Hospital Público Galileu já realizou 580 atendimentos na Gameterapia, em 2021
Técnica reduz em até três dias o período de internação e os custos hospitalares na unidade do governo do Estado, referência em traumas ortopédicos
Paciente acompanhado em sessão de Gameterapia, no GalileuO que para muitos parece diversão, no Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), é tratamento. Após cinco anos de implantação do projeto, a unidade, referência do Governo do Estado em traumas ortopédicos, de janeiro a outubro deste ano, atingiu a marca de 580 sessões de Gameterapia.
A técnica utiliza jogos de videogame e simula partidas de futebol, tênis e surfe, como recursos fisioterapêuticos. De acordo com os médicos, a técnica aumenta as chances de recuperação, mesmo em casos de fraturas mais graves. Quem passa pelo programa, também volta para casa mais cedo. É que a média do tempo de hospitalização dos pacientes, reduz em até três dias.
O recurso terapêutico, que para muitas pessoas ainda é desconhecido, nasceu há mais de duas décadas no Canadá, como forma de tratar problemas emocionais e físicos de pacientes internados por longos períodos.
No Pará, a técnica que adapta os métodos tradicionais da fisioterapia aos recursos lúdicos, ganhou reconhecimento e visibilidade, em 2015, no tratamento de pessoas que sofreram traumas ortopédicos, causados por acidentes, sobretudo, os de trânsito.
A resposta à terapia passou a ser tão eficaz, que atualmente, é usada em todos os pacientes do Galileu com fraqueza muscular, inclusive, os que estão nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).
Recuperação - O militar Felipe Dias, de 20 anos, ficou hospitalizado na unidade durante 15 dias, período que passou por várias sessões da Gameterapia, técnica que o ajudou na reabilitação até sua alta. "Moro na Aguas Lindas, em Ananindeua, fui internado no Galileu, após um acidente que sofri de moto. Acho a Gameterapia uma forma do paciente esquecer o trauma que ele passou e uma maneira muito eficiente de tratar as lesões", comentou.
Quem também aprovou as sessões como forma de amenizar a dor durante o tratamento, foi o representante comercial, Wiliames Gomes, 43 anos. "Sofri um acidente de moto. E há 50 dias estou no Galileu e o que me surpreendeu, foi a fisioterapia muito moderna, algo que eu nunca tinha visto até chegar aqui. Muito bom, é interessante. Estou gostando e aprovando essa técnica", parabenizou.
Tratamento - Mesmo em casos de fraturas graves, as chances de recuperação total aumentam após a fisioterapia, que na unidade, é associada também aos jogos eletrônicos. “Usamos a Gameterapia para aumentar a adesão do paciente ao tratamento. O recurso dos jogos serve para realizar o tratamento específico de membros superiores, inferiores e tronco, diferindo dos métodos convencionais apenas pelo fato de ser um maior estímulo para o paciente, tornando as sessões mais divertidas e tirando o foco das dores”, explicou Paulo Vitor da Nóbrega, responsável técnico da fisioterapia do Galileu.
O especialista lembra que a unidade se inspirou em um projeto do eixo sul do Brasil. “Quando começou aqui no Estado, foi seguido um modelo de tratamento realizado em hospitais de Curitiba. Deu certo! Então, decidimos replicar o projeto”, contou Paulo Vitor. No Galileu, a conduta da Gameterapia é realizada pela fisioterapia, no entanto, toda a equipe multidisciplinar também participa na indicação de pacientes como forma de beneficiar o tratamento. “Geralmente temos mais adesão em pacientes com traumas ortopédicos, para evitar as sequelas do imobilismo devido a longa permanência, pacientes cardíacos e na UTI”, completou o responsável técnico.
Reconhecimento - Ano passado, o projeto pioneiro no Brasil, foi um dos destaques da unidade para manter a certificação Nível 3, da Organização Nacional de Acreditação (ONA), acreditado com Excelência. “A Gameterapia está dentro de um portfólio de terapias da fisioterapia, sendo a mais inovadora. Hoje temos além dos atendimentos tradicionais, a Gameterapia, onde conseguimos ter uma melhor adesão ao atendimento fisioterápico, porque é mais lúdico, inserindo o paciente no contexto do jogo e isso faz com que ele tenha maior adesão às sessões”, ressaltou Lucas Geralde, diretor Técnico do Galileu.
O médico também destaca a técnica como forma de reduzir o sofrimento. “As sessões muitas que muitas vezes são dolorosas e causam desconforto, porém quando você tem algo agregado ou associado que distrai o paciente e faz com que ele tenha melhor adesão, resulta em melhores resultados. É uma ferramenta a mais que o hospital oferta para atender o paciente na sua integralidade”, acrescentou Lucas Geralde.
Perspectiva - Administrado pelo Instituto Social e Ambiental da Amazônia- ISSAA, o serviço tende expandir. “O projeto conta com a média de 20 sessões ao mês. Ele se tornou referência por ter custos baixos e resolutividade 100% satisfatória. O investimento feito com a tecnologia, reduz cerca de três dias de hospitalização, o que é fantástico para o paciente e para o custeio dele feito pelo Governo do Estado. Nossa expectativa é que mais projetos como estes venham ser aplicados no Galileu, como forma de prestar um atendimento humanizado e diferenciado aos nossos usuários”, ponderou Alexandre Reis, diretor executivo do Galileu.
Para o secretário de Saúde do Estado, Rômulo Rodovalho, a inserção de mecanismos de entretenimento na medicina moderna é um caminho cercado de propostas de crescimento. “A ferramenta, sem dúvida, traz um crescimento promissor para a saúde pública. Além de reduzir custos com tempo de hospitalização, ele tem como principal finalidade, ampliar o envolvimento dos pacientes e ajudar na recuperação mais rápida e menos dolorosa. Ao longo das 1.500 sessões, o Galileu já proporcionou muitas comemorações”, destacou o titular da pasta.
Conheça os benefícios da Gameterapia
- Incentiva as atividades cerebral, através da interação com os jogos de videogame
- Facilita a adaptação de crianças ao tratamento médico
-Torna a sessão de fisioterapia mais dinâmica e estimulante
- Reduz os custos gerais do tratamento
- Une entretenimento e cuidado com a saúde
-Traz bons resultados em pacientes com dano cerebral
- Tira o foco da dor
- Melhora o equilíbrio
- Diminui a ocorrência de depressão nos pacientes
- Amplia as alternativas de recuperação do paciente.
*Texto de Roberta Paraense