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Governo entrega em Icoaraci antiga Estação Ferroviária completamente restaurada

Por Redação - Agência PA (SECOM)
26/12/2018 00h00

O Governo do Pará entregou nesta quarta-feira, 26, o prédio restaurado da antiga Estação de Trem de Icoaraci. A entrega foi feita pelo governador Simão Jatene. “Estamos recuperando um pedaço importante da história de Belém, de todo o Pará”, disse o governador.

Após cinco meses de reforma, a antiga Estação Ferroviária de São João de Pinheiro, atual Icoaraci, foi entregue totalmente restaurada. Há pelo menos 35 anos, o espaço era ocupado pela Cooperativa de Artesãos de Icoaraci (Coarti) e agora vai servir para comercialização e exposição de artesanato, além de espaço para eventos culturais. “Será um espaço multiuso, para manifestações culturais, manifestações sociais e, claro, para a comercialização de artesanato, que é o carro-chefe de Icoaraci”, disse o secretário de estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), Hildegardo Nunes.

O restauro e conservação da estação foi realizado pela Companhia Paraense de Refrigerantes (Compar), após assinatura de uma resolução junto à Sedeme. O custo da obra foi de R$1,7 milhão. Levy Cardoso, da Federação dos Artesãos Associados e Cooperados do Estado do Pará, comemorou o novo espaço. Para ele, “é importante e necessário um espaço onde seja trabalhada não somente a exposição mas a valorização do artesanato de Icoaraci, fortalecendo a comercialização, atraindo turismo, emprego e renda”.

“Esse espaço será de celebração da cultura”, disse o governador Simão Jatene. “Artesãos, que trabalham diariamente, com muito suor e talento, transformando argila bruta em arte, tem agora um espaço digno onde poderão expor a beleza do artesanato marajoara e, além deles, setores da sociedade ligados a outros tipos de arte, como a dança e a música, também poderão ocupar o espaço, atraindo visitantes, turistas e engrandecendo a arte do Pará”, concluiu o governador.

História

A antiga estação de trem era o último ramal da Estrada de Ferro Belém-Bragança, que tinha 294 Km e funcionou de 1906 a 1964. O Ramal do Pinheiro tinha 27 Km de extensão e seus trilhos vieram da Europa. O trem em direção a Belém percorria em velocidade de 60 Km/h o trajeto da atual rodovia Augusto Montenegro e então Av. Tito Franco, hoje Almirante Barroso, levando passageiros e mercadorias, e fazia cinco paradas, no Tenoné, Tapanã, Benguí, Una e Entroncamento.

Por solicitação do Intendente Antonio Lemos a obra foi inaugurada em 7 de janeiro de 1906, com a presença do governador Augusto Montenegro e sua comitiva, ao som da “Philarmônica Delícias Pinheirense”.

Eram quatro carros de passageiros de 1° classe; quatro de 2° classe; um carro para bagagem; seis gôndolas de aço para carvão; e seis vagonetes para condução de carvão na Ponte do Pinheiro. A primeira classe oferecia poltronas acolchoadas, enquanto que na segunda classe havia os bancos corridos de madeira. Naquela época só existiam sete ruas no distrito, todas as famílias se conheciam e, quando ouviam o apito do trem lá pela Agulha, os moradores corriam para o entorno da estação, onde eram comercializados picolé, rosca de broa e artesanato.

Philadelpho Cunha, pai da atual primeira dama Ana Jatene, foi superintendente da Ferrovia Belém-Bragança no período de abril a agosto de 1961. Era fantástica a integração regional. Em períodos festivos, como o Círio de Nazaré, e finais de semana, o trem oferecia mais vagões de passageiros, e as viagens incluíam acesso às ilhas do Mosqueiro, Cotijuba e Outeiro através de barcos a vapor. Depois do trajeto de trem, havia o deslocamento até o trapiche na praia do Cruzeiro, o chamado Pontão.

Em 1921 a estrada de ferro foi encampada pelo governo federal, mas o governo do Estado era responsável por sua administração. Só que, enquanto os EUA na década de 40 já dispunham de trens mais rápidos, econômicos, com maior capacidade e movidos a diesel, o Brasil, na década de 60, ainda usava o maior número de locomotivas movidas a vapor. Com o golpe de 1964, o ministro da Viação do presidente  da República marechal Humberto de Alencar Castello Branco era o marechal Juarez Távora, favorável à extinção das ferrovias e, sob o argumento de que a Estrada de Ferro Belém/Bragança era deficitária, decretou sua desativação definitiva a partir do dia 1° de janeiro de 1965, insensível ao problema social que foi largar à própria sorte os colonos assentados às margens da linha férrea. Para chegar a Belém, a população tinha que ir a pé ou em carroças de madeira. Depois vieram os ônibus "pau de arara", mais tarde as lotações.

Após a desativação da estação houve a reforma do Mercado Municipal de Icoaraci, quando toda a atividade comercial foi transferida para o prédio da estação. Quando acabou a reforma, o prédio da estação ficou sem uso até o início da década de 1980, quando a Agência Distrital de Icoaraci cedeu o espaço para comportar a Coarti.

Icoaraci é famosa pelo artesanato em cerâmica. É o maior centro produtor e divulgador da cerâmica indígena amazônica. No centro do distrito, no bairro do Paracuri, se concentra cerca de 90% da comunidade de ceramistas.