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Deficientes visuais têm acesso à vivência e ao conhecimento em espaço da Biblioteca Arthur Vianna

A seção Braille também oferece vários serviços, como inscrições em concursos, cursos e vestibulares, e oficinas em Libras Tátil

Por Carol Menezes (SECOM)
13/12/2021 21h47

Pedro Neto conta com o apoio de equipamento que permite leitura em brailleCriada há 47 anos, a seção Braille da Biblioteca Pública Arthur Vianna, da Fundação Cultural do Pará (FCP), atravessa décadas como um espaço de referência para deficientes visuais - não apenas por proporcionar um ambiente de ampliação de conhecimento, mas por ser um espaço de convivência, de troca de experiências e de prestação de serviços essenciais.

Digitalização de textos com acesso por meio de computadores, via Sistema Dosvox (sistema computacional baseado no uso intensivo da síntese de voz), impressões em Braille e negro, envio de textos digitalizados para o e-mail dos usuários, escaneamentos e cotejamentos, formatação de textos em geral, consulta local ao acervo bibliográfico e multimídia, realização de inscrições em concursos, cursos e vestibulares e outros, além de acesso e preenchimento de formulários e cadastros, pesquisas rápidas que não podem ser feitas pelo Dosvox e verificação de notas e aprovações (Enem, Sisu, concursos) são apenas alguns dos serviços disponíveis para o público, gratuitamente. Desde o ano passado, o espaço oferta oficinas em Libras Tátil (Língua Brasileira de Sinais), para facilitar a comunicação entre deficientes visuais e auditivos.Biblioteca Pública Arthur Vianna promove inclusão e difusão de conhecimento no espaço Braille

O autônomo Laurissandro Pontes, 42 anos, começou a frequentar a Biblioteca em 2005, por necessidade de aprender a ler em Braille, mas o local se tornou um ponto de encontro. "Venho quase todo dia. É importante porque, além do apoio da Fundação, convivo com outras pessoas que também são deficientes visuais. Tem os programas nos computadores adaptados etc.", relata.

Ponte para inclusão - Pedro Neto é bibliotecário na seção Braille desde 1997, e como deficiente visual acaba sendo servidor e usuário. Ele conhece bem o acervo de mais de mil títulos, entre obras em Braille, livros falados e outras plataformas. "O Braille é a ponte entre o cego e o acervo da Biblioteca. Inclusive, nós recebemos livros impressos em tinta e preparamos para a leitura no idioma tátil. Com certeza, temos o maior acervo e a estrutura mais preparada para atender a esse público", afirma.

O servidor conta que o trabalho e a convivência com os visitantes trazem ganhos para todos. "Estamos sempre aqui trocando ideias. Isso facilita demais a vida. Para quem não pode enxergar ou tem visibilidade reduzida, não há muitas opções na vida diária. Então, tem quem vem para cá usar o computador, ler ou só conversar e trocar experiências com outros usuários", conta Pedro Neto.

Thaiane Martins é deficiente visualPor causa da pandemia de Covid-19, a seção Braille ficou sem receber presencialmente seus frequentadores entre março de 2020 e agosto deste ano.

A jornalista Thaiane Martins, 27 anos, sempre vai ao espaço na FCP levando materiais físicos para serem transcritos em Braille. "O espaço é muito bom, até para nossa interação, seja entre pessoas com baixa visão, seja com cegos. Conheço pais que nunca trouxeram seus filhos aqui, e aí fica dentro de casa ou na escola, quando se tem um lugar tão importante e que permite esse convívio", ressalta.

Nova ferramenta - Socorro Baia, que coordena a Biblioteca Pública Arthur Vianna, conta que, em 2022, os deficientes visuais contarão com uma moderníssima ferramenta no espaço. Aliás, uma não; 12. A administração está comprando uma dúzia de OrCam MyEye, um dispositivo portátil de visão artificial que permite a pessoas com deficiência visual compreender texto e identificar objetos por meio de feedback de áudio, descrevendo o que não conseguem ver.

"Temos um diferencial, que é a prestação de serviço e a possibilidade de convivência. Há quem venha todos os dias. Junto à distribuidora de energia, realizamos as impressões em Braille das contas de luz. Quando há exposições no Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e no Museu do Estado do Pará (MEP) é aqui que são feitas as legendas para deficientes visuais. Iniciamos as oficinas de Libras Tátil, algo que não é feito em outro local público, e nossa intenção é, em breve, contar com mais profissionais para que possamos tornar esse local ainda mais inclusivo", adianta a gestora.