Semas defende a rastreabilidade da produção para o fortalecimento do mercado agropecuário
A proposição foi apresentada nesta sexta-feira (3) pelo secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O'de Almeida, em conferência online
O secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Mauro O'de Almeida, defendeu durante conferência online, na manhã desta sexta-feira (3), a importância da confiabilidade em uma origem ambientalmente sustentável da produção agropecuária brasileira em um momento em que o Brasil busca, junto com demais países da região, a ratificação do acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia.
"A transparência da cadeia produtiva é fundamental para a garantir a confiança do mercado externo no produto agropecuário do mercado brasileiro", afirmou o titular da Semas no webinar “Diálogo sobre a sustentabilidade e a rastreabilidade da cadeia da carne bovina e do couro”. O evento foi organizado pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa, por meio do Programa Al Invest Verde, e pelo IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
O evento contou com participação de diversos especialistas do setor produtivo que debateram iniciativas voltadas para sustentabilidade e rastreabilidade das cadeias de valor da carne bovina e do couro no Brasil, com foco em cadeias de suprimentos para a União Europeia.
"Se nós estamos aqui nesse seminário falando de rastreabilidade da pecuária para União Europeia, com apoio da União Europeia, em um momento em que se discute a retomada ou não do acordo do Mercosul com a União Europeia, sendo o Brasil o maior exportador de carne neste contexto, é necessário então, é importante que a gente dê essa transparência, para que nós tenhamos confiabilidade em nosso comércio, em nosso mercado. Este é o ganho mais importante do SeloVerde, que é dar confiabilidade ao nosso mercado", completou Mauro O'de Almeida, se referindo à plataforma de rastreabilidade de produtos agropecuários lançada pelo governo paraense.
Em sua participação, o secretário de Meio Ambiente do Pará destacou o SeloVerde como uma iniciativa fundamental para garantir a rastreabilidade do setor agropecuário do estado. Segundo Mauro, logo no início de sua implementação, a ferramenta foi responsável em revelar um importante dado sobre a cadeia produtiva local, de que a degradação ambiental no estado é fruto da ação irregular de uma minoria de produtores rurais.
"Hoje se discute muito sobre crédito carbono, mas a gente tem que fazer a legislação funcionar. O ciclo de legislação do cadastro ambiental rural ainda não terminou e é preciso que a gente faça este ciclo terminar. Quando a gente lançou a plataforma do SeloVerde descobrimos que 80% dos produtores rurais não têm desmatamento pós 2008. Do restante dos 20%, só 2%, ou seja, 5 mil propriedades são responsáveis por mais de 50% do desmatamento do estado. A plataforma de rastreabilidade é um instrumento importantíssimo para dar sobretudo transparência para a cadeia produtiva", declarou ele.
O titular da Semas defende uma integração entre diversas ferramentas de certificação de origem, em prol de um sistema único e integrado de rastreabilidade da cadeia produtiva. "Com o Selo Verde, o estado do Pará se antecipou à demanda que agora é corrente, com todos os acordos feitos na COP (a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em novembro na cidade de Glasgow, na Escócia), entre China, Estados Unidos e a União Europeia, com a possibilidade de se aplicar sanções ao Brasil, nos antecipamos ao oferecer uma plataforma pública, gratuita e de transparência. Mas a gente não quer ser uma plataforma exclusiva. A gente não quer que o estado do Pará seja sozinho um elemento de transparência. O que nós queremos é que haja interação entre todas essas iniciativas integradas, setoriais, que essas plataformas todas conversem, para que a gente possa dar uma certificação geral. Eu tenho a opinião de que no Brasil, apesar das certificações privadas serem bastante utilizadas, nós temos uma tradição de certificação pública, como as certificações de vigilância sanitária. A gente precisa dar uma certificação pública ou uma interação das certificações que se faz no mercado privado, para que a gente possa ter um selo público, com a força do poder público nessa caminhada."
Entre demais participantes do debate, Mauro Lúcio, pecuarista do município de Paragominas, no Pará, falou sobre a perspectiva do produtor rural em relação à transparência na produção. Liège Vergili, diretora de sustentabilidade da Friboi/JBS, abordou os desafios que o setor privado encontra para a produção sustentável de carne bovina no Brasil.
O evento ainda contou com a participação de Ivens Domingos, gerente sênior de sustentabilidade da Durli Couros, falou sobre estratégias de sustentabilidade na produção de couro no Brasil. Já Lisando Inakake, coodenador de projetos do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), abordou as iniciativas de rastreabilidade no Brasil.
Por sua vez, Maria Teresa Pisani, diretora de Assuntos Econômicos da Divisão de Cooperação Econômica e Comércio Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa (Unece) e Andrea Redaelli, Especialista em Soluções de Blockchain da Unece debateram o Sistema Unece/ITC de blockchain para o setor do couro.