Debate sobre mudanças climáticas prepara a Amazônia para o Fórum Mundial de Bioeconomia
Relatório do Painel Intergovernamental Sobre Mudança do Clima mostra vulnerabilidade da Amazônia diante da elevação da temperatura e de outros eventos climáticos
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) realizou na noite desta quarta-feira (29) o webinar Bioeconomia e Mudanças Climáticas, em parceria com a The Nature Conservancy Brasil (TNC), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e do GCF Brasil, com o objetivo de discutir os recentes relatórios do Painel Intergovernamental Sobre Mudança do Clima (IPCC) , atrelados ao desenvolvimento sustentável voltado à Bioeconomia na Amazônia.
O debate on-line é um evento preparatório ao Fórum Mundial de Bioeconomia. “O Pará é uma síntese da Amazônia, tanto pelas suas potencialidades, do ponto de vista da sua biodiversidade, e também pelos muitos desafios que a gente tem a enfrentar. Nós temos muitos conceitos para Bioeconomia, mas o principal desafio é defini-la para o contexto da nossa região, porque nós temos várias Amazônias; cada região tem uma realidade. Por isso, a gente precisa pensar a Bioeconomia junto ao uso das tecnologias, a fim de originar uma ampla diversidade de produtos no contexto de sustentabilidade, e de que forma as tecnologias que já existem, e as que ainda vão surgir, possam dar origem a produtos através dos nossos ativos naturais”, explicou a assessora técnica da Semas, Andrea Coelho.Os debates realizados pela Semas envolvem estudiosos de várias instituições
No relatório divulgado pelo IPCC, um terço mostra detalhes regionais de cada país, o que tornou possível despertar um olhar mais direcionado às sub-regiões, entre as quais a Amazônia, o que antes não era possível. Além disso, o relatório aponta que o maior aquecimento da América do Sul é projetado na bacia amazônica, com uma tendência de aumento de aquecimento nos últimos 40 anos, entre 0,6 Cº e 0,7 Cº, desde 1979.
Homem e clima - “É um tema espetacular, tendo em vista que estamos falando das mudanças climáticas. A gente teve a oportunidade de discutir sobre esse relatório, que trouxe resultados incríveis, com a entrada de novos dados climáticos. Todos esses eventos climatológicos, que já estão acontecendo, estão diretamente relacionados a essas ações humanas. Para o IPCC, é inquestionável a contribuição direta dos seres humanos, por conta do desmatamento”, destacou a vice-presidente do Painel Intergovernamental Sobre Mudança do Clima, Thelma Krug.
O professor Paulo Artaxo , da Universidade de São Paulo (USP), disse que por meio do relatório divulgado pelo IPCC foi possível observar claramente que a região amazônica é uma das regiões mais vulneráveis às mudanças climáticas de todas as áreas continentais. “É possível fazer essa avaliação, primeiro por conta da sua localização tropical, que naturalmente já tem uma elevação de temperatura ao longo do ano. E com essas ações causadas pelos seres humanos, a gente tem um aumento ainda maior e prejudicial para a floresta, e isso faz com que ela responda a esses impactos de forma mais ‘agressiva’, corroborando para um aumento de fenômenos climáticos cada vez mais severos. Por isso, a gente precisa mudar o formato de desenvolvimento econômico na Amazônia. É aí que a gente precisa incluir a Bioeconomia, juntamente com novas políticas públicas. Nós precisamos investir em ciência e pesquisas, para que desenvolvam tecnologias capazes de explorar corretamente toda essa biodiversidade”, concluiu Paulo Artaxo.
Fórum Mundial – Pela primeira vez na história, o Fórum Mundial de Bioeconomia (FMB) ocorrerá fora da cidade de origem, Ruka, na Finlândia. Nos dias 18, 19 e 20 de outubro, Belém sediará o evento.
Porta de entrada para a Amazônia, com um ecossistema único e fundamental para o meio ambiente do planeta, a capital paraense reunirá palestrantes e especialistas de vários países em torno do desenvolvimento sustentável e das potencialidades regionais, sendo palco de um debate que é referência no planeta.