Hospital Ophir Loyola adota curativo a vácuo em paciente oncológica
A técnica inovadora assegura maior conforto aos pacientes e acelera o processo de cicatrização pós-cirurgia
O Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, adotou uma nova tecnologia para tratar a cicatrização dos pacientes: o curativo a vácuo. Após passar por uma cirurgia oncológica, uma paciente da Casa de Saúde foi submetida à nova técnica, que visa proporcionar mais bem-estar e acelerar a recuperação. Utilizada em vários países, a terapia é destinada a feridas de difícil cicatrização, evitando desconfortos e diminuindo o risco de morte por infecção.
A paciente Valdirene Silva, 50 anos, foi quem estreou o equipamento, após a retirada de um tumor da mama direita, com aproximadamente seis quilos. Em consenso, a equipe avaliou o caso e decidiu, clinicamente, adotar o curativo a vácuo. Ansiosa para reencontrar o esposo e os três filhos, a dona de casa se sente animada com o tratamento. “Não sinto dor e incômodo. Estou me sentindo bem. O tratamento aqui no hospital é ótimo”, disse a paciente.Equipe do Hospital Ophir Loyola inova para proporcionar mais conforto aos pacientes
O procedimento exige conhecimento técnico de um profissional especializado, para que seja feito em pacientes internados, em atendimento ambulatorial ou domiciliar. Cada caso é avaliado, e cabe à equipe médica decidir se o recurso pode ser utilizado. A troca do curativo é indolor, mas cuidados devem ser tomados para que seja sem traumas, como no caso de Valdirene. “A equipe médica tem a intenção de reconstruir a mama. Então, o curativo a vácuo vai ajudar a fechar o ferimento mais rápido e, quanto mais cedo tivermos a pele saudável, tão logo será possível fazer a cirurgia reconstrutora”, adiantou o especialista em tratamento de estomias, feridas agudas e crônicas e incontinências do HOL, Marcelo Mendes.
Inovação - Reconhecida pela medicina especializada, a técnica recém-adotada no Hospital Ophir Loyola controla a graduação e a frequência do vácuo a ser utilizado. É aconselhada principalmente para o tratamento de feridas complexas, como lesões e extensas e profundas, de difícil cicatrização.
“A terapia por pressão negativa é considerada a tecnologia mais moderna no mundo para a utilização no processo de cicatrização de feridas e pode reduzir em até 80% o tempo de cicatrização do paciente. A convite do cirurgião plástico do HOL, dr. Mateus Pantoja, fiz a instalação do curativo no transoperatório, ainda dentro da sala de cirurgia. Estamos inovando, pois é o primeiro hospital público do Estado a usar este tipo de curativo para uma paciente oncológica”, relatou Marcelo Mendes, informando que a paciente segue em recuperação e já fez a primeira troca de medicamentos na manhã da última sexta-feira (11).
Diferente do curativo convencional, a Terapia por Pressão Negativa dispensa o uso de alguns materiais já conhecidos na enfermagem. Pomadas, soluções, esparadrapos ou ataduras dão lugar a uma bomba de sucção, que faz a aplicação de vácuo. A pressão é associada a uma espuma e a um filme protetor, que cobre o ferimento e é ajustado ao tamanho e à profundidade da lesão.
“O curativo a vácuo é melhor que o curativo comum, pois possibilita menor tempo de internação hospitalar e de recuperação, já que ele acelera a cicatrização a partir da estimulação da granulação e do processo cicatricial da ferida que ficou aberta. Além disso, ele é um ótimo auxiliar no tratamento de ferimentos com infecções extensas”, explicou o cirurgião plástico Mateus Pantoja.
Vantagens - Dentre os benefícios já conhecidos da pressão negativa está a remoção do excesso de exsudato, uma espécie de fluido que contém células, tecidos mortos, microrganismos e outros componentes que podem prolongar a inflamação, causar inchaços e dificultar a cicatrização. Ao remover o líquido em excesso, o curativo a vácuo exerce controle microbiológico e reduz a necessidade de troca frequentes, como na prática tradicional, que necessita de atenção e manutenção diárias.
