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Especialistas debatem formas e futuro da Bioeconomia na Amazônia

A programação faz parte da preparação ao Fórum Mundial de Bioeconomia, que será realizado na capital paraense, em outubro

Por Bruna Brabo (SEMAS)
15/09/2021 20h01

Um grupo de especialistas em floresta amazônica participou, nesta quarta-feira (15), de debate on-line sobre Bioeconomia para o Brasil e a Amazônia. Promovida pelo Governo do Pará e pelo Fórum Mundial de Bioeconomia, a mesa-redonda fez parte da programação do Fórum, que será realizado em Belém, em outubro próximo.

O evento teve como moderador o secretário de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade, Mauro O'de Almeida, com participação de Francisco Piyâko, líder da aldeia Apiwtxa e ex-secretário do Governo do Acre para os Povos Indígenas; Ana Euler, pesquisadora da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e engenheira florestal pela Universidade Federal do Rio de Janeiro; Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (ICS); Camille Bemerguy, diretora de Bioeconomia da Semas; Jukka Kantola, fundador do Fórum Mundial; Mark Rushton, cofundador e integrante do Conselho Consultivo do Fórum.O secretário Mauro O'de Almeida destacou as estratégias adotadas pelo Governo do Pará

Hoje, o grande desafio da Amazônia é superar o modelo de desenvolvimento exportador e alheio às suas características e necessidades, e assumir seu real papel no desenvolvimento nacional e internacional. Para o titular da Semas, a região deve assumir seu potencial de fornecedor de matérias-primas e energia, e como via de passagem para o crescimento econômico e social do País.

Avanço histórico - Mauro O'de Almeida destacou que as ações implementadas pelo governo estadual em sua política socioambiental pavimentam o desenvolvimento sustentável no Pará. "O Governo do Pará constrói um caminho para um futuro sustentável, que é o estímulo ao desenvolvimento humano conectado ao ambiental. Em 2020, o Pará conquistou um avanço histórico, por finalmente ter sua Política Estadual sobre Mudanças Climáticas, por meio de lei, colocando o Estado no centro do debate global sobre clima e florestas. Lançamos o Plano Estadual Amazônia Agora (PEAA) para buscar e transformar os princípios e diretrizes da política climática em oportunidades às pessoas", afirmou.

A bioeconomia está no centro do padrão de desenvolvimento implantado pelo Estado, afirmou Mauro O'de Almeida. "O Pará almeja reorientar o seu modelo de desenvolvimento socioeconômico através da construção de uma Estratégia Estadual de Bioeconomia, pautada pelo princípio das soluções baseadas na natureza e ancorada na Política Estadual de Mudanças Climáticas e no ‘Amazônia Agora’. Quando acreditamos na força transformadora da Bioeconomia para gerar empregos e renda capazes de se manter ao longo do tempo, e no manejo da floresta, colocamos em prática o velho ditado que diz que a floresta em pé vale muito mais do que derrubada”, ressaltou o secretário.O evento reuniu especialistas em Amazônia para debater os rumos da bioeconomia na região

Por sua vez, a diretora de Bioeconomia Camille Bemerguy propôs que apenas uma ampliação da agenda de bioeconomia, para além do desenvolvimento econômico, poderá resolver os complexos desafios encarados pela Amazônia e pelo Pará. "A bioeconomia é um dos muitos caminhos para o desenvolvimento sustentável, e precisa conciliar a urgência do ambiental às urgências de desenvolvimento social e humano. Quando se fala em bioeconomia como alternativa para o desenvolvimento econômico e para a manutenção da Amazônia em pé é fundamental compreender que não existe um único conceito de bioeconomia, assim como não existe uma única Amazônia. Há várias 'amazônias', cada uma com suas nuances, especificidades, riquezas e complexidades geopolíticas, étnico-culturais e ecológicas", enfatizou a diretora.

Buscar equilíbrio - Francisco Piyâco, liderança indígena Apiwtxa (termo que significa união para o povo Ashaninka), apresentou a perspectiva dos povos guardiões da Amazônia. Ele defendeu equilíbrio na relação da economia com a região. "A floresta, com o tamanho que ela é, com toda essa biodiversidade, nós, povos da Amazônia, moradores da Amazônia, precisamos ter um equilíbrio do diálogo entre aquilo que a floresta permite, em sua capacidade de trocar com o planeta, dentro do que é possível levar para o mercado. A gente tem que entender a lógica da floresta, do que são nossas demandas. Tem muitos desafios, mas começar certo é mais fácil de avançar do que querer consertar uma coisa depois. Por mais que pareça mais difícil, é o caminho mais correto. Os desafios que estão postos aí nos motiva muito, porque a gente se vê melhor. Poderia pensar um pouco no conceito do desenvolvimento. Se o mundo está preocupado, temos que pensar este conceito numa relação de troca. No equilíbrio da humanidade", frisou o líder indígena.

Ana Toni apresentou sua visão de que, para tratar da bioeconomia amazônida, é preciso uma abordagem adequada para as complexas peculiaridades da região: “Os amazônidas sempre nos ensinam que, para olhar para a Amazônia, temos que respeitar sua complexidade, sua diversidade, e respeitá-la em termos sociais, culturais e, logicamente, em sua biodiversidade. A primeira mensagem que eu quero dar para o Fórum é: abrace a complexidade da Amazônia, não tenha medo. Para lidar com a Amazônia temos que abraçar sua complexidade e entendê-la, para poder participar de uma maneira construtiva”, disse a gestora do Instituto Clima e Sociedade.

Esforço coletivo - Segundo Ana Euler, o desenvolvimento sustentável na Amazônia deve ser guiado por modelos de desenvolvimento humano e social, ressaltando que “o que faz este momento tão especial é uma convergência de olhares que aproxima, finalmente, os governos, o setor privado e a sociedade como um todo em torno deste esforço coletivo de combate às mudanças climáticas, de limitar o aquecimento global. A Amazônia está no centro das discussões e das soluções. E estas soluções vão além da conservação. Como já foi muito dito pelo Governo do Pará, esta solução é um projeto de desenvolvimento humano, de dignidade, de cidadania”.

Para a pesquisadora, o Fórum será a grande oportunidade para a região expor sua realidade. “Um dos desafios em termos de bioeconomia na Amazônia é uma infraestrutura que possa nos conectar com o mundo, que possa nos dar este protagonismo em dizer para o mundo sobre os modelos de desenvolvimento, de bioeconomia, que nós queremos. Isto será pautado neste Fórum Mundial que acontece na Amazônia, e nos dá uma oportunidade única de unir, integrar e construir uma visão conjunta sobre este tema”, reiterou.

O Fórum Mundial de Bioeconomia é um evento internacional, que reúne lideranças de vários países para debates. A capital paraense receberá o evento nos dias 18, 19 e 20 de outubro. Será a primeira vez que o Fórum ocorrerá fora da Europa.

A proposta principal é discutir e compartilhar ideias, além de promover soluções de base biológica. As mesas-redondas do Fórum (World BioEconomy Forum) são eventos moderados por profissionais de bioeconomia que, juntamente com palestrantes de alto nível, participam de conversas intensas sobre os tópicos fundamentais do WCBEF.