Unidos pela brisa e pela diversidade
Cidade das mangueiras, cidade morena, cidade da chuvinha no fim da tarde. Cidade de muitos ritmos e cheiros e sabores. Cidade de gente hospitaleira e da diversidade abundante. Belém é descrita, em prosa e verso, pelas suas peculiaridades. Essa variedade de valores, que atrai turistas de Norte a Sul e cativa nativos de todos os cantos, está muito bem representada em dois dos mais agradáveis lugares públicos da cidade: a Estação das Docas e o Mangal das Garças. São pontos de encontro da gente com a brisa cariciosa da Baía do Guajará.
A Estação das Docas é um caleidoscópio de Belém. Do sorvete de bacuri às rodas de carimbó embarcadas. Dos peixes grelhados, molhados ou sequinhos, temperados pelos chefs ou a gosto do freguês, às seleções de essências suaves ou exóticas que exalam das lojinhas. Da história emoldurada nas exposições e do espaço aberto do anfiteatro e suas atrações, que vão do jazz às marionetes.
Clecilene dos Santos e Rodrigo de Oliveira são dançarinos e há dois anos e formam o par que embala as viagens de barco que saem do cais da Estação. “Nosso maior desafio é reafirmar aos que já são daqui que o que é bom nem sempre vem de fora”, diz a dançarina de 21 anos. Rodrigo às vezes se surpreende com o interesse dos turistas pela cultura da terra. “Muita gente de fora dá mais valor à nossas raízes do que os próprios belenenses”, acredita.
Mangal
A fauna e a flora presentes no Mangal das Garças são o resumo das riquezas naturais amazônicas, preservadas num espaço onde cada canto revela a sabedoria de vários povos. Uma cultura que é pra quem vem de fora conhecer e quem é de dentro jamais esquecer. Que o diga a pedagoga Leila Cristina Alencar, nascida em Vigia, criada em Belém.
Aos 28 anos casou e foi morar em Recife. Hoje, aos 50 anos, ela conta que vem a Belém uma vez por ano e que a visita ao Mangal é sempre garantida. “A vista que o espaço proporciona é a melhor coisa de tudo aqui. Essa vegetação típica, os animais em suas mais variadas cores é indescritível”, conta a pedagoga, emocionada.
Uma gostosa coincidência é saber que Belém e Mangal das garças aniversariam juntos. A morena traz o peso e a experiência de 401 anos. O Mangal apresenta a pureza e naturalidade de pouco mais de uma década.
Valdinei Craveiro da Silva tem 32 anos e há 12 se dedica a contar parte da história de Belém dentro do Memorial das Navegações, espaço do Mangal das Garças que sussurra a história da marinha imperial brasileira e das navegações da Amazônia. Trabalhando como monitor-guia, o rapaz conta que nove dias antes da inauguração do ponto turístico ele já estava a postos para ver nascer o espaço que ele ajudou a construir.
“Estive e estou aqui desde o início, para contribuir na preservação dos bens da nossa terra e ajudar a contar nossa história. Me sinto um pouco responsável pelo significado que o Mangal tem. Aqui é minha segunda casa e todo lar deve ser respeitado”
Borboletário, farol e viveiros são outros anexos do Mangal que expõem as delícias de ser belenense. Permite enxergar e sentir o cheiro de Belém por ângulos peculiares e privilegiados.
Serviço:
Mangal das Garças funciona de terça a domingo, das 9h às 18h. Às terças-feiras a entrada é franca. A Estação das Docas abre de segunda a domingo com os projetos Pôr-do-Som, Música no Ar e Cine Estação, entre outros.
Texto: Raiana Alves