“No método, é aplicado no leito da ferida (área com dano cutâneo ou tecidual) um curativo que lembra uma esponja, vedada com um filme transparente e conectada a uma máquina que vai fazer a função de vácuo. O equipamento suga toda a secreção que, por sua vez, é armazenada em um reservatório apropriado para o descarte. A troca é realizada, em média, a cada três ou sete dias, garantindo maior conforto aos nossos pacientes. Ao não trocar diariamente, a ferida cicatriza mais rápido, diminuindo a dor e o risco de infecção”, informou Marcelo Mendes.
Para os especialistas, o método tem uma resposta mais rápida, segura e eficaz. Apesar de simples, o procedimento exige conhecimento técnico. De maneira prévia, a instalação do curativo pode ser feita por enfermeiros especialistas em estomaterapia ou em dermatologia, áreas voltadas para tratamentos de feridas. Contudo, outros profissionais habilitados deverão fazer uso do equipamento após qualificação.
O curativo a vácuo também contribui para a redução da demanda do setor de enfermagem e ampliação do conforto ao paciente, que muitas vezes depende exclusivamente do método para a total recuperação da lesão. Quando a lesão tumoral é muito grande, o paciente já chega à cirurgia debilitado.
Conforme o cirurgião plástico, o “curativo proporciona a diminuição do defeito e uma compensação para o paciente, para que ele seja abordado para a realização de reconstrução depois de algumas semanas. Muitas vezes, só é possível fechar grandes ferimentos com o uso do curativo a vácuo”, esclareceu Mateus Pantoja.
Com o aumento do número de procedimentos, a expectativa é que haja ainda a liberação de leitos para novos egressos. "Pretendemos realizar entre 15 a 20 curativos a vácuos ao mês no HOL. Se a gente pensar que hoje a terapia inovadora otimiza o tempo de cicatrização, é um benefício enorme. Afinal, uma ferida que demoraria dez semanas para ficar boa, pode sarar em apenas duas com essa técnica. Além de reduzir o custo com profissionais e materiais usados no curativo comum, há diminuição no tempo de permanência no hospital, liberando leitos de UTI", pontuou Marcelo Mendes.
Humanização - Para a diretora-geral do HOL, Ivete Vaz, outro ponto essencial da técnica é olhar o paciente com mais carinho e devolvê-lo saudável ao ambiente familiar o mais rápido possível. “Investir em técnicas para diminuir dores, desconfortos ou mal-estar dos pacientes é prioridade da nova gestão. Não mediremos esforços para oferecer novos recursos que melhorem a assistência dos nossos pacientes. Ao acelerar o processo de recuperação e desospitalização, promovemos a ampliação do número de internações. Até nesse ponto avançamos”, afirmou a gestora.
A diretora também reforçou que a adoção do método busca atentar para a autoestima dos enfermos. “O curativo a vácuo contribui para uma cicatrização mais aceita, e a gente sabe que isso impacta na autoimagem, na autoestima do paciente. Visamos entregar o melhor a todos, sem distinção, para que se recuperem logo e que mais pessoas possam ser atendidas com celeridade”, ressaltou.
"Muita gente pensa que a atenção ao paciente oncológico se limita a cuidados paliativos. Contudo, no HOL, a tecnologia foi implementada sem dificuldades. A primeira paciente, por exemplo, passou pelo procedimento por uma questão de limpeza, de conforto e para melhorar a qualidade de vida. Por ser uma tecnologia muito cara, muitos lugares poderiam não indicar. Mas aqui realizamos. Um cuidado especializado para entregar sempre o melhor ao paciente”, afirmou Ivete Vaz.
Texto: Ellyson Ramos/ Ascom Ophir Loyola