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Abelardo Santos avalia a adoção da telemedicina para monitorar usuários da diálise peritoneal

Terapia garante o acompanhamento do estado de saúde do paciente por conectividade de sinal telefone e modem, através da Máquina Cicladora Homechoice

Por Luana Laboissiere (SECOM)
20/10/2021 10h39

Com a possibilidade de poupar os pacientes com disfunção renal, sobretudo aqueles que moram no interior do Estado, a se deslocarem para a capital a fim de dar continuidade ao tratamento de saúde, o Hospital Regional Dr. Abelardo Santos (HRAS), no distrito de Icoaraci, em Belém, já avalia novas tecnologias para manter, ao máximo, a comodidade de seus usuários que já fazem uso da diálise peritoneal. Com recurso da telemedicina, os aparelhos com a tecnologia sharesource permitem o acompanhamento médico da terapia domiciliar, à distância.

Os equipamentos já estão em testes na unidade, e após avaliados tecnicamente, poderão entrar no programa Diálise Peritoneal Automatizada (DPA) do Abelardo Santos, pactuado com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), em junho deste ano. Com a nova tecnologia, o Governo do Estado pretende aumentar ainda mais a confiança de médicos e pacientes que fazem o uso da terapia, proporcionando mais conforto ao garantir que as pessoas sejam tratadas sem sair de casa.

Para o secretário de Saúde do Estado, Rômulo Rodovalho, o uso da diálise peritoneal no HRAS é mais um avanço nos serviços oferecidos pela Rede Estadual de Saúde. “Nosso objetivo é investir cada vez mais em tratamentos que amenizem o sofrimento e a dor dos paraenses. Além da manutenção da vida, a terapia, apesar de não ser, teoricamente, nova no mercado, pouco é usada, e a ampliação deste serviço à população, é um avanço na qualidade dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), através do Abelardo Santos”, frisou o titular da pasta.

 

Tecnologia 

A Diálise Peritoneal é uma terapia substitutiva renal na qual o paciente realiza o tratamento na comodidade de seu lar. A enfermeira especialista em Nefrologia, Ana Claudia Portal, está à frente dos testes do novo equipamento e pontua a eficácia da tecnologia. “O aparelho tem uma assistência remota, em que consegue detectar a distância, as compilações de dados clínicos dos pacientes em sua transmissão para um hospital, consultório, clínica ou outro provedor que monitora os dados recebidos. Com a assistência remota, o profissional de saúde poderá realizar mais rápido as intercorrências”, observou a supervisora do setor.

A especialista destaca ainda que com o uso da tecnologia, os pacientes só terão de ir à unidade hospitalar em caso de intercorrências e para as consultas de acompanhamentos. “Com o aparelho que usamos atualmente, o usuário deve estar no HRAS uma vez ao mês, e com a nova tecnologia, não haverá mais essa necessidade, pois os estudos evidenciam a possibilidade de melhora nos resultados clínicos em algumas doenças. Os pacientes que usaram, relataram que a assistência melhorou 100% o tratamento”, completou a supervisora.

 

Transformação 

Há cinco meses como paciente da diálise peritoneal, o agricultor Sandro Ikawa, 45 anos, já escreve uma nova história. “A gente se desgasta mesmo, cansa menos e ganha qualidade de vida, em estar em casa fazendo o tratamento e não ir para clínica ficar quatro horas, por três a quatro dias na semana, na máquina de hemodiálise tradicional”, comentou. O morador do município de Terra Alta foi hospitalizado com sintomas de Covid-19 no HRAS, mas para sua surpresa, estava com disfunção nos rins. “Foi um choque, mas hoje, estou recuperando aos poucos minha vida. Com 45 dias de internação vi a vida mudar”, comentou.

O agricultor precisou fazer o implante no peritônio e o procedimento foi um sucesso. “Quero compartilhar o bem-estar que eu sinto. Eu me desgasto menos, porque tinha que ficar com o acesso e isso incomodava. Na diálise peritoneal, não incomoda nada, a vida segue normal no dia a dia. Creio que com esse tratamento, logo voltarei aos trabalhos no campo”, disse o agricultor.

 

Avanço 

Ao total, já são 34 pacientes participantes do programa no HRAS, nos municípios de Viseu, Bragança, Terra Alta, Belém e dos distritos de Icoaraci e Outeiro. Dialisando em domicílio, são 15. Na fila aguardando inclusão, já são 10.

 

Dificuldades 

O mais recente Censo Brasileiro de Nefrologia, publicado em 2020, demonstra que há baixa demanda de diálise peritoneal no Brasil, com menos de 7% dos pacientes com o uso dessa terapia, devido ao modelo praticado pela maior parte das clínicas do país. Além do contexto de dificuldade de acesso, a diálise peritoneal — realizada em casa, durante o sono— requer outros cuidados para funcionar. 

O diretor médico do HRAS, Paulo Henrique Ataíde, explica que a segurança e eficácia do tratamento dependem de uma adesão rigorosa aos procedimentos técnicos e de higiene orientados pela equipe multiprofissional.

“Durante as consultas, os pacientes são orientados de que forma eles devem usar o equipamento e o ambiente em que ele pode ficar. Por isso, requer uma decisão compartilhada com a família e os profissionais. Uma equipe do hospital com médico, enfermeiro, assistente social, psicóloga, nutricionista e a enfermeira, vai à casa do usuário para fazer o treinamento do uso da máquina e as orientações devida”, detalhou o médico. As características de início da diálise peritoneal são as mesmas que a hemodiálise, ou seja, quando a função renal cai. 

 

Referência 

Administrado pela Organização Social, Instituto Mais Saúde, o Abelardo Santos também conta com o Programa de Terapia Renal Substitutiva (STRS). “Na rede estadual de saúde, o HRAS é referência em nefrologia. Nossa clínica funciona de segunda a sábado, das 5h30 às 20h, com a capacidade de atender até 22 pessoas em cada um dos três turnos – manhã, tarde e noite. Além disso, o HRAS também oferece a hemodiálise para pacientes internados em leitos clínicos e nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), além da peritoneal, com tantas vantagens à vida do paciente”, frisou Marcos Silveira, diretor executivo do Regional.

 

Incidência 

Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), no mundo, de 10 a 15% da população têm algum grau de disfunção renal e que a taxa de prevalência de pacientes em tratamento dialítico é de 640 pacientes, por milhão da população no Brasil.

Na região Norte este número é em torno de 450 pacientes por milhão da população. O número de casos novos por ano é de 204 pacientes por milhão da população.

 

Como fazer parte deste programa?

O serviço é disponibilizado através da regulação de vagas pela Secretaria de Saúde do Estado, ou por migração dos pacientes que já fazem hemodiálise no HRAS.

É feita uma avaliação médica em conjunto com a assistência social. 

 

Quem pode ser contemplado?

Os pacientes que necessitam da terapia que possua o perfil para o tratamento.

O procedimento é todo custeado pelo SUS.

O material é entregue no domicílio do paciente, o qual é treinado com a sua família para o manuseio.

 

O que é?

É uma opção de tratamento através da qual o processo ocorre dentro do corpo do paciente, com auxílio de um filtro natural como substituto da função renal. Esse filtro é denominado peritônio. É uma membrana porosa e semipermeável, que reveste os principais órgãos abdominais. O espaço entre esses órgãos é a cavidade peritoneal. Um líquido de diálise é colocado na cavidade e drenado, através de um cateter (tubo flexível biocompatível).

 

Texto: Roberta Paraense/ Ascom HRAS