No Pará, violência doméstica é foco de ações educacionais e de saúde
Sespa e Seduc desenvolvem iniciativas integradas em diferentes espaços para efetivar as ações previstas pela campanha "16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres"
Dentro da campanha "16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres", a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) desenvolve iniciativas de assistência às vítimas de violência doméstica, enquanto que a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) promove ações no ambiente escolar para combater a cultura do machismo no presente e no futuro.
A violência doméstica é um dos crimes que não escolhe segmento para ocorrer: está presente em lares de pessoas com alto e baixo poder aquisitivo, independente da escolaridade e outras questões sociais.
No âmbito da saúde, conforme explica Nicolli Vieira, coordenadora estadual de Saúde da Mulher da Sespa, o desafio é notificar as ocorrências. “Nós trabalhamos o eixo de atenção à mulher vítima de violência. Porém, nosso maior foco é na sensibilização dos estabelecimentos de saúde, como a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), unidades básicas e hospitais para notificarem a violência no sistema de informação a fim de qualificar os dados epidemiológicos para fundamentar ações, pois conseguimos enxergar onde ocorrem e quais os principais casos de violência que ocorrem. Ainda há muitas subnotificações. Muitos profissionais não querem se comprometer e preferem não notificar”, pondera Nicolli.
A Sespa realiza monitoramento e orientação nos municípios sobre a notificação compulsória da violência contra a mulher e assessora quanto ao fluxo de atendimento dessas mulheres para garantir o atendimento humanizado.
“Já nas ações do Programa Territórios pela Paz (TerPaz), além das consultas e exames especializados oferecidos, nós levamos educação em saúde, em que podemos ter o contato direto com a comunidade e realizar orientações sobre os tipos de violência, onde procurar ajuda, qual a rede de assistência e cuidado, além de outras questões de saúde da mulher, considerando a política de atenção integral a saúde da mulher”, acrescenta a coordenadora.
Educação
No aspecto educacional, a Seduc também realiza ações para modificar essa realidade nos municípios. Com o avanço da legislação com orientação para levar as discussões sobre a lei Maria da Penha e a do Empoderamento Feminino nas escolas, abre-se oportunidade de debater com meninos e meninas sobre o impacto do machismo na sociedade.
“O nosso trabalho perpassa fortalecendo o conhecimento dos profissionais da educação para que possam fomentar o planejamento pedagógico e desenvolver ações que possam tranversalizar pelo ensino dentro do seu assunto. As diversas violências que a mulher sofre dentro da escola dentro de um cunho preventivo”, explica Giovana Costa, coordenadora de Ações Educacionais Complementares (CAEC) da Seduc.
Cada escola tem a total liberdade de produzir o material e aplicar oficinas, produção textual, teatro, cordel como resultado de um trabalho prévio com os estudantes e depois eles socializam a produção. Algumas escolas levam profissionais, técnicos da Seduc, e parceiros no Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, por exemplo.
Para Giovana, o interessante é perceber que a discussão não fica somente na esfera gênero feminino. “Todos se envolvem, principalmente os meninos, que também têm seus valores e que vão somar com os demais. É a cultura de paz que temos como essência, os valores precisam ser cultivados e multiplicados como respeito, cuidado e solidariedade. Valorizar o ser na sua integridade, mas para isso precisa cuidar e ser cuidado, respeitar e ser respeitado”, afirma.
A partir de 2016 esse trabalho foi mais intensificado. “Com as legislações estaduais se tornou obrigatório, como a Lei Maria da Penha Vai à Escola e a Lei do Empoderamento Feminino voltada para todo o sistema estadual de ensino (estadual, municipal e particular). A Seduc participou da revisão do Plano Estadual dos Direitos da Mulher, na Conferência Estadual da Mulher que encerrou ontem no Centur”, acrescenta Giovana.