Escola conscientiza pais e alunos pela vacinação contra o HPV
O início da campanha de vacinação do HPV para meninos, a primeira realizada no Brasil, integrando o esforço para aumentar a rede proteção às meninas, é também o momento de reforçar as campanhas e iniciativas que possam contribuir para a informação de pais e filhos. Na escola estadual Ruy Paranatinga Barata, em Belém, esse trabalho vem sendo realizado desde 2014, com palestras educativas e mutirões de vacinação dentro da própria escola.
O local possui 500 alunos. Mais da metade deste público são meninas (270 alunas). Durante o ano passado, foi realizado um amplo trabalho de divulgação e conscientização sobre a importância da vacina contra o HPV e também sobre outros tipos de vacinas que estavam no calendário.
Os pais das meninas também foram envolvidos. Eles receberam um pedido de autorização feito pela escola, para que os filhos possam ser vacinados. Também foram feitos convites para que os responsáveis pelos alunos participassem de palestras. A ideia é esclarecer diversas dúvidas em relação à necessidade da imunização e os efeitos da vacina.
“Este trabalho é feito em parceria com a secretaria de saúde do município de Belém e tem trazido excelentes resultados para a campanha de vacinação. Aqui, todos os pais deram autorização e as crianças que não se vacinaram na escola já tinham se vacinado em postos de saúde, em outros lugares. Um dos pontos importantes é que a escola pode contribuir para este contato para informar melhor os pais e ajudar na imunização de um número maior de crianças”, explica a assistente social, Andrea Gonçalves, coordenadora da ação na escola.
Na Paranatinga Barata existem 131 meninas na faixa etária da vacinação, de 12 a 13 anos. Delas, 44 delas foram vacinadas na própria escola, em 2016. O restante em postos de saúde. A ação nas salas de aula também é importante para reforçar a necessidade da segunda dose, para que a proteção contra o HPV seja eficaz. Os meninos também receberam outras vacinas ofertadas na época.
A valente Stacy Baima Silva, de 9 anos, foi uma das meninas que se vacinou em 2016. Ela se orgulha de não ter chorado, ao contrário de outros amigos, e explica – do seu jeito – a importância de se vacinar ainda criança contra doenças que poderiam lhe afetar no futuro.
“Eu sei que a vacina é para nos proteger de doenças para quando formos mulheres adultas. Podemos nos proteger e proteger o nosso bebê. Ela também nos protege do câncer e isso é muito importante. Eu já perdi um tio com essa doença”, diz Stacy.
Como atualmente a escola ainda não iniciou o ano letivo, a expectativa é que ocorra outra grande ação de conscientização e vacinação em 2017, voltada especificamente para os meninos e seus pais, tratando a importância de se combater o HPV e também de se aderir à vacinação contra a meningite tipo C e outras doenças.
“Nosso ano letivo inicia em 2017. A partir daí, vamos dialogar novamente com os órgãos municipais de saúde para realizarmos outra grande ação. Teremos como foco essa nova demanda da vacinação, nos meninos, e aproveitaremos para esclarecer qualquer dúvida dos país”, explica Andréa.
Campanha - No Pará, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) estima que 170 mil jovens entre 12 e 13 anos sejam vacinados. Assim como ocorreu com as meninas, esta é a primeira fase da vacinação nacional, que em 2017 terá como público alvo as crianças na faixa etária entre 12 e 14 anos, incluindo as meninas.
O Brasil é o sétimo país do mundo - e primeiro da América do Sul - a oferecer a vacina contra o HPV para meninos em programas nacionais de imunizações. A meta do Ministério da Saúde é ampliar a faixa etária a ser imunizada gradativamente. Até 2020, deverão ser incluídos nas campanhas todos os meninos entre os 9 e 13 anos. A previsão para 2017 é de que mais de 3,6 milhões de meninos sejam imunizados - além de 99,5 mil crianças e jovens de 9 a 26 anos soropositivos para o vírus HIV e Aids, que também passarão a receber as doses. Para essa campanha, o Ministério da Saúde adquiriu seis milhões de doses, ao custo de R$ 288,4 milhões.
A vacinação para o público masculino faz parte da estratégia do governo para aumentar a rede de proteção às mulheres. A imunização para esta faixa etária é uma garantia para que adolescentes não sofram com a doença na fase adulta.
O papiloma vírus ou HPV é responsável, principalmente, pelo câncer de colo de útero. A estimativa no Instituto Nacional do Câncer é que ocorram 260 casos da doença em Belém, 820 no Pará e 1.970 na Região Norte, entre os anos de 2016 e 2017. A vacina também fará prevenção de outros tipos da doença como os cânceres de pênis, de ânus e garganta.