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Câncer de pênis: homens buscam atendimento quase um ano após o aparecimento da lesão

A demora na busca do atendimento desde o início dos primeiros sintomas (lesão, mudanças na pele, alterações da cor, nódulo), contribui para agravar o prognóstico

Por Governo do Pará (SECOM)
19/11/2021 16h46

Considerado raro em países desenvolvidos, o câncer de pênis tem incidência significativa nos estados do Pará e Maranhão. A ocorrência é maior na população com menor condição socioeconômica e nível de instrução, em que os cuidados de higiene pessoal deixam a desejar. E durante a campanha Novembro Azul, com o objetivo de conscientizar a população masculina, o Hospital Ophir Loyola, referência em oncologia, destaca a importância da higiene íntima para a prevenção, já que o tratamento sempre vai deixar sequelas: a perda parcial ou total do pênis.

O Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que mesmo sendo menos frequente em relação a outros tumores, o câncer de pênis representa cerca de 2% de todos os casos de neoplasias malignas diagnosticadas entre os homens, sendo mais frequentes nas regiões Norte e Nordeste, principalmente entre homens a partir de 50 anos e de menor grau de instrução e renda.A campanha Novembro Azul também conscientiza os homens sobre a prevenção de outros cânceres

Em Belém, o Centro de Alta Complexidade em Oncologia do HOL atendeu 72 pacientes com neoplasia maligna de pênis até o mês de outubro deste ano. A maioria dos pacientes são agricultores e têm baixo acesso à educação.

Segundo o urologista do HOL, Frederico Andrade, muitos dos casos da doença poderiam ser evitados apenas com cuidados básicos com a higiene íntima. O descuido com a limpeza do órgão sexual masculino é identificado como o principal fator de risco.  

A medida barata e prática de prevenção é a lavagem local com água e sabonete, ou seja, é plenamente prevenível. “Precisamos melhorar o sistema de educação, a higiene pessoal é um cuidado que devemos ter a vida inteira. Outro fator que ajuda a evitar é a cirurgia de postectomia, ou seja, a retirada da fimose, pois a presença dela pode aumentar o risco de surgimento de lesões e dificultar a lavagem adequada da glande”, orienta o urologista.

Segundo Frederico, o sintoma mais comum é aparecimento de uma lesão no pênis que não cicatriza, não cura. Contudo o paciente procura o médico, em média, quase um ano após o aparecimento da lesão. “Isso piora o prognóstico, a demora na busca do atendimento desde o início da lesão para que seja feito o diagnóstico”, ressalta.

Outros sinais que podem indicar a doença são mudanças na pele, área mais grossa, alteração da cor, nódulo, crescimento de manchas, entre outros. “A maioria dos pacientes passam pomadas ou ervas, como é de costume em nossa região, quando percebem que não há solução, procuram o médico em um estágio avançado”, explica Frederico.

O tratamento depende da extensão do tumor e muitos desses pacientes vão precisar de uma linfadenectomia inguinal pélvica e inguinal (retirada dos lifonodos nessas áreas). E ocorre com a retirada da lesão que, geralmente, traz alguma mutilação. “Quando afeta só o prepúcio é parcial, não muda muito o aspecto. Mas a partir do momento que acomete a glande, onde é mais comum, pode ser necessária a retirada de toda a glande e mantém-se a haste peniana ou retira-se uma parte do pênis fazendo uma amputação parcial. Em situações muito mais graves compromete toda a haste peniana e é necessário fazer uma amputação total”, lamenta o especialista.

O diagnóstico é feito por meio do exame físico, visual, e retirada de um fragmento para a realização da biópsia para que o material seja encaminhado e avaliado.  O paciente que perdeu a haste peniana e corpos cavernosos ( tecidos erétil localizados na parte dorsal do pênis) não tem possibilidade de ter uma reconstrução peniana, os resultados seriam frustrantes. 

“A alteração da autoimagem corporal traz impactos muito graves, por isso obter o diagnóstico o mais rápido possível, ajuda a evitar a propagação da doença e a amputação completa dos órgão, o que pode levar a sequelas físicas, além de consequências psicológicas e sexuais,”, ressaltou o urologista.  

*Texto de Viviane Nogueira