ósseos, os osteossarcomas são os mais comuns e acometem mais homens jovens, como foi o caso do locutor. “A medicina diagnóstica e terapêutica evoluíram muito. Hoje o risco de mortalidade pelo câncer é menor e os tratamentos oferecidos são justamente para reduzir a mortalidade. Como o Edivaldo não tinha doença metastática, era só um câncer localizado, o tratamento teve intenção curativa. Os sarcomas ósseos são agressivos, mas tivemos respostas com os tratamentos cirúrgico e quimioterápico. Infelizmente, não são todos os que conseguem a cura. Quando se trata de câncer, cada organismo responde de um jeito, ainda que sejam submetidos ao mesmo tratamento”, ressalta.

O oncologista aproveitou o momento para recomendar a realização de exames preventivos e reforçou ainda que é importante seguir com alimentação e hábitos saudáveis. “Não existe exame preventivo para tumor ósseo, mas existe para próstata, colo uterino, mama, intestino. Enfim, existem muitos tipos de cânceres que podem ser identificados ainda no início, o que aumenta as chances de cura. É por isso que nós sempre pedimos para que as pessoas façam seus exames preventivos”, conclui.

Texto: Ellyson Ramos - Ascom Hospital Ophir Loyola