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Ações do Governo do Pará garantem apoio e acolhimento voltadas à saúde mental

Por Carol Menezes (SECOM)
06/09/2021 15h32

A juventude é alvo de muitos conflitos, e um deles está relacionado à saúde mental. Várias iniciativas do governo estadual, por meio de programas educativos e sociais, têm servido como apoio para que esses jovens não optem por caminhos que coloquem em risco a própria vida na urgência de se livrar de problemas emocionais, e que ajudam na autoestima.

Pelo programa Territórios Pela Paz (Terpaz), o “Cenas de Paz", um projeto desenvolvido pela  Fundação Paraense de Radiodifusão (Funtelpa), leva aos jovens conteúdos diversos de comunicação, com duração de 72 horas de aulas. 

Mateus Alves foi um dos participantes do "Cenas" e conta ter gostado de experiência. "Eu consegui enxergar nos meus colegas da escola muito das suas realidades, que eu não conseguia ver antes. Montamos um curta-metragem que inclusive ganhou premiação de Melhor Filme em um festival de cinema", disse, orgulhoso.

Integração - A Secretaria de Estado de  Educação (Seduc) também está inserida no programa, levando vários projetos para os jovens, desde o "Música pela Paz", a Escolinha de Futsal e a oficina de educação fiscal, que visa a disseminar os conceitos sobre tributação, a aplicação dos recursos públicos e a relação entre o Estado e a sociedade.

Já o "Que Nem Maré" tem como intuito promover oficinas de contação de histórias e atividades lúdicas para crianças e jovens. Jhon Kelin, de 10 anos, participou de uma das atividades. “Aqui pude desenhar, pintar, escrever, encontrar com outras crianças e aprender novas histórias, me senti muito bem”, relatou.

Direcionado - Há ainda o "Juventude pela Paz’, uma iniciativa da Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac), em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel) e Fundação Cultural do Pará (FCP).

“O principal objetivo desses projetos e atividades é se aproximar ainda mais desse público jovem, no sentido de conhecer, conversar e refletir sobre as políticas públicas que fazem parte do TerPaz, para que eles se apropriem dos serviços, já que essa política pública foi pensada para eles”, detalhou a diretora do Núcleo de Articulação da Cidadania da Seac, Juliana Barroso.

As ações inseridas no programa TerPaz, no momento, estão sendo realizadas em escolas públicas, centros comunitários, delegacias e instituições parceiras. Todos têm a pedagogia de inclusão, de prevenção, profissionalização e resgate desses jovens, trabalhando assim a saúde mental desta juventude.

Sejudh - Flávio Moreira de Paula é gerente da Juventude pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), e explica que o setor atua no intento de promover a saúde mental dos jovens através de atividades físicas, acompanhando e encaminhando para a rede de Saúde.

“Temos 2,6 milhões de jovens, e nós, da Gerência da Juventude, estamos juntos com eles em várias frentes. Capacitação, processo de formação e Direitos Humanos, formação em cima do Estatuto da Juventude, e estamos reativando a frente parlamentar para pautar as políticas públicas voltadas para juventude", resumiu o gestor.

A Sejudh está fechando com o Banco do Estado do Pará (Banpará) parceria para a iniciativa Juventude Empreendedora Banpará, a fim de fomentar o empreendedorismo entre os jovens, além de estar envolvida ainda no programa CNH Pai D'Égua, voltada a adultos com 18 anos completos que não tem condições de custear a formação de condução de veículos. Paradao há dois anos, o Conselho Estadual da Juventude também está em processo de reativação.

No início do ano, a pasta recebeu um chamamento da juventude de Breves, onde neste período de pandemia alguns jovens se suicidaram. A Sejudh então montou uma equipe multidisciplinar emergencial psicoeducacional, que detecta o problema, investiga o que desencadeou estes suicídios, realiza a escuta dos jovens e, com muito cuidado, elabora um relatório que é encaminhado à Sespa.

"De um modo geral, o que nossa pesquisa 'juventudes e pandemia' aponta é que um em cada dez jovens admite que tem como um dos impactos dessa crise o pensamento suicida ou de auto mutilação. Esse número ainda é maior na faixa de 15 a 17 anos. Pode ser considerado  muito mais grave se levarmos em conta a dificuldade que muitos jovens têm de se abrir e compartilhar esse problema, são dados ainda subnotificados mas são já preocupantes", alerta Flávio.

Acadêmico - A psicóloga Maria de Nazaré Gonçalves da Universidade do Estado do Pará (Uepa), do Serviço de Psicologia, vinculado ao Núcleo de Assistência Estudantil (NAE), garante que os universitários recebem acolhimento e são referenciados para unidades especializadas se apresentam sintomas de sofrimento psíquico.

"As orientações que damos aos alunos têm caráter preventivo, e agora de forma remota  devido à pandemia, orientamos a cuidar das emoções e dos sentimentos, trabalhamos os conflitos pessoais, familiares, que podem ter se agravado devido a hiper convivência relacionada ao isolamento. Esclarecemos sobre a importância de se manter ativo e cultivar bons hábitos, manter alimentação e sono adequados, atividades físicas, lazer com os cuidados necessários neste contexto de pandemia, buscar o autoconhecimento, que é uma forma de aliviar o sofrimento pela mudança brusca do cotidiano", esmiúça.

A Uepa proporciona aos alunos em processo de formação profissional um espaço de acolhimento e suporte psicológico, já que na trajetória acadêmica podem surgir demandas que geralmente indicam um quadro clínico de ansiedade, tais como: humor negativo, baixa autoestima, e em casos extremos, sintomas corporais inquietações do medo. 

"Nesta fase de desenvolvimento é que estes transtornos mentais tendem a aparecer. Por isso a escuta terapêutica especializada torna-se imprescindível”, reforça Maria se Nazaré.

Atenção aos sintomas - O médico psiquiatra Thiago Brito, da Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, atenta para os sinais que podem aparecer de forma não tão explícita.

"Precisamos estar atentos a alguns indicativos de sofrimento psíquico em familiares, amigos, como por exemplo o isolamento excessivo, abandono de cuidados com a própria higiene pessoal, choro frequente. Não é muito comum a pessoa dizer que quer se matar, mas ela se expressa de outras formas: diz que quer sumir, deixa de fazer coisas que antes gostava. Tudo isso pode estar associado a um quadro depressivo ou de ansiedade", alerta o médico.

Geralmente, a depressão está associada a fatores internos e externos, e este último está inclusive relacionada ao excesso de informações que nos bombardeiam a todo momento, especialmente pelas redes sociais - os chamados "gatilhos".

"É necessário que a pessoa seja acolhida, sem julgamentos, para que possa ser indicada a um tratamento adequado. É ideal que haja o estímulo para que a pessoa busque ajuda, e assim é possível contribuir para a diminuição da taxa de suicídio, em todas as idades", recomenda o psiquiatra.