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Libras amplia acesso de deficiente auditivo ao Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação

Por Redação - Agência PA (SECOM)
18/11/2018 00h00

Todos os tipos de deficiência – auditiva, visual, física, mental e intelectual – são prioridades no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), inaugurado pelo Governo do Pará em maio deste ano, em Belém. Mais que um espaço adequado, o Centro oferece atendimento diferenciado para usuários com deficiência auditiva. Médicos, recepcionistas e funcionários fazem capacitação em Libras (Língua Brasileira de Sinais) para permitir que o acesso seja, desde a entrada, compatível com as necessidades dos usuários.

O intérprete Rogério Dias Moreira conta que o objetivo é garantir atendimento com excelência em inclusão, por isso os funcionários são capacitados para atender os deficientes auditivos da forma como estes se comunicam. “A aquisição da linguagem em Libras é importante para a comunicação do nosso usuário surdo. Por ser a minha área, procuro fazer a aquisição da língua com todos os colaboradores, para que esses usuários sejam bem recebidos desde o portão até a sala de atendimento do Centro”, ressalta.

Além das aulas oferecidas de segunda a sexta-feira com Rogério Moreira, pela manhã e à tarde, os funcionários do CIIR aprendem Libras com a professora Rosa Maria Rodrigues Diniz, cedida pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), por meio de parceria. O curso, que começou em maio deste ano, terá duração de um ano e meio, e ao final todos receberão certificado. “O restante das aulas fica por minha conta, para que não percam o interesse e consigam abranger mais o conhecimento da língua”, informa o intérprete.

Causas da surdez - Segundo o otorrinolaringologista Murilo Lobato, que atende no CIIR, a principal causa da perda auditiva é a idade, normalmente ocorrendo a partir dos 40 anos, mas o número de jovens com a deficiência é cada vez maior. Os sinais podem ser diversos, mas o mais comum é perceber que não está escutando ou ouvir sons e não compreendê-los.

“O normal é o envelhecimento do nervo da audição, que chamamos de presbiacusia, mas as pessoas acabam achando que têm que procurar um médico quando estão surdas. Os sintomas são vários, inclusive barulho no ouvido e o telefone ter um som maior de um lado do que do outro”, explica o médico.

Ao chegar ao CIIR, o paciente com deficiência auditiva faz vários exames, como o básico de audiometria; exames eletrofisiológicos ou o teste Bera – mais conhecido como teste da orelhinha. O Centro, que possui tecnologia de ponta, está preparado para fazer diversos outros procedimentos, e conta com uma equipe multiprofissional, com fonoaudiólogos para auxiliar na adaptação dos pacientes.

Campanha - “O paciente é acolhido, depois é feito o atendimento e o diagnóstico. Aqui nós conseguimos fazer prótese, também. Mas o que estamos chamando a atenção agora é que novembro tem a Campanha Mundial de Combate à Surdez. O paciente que sente dificuldades de audição tem que nos procurar, mesmo quem não tenha sido anteriormente diagnosticado. Basta trazer RG, comprovante de residência e cartão do SUS (Sistema Único de Saúde). O acesso comum é via posto de saúde, mas estaremos recebendo esse mês inteiro aqui”, afirma Murilo Lobato.

A gerente assistencial do Centro, Paola Reys, reforça a importância de as pessoas procurarem o serviço no CIIR. “É importante trabalhar a conscientização da população, para que elas cheguem até o serviço de reabilitação. Aqui, a estrutura é de primeiro mundo, o tratamento, o atendimento. As pessoas têm que saber que o serviço existe”, frisa a gerente.

Paola Reys lembra ainda que, muitas vezes, a pessoa com deficiência auditiva não acompanha as atividades na escola ou no trabalho, justamente por não conseguir compreender os diálogos. “A pessoa primeiro detecta o problema para fazer o acompanhamento e depois ser inserida. Isso é qualidade de vida”, diz ela.

Rapidez - Katiuscia Furtado, 35 anos, cuida do filho em tempo integral. Kenzo, 09 anos, foi diagnosticado com o espectro do autismo. No CIIR, o menino já foi atendido pela assistente social, passou por triagem médica, nutricionista e agora foi examinado pelo otorrino. Todo esse processo, segundo a mãe da criança, ocorreu em menos de 15 dias.

“Está sendo muito importante encontrar em um só espaço a ajuda de todos esses profissionais, principalmente porque ele é autista, e tem um limite de espera, é hiperativo. Ele é operado de adenoide e amígdala, e agora estamos verificando como está a audição. Logo depois vamos para a terapia. É muito bom saber que podemos fazer exames mais aprofundados aqui”, ressalta Katiuscia Furtado.

Inclusão - Criada pela Lei nº 10.436/2002, a Língua Brasileira de Sinais visa eliminar barreiras e proporcionar maior inclusão especialmente aos deficientes auditivos, que atualmente somam 9,8 milhões de pessoas, o que representa 5,2% da população brasileira. Deste total, 2,6 milhões são surdos e 7,2 milhões apresentam grande dificuldade para ouvir, segundo pesquisa do IBGE feita em 2010.

A aposentada Ivone Assunção de Andrade, deficiente auditiva, destaca o diferencial ao receber assistência em um local totalmente inclusivo. “Para quem tem deficiência auditiva é muito importante que todos aqui saibam a Língua de Sinais. Nos sentimos incluídos e livres para interagir com todos e com o ambiente onde estamos sendo atendidos. Isso é maravilhoso!”, diz ela em Libras, em conversa com o auxiliar administrativo Ednelson da Silva Ladislau, do Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU), que estuda Libras no CIIR e faz reforço externo, pois pretende se tornar intérprete.

Segundo Rosa Maria Rodrigues Diniz, o aprendizado em Libras contribui para eliminar barreiras de comunicação entre as pessoas. “Você aprende a pensar não só verbalmente, mas também visualmente e com mais rapidez. Em Libras é possível ter uma grande liberdade de expressão. É por meio dela que milhares de pessoas com deficiência auditiva e de fala conseguem se comunicar”, ressalta a especialista.

Para ela, os impactos são 100% positivos no atendimento. “Essa relação entre usuário surdo e colaborador com o uso de Libras garante mais êxito nos atendimentos clínico-hospitalar e nos diversos contextos sociais”, acrescenta.

É nesse cenário de inclusão integral que o diretor executivo do CIIR, José Neto, ressalta a importância de garantir a comunicação entre funcionários e usuários com surdez para manter um atendimento ético, seguro e humanizado. “O CIIR é 100% pautado na assistência à pessoa com deficiência. Aqui é um ambiente inclusivo para atender, orientar, instruir e conversar com nossos usuários com deficiência auditiva”, informa.

Atendimento - O CIIR dispõe de diversas especialidades, tecnologias e estrutura de última geração, destinadas totalmente aos usuários do SUS. Os interessados podem ter acesso aos serviços por meio de encaminhamento das unidades de Saúde, acolhido pela Central de Regulação de cada município, que encaminha à Regulação Estadual, onde o pedido é analisado conforme o perfil do usuário pelo Sistema de Regulação (Sisreg).

A direção ressalta que – afora eventos especiais, como o atendimento com otorrino oferecido em novembro - não há atendimento espontâneo ou qualquer tipo de inscrição ou cadastramento no CIIR. (Colaboração de Vera Rojas).

Serviço: O Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação funciona na Rodovia Arthur Bernardes, 1000, em Belém. Mais informações: (91) 4042-2157/58/59.