Articulação entre Governo e iniciativa privada da Companhia Têxtil de Castanhal incentiva a produção de fibras no Marajó
A expectativa é estimular o fornecimento de sementes de qualidade e capacitação da mão de obra local para a produção de juta na maior ilha fluviomarinha do planeta
Tornar o Pará autossuficiente na produção de juta para atender a um mercado cada vez mais ávido por soluções ambientalmente sustentáveis e gerar renda a famílias da Amazônia com remuneração justa e compra garantida. Esse é o desafio a que se lançaram o Governo do Pará em conjunto com a Companhia Têxtil de Castanhal, que anunciaram para setembro deste ano, o início de grandes iniciativas dedicadas a impulsionar o desenvolvimento socioeconômico do Pará com a produção de fibras naturais.
A missão desse projeto é despertar nos produtores o interesse pelo plantio da juta como atividade de retorno garantido. Eles serão capacitados para absorver as orientações técnicas e adotar tecnologias com acompanhamento constante de técnicos agrícolas, além de viabilizar recursos para financiar os produtores da forma mais desburocratizada possível.
Projeto Semente
O projeto Semente tem o objetivo de investir tecnologia e conhecimento para a melhoria e a disponibilização de 200 toneladas de sementes de malva a agricultores familiares, para cultivo, visando a autossuficiência na produção da fibra natural no Pará.
“A ideia é envolver os agricultores familiares em um ciclo que envolve o aumento da produtividade e da qualidade dos plantios e geração de renda ao pequeno produtor, com remuneração justa e a garantia de compra de toda produção. A ideia é que o Pará atenda a demanda crescente do mercado interno e do mercado internacional”, afirma o Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, José Fernando Gomes Júnior.
Na prática, as ações consistem em viabilizar incentivo financeiro, capacitar os pequenos produtores para adoção de tecnologia no cultivo e disponibilizar acompanhamento técnico feito por agrônomos da Castanhal. A expectativa é que a cada safra os produtores, com o apoio desses profissionais, tenham resultados mais eficientes em suas colheitas, selecionando sementes e aprimorando suas técnicas de plantio.
Para o engenheiro da Companhia Têxtil de Castanhal, Eron Guimarães, é necessário dar continuidade ao trabalho da empresa e garantir a colaboração de novos parceiros. "Se você produzir 15 mil toneladas de fibra no estado, a CTC absorverá essa produção. Por isso, a gente quer que uma parcela dessa produção seja do Marajó. Iniciamos um trabalho, em 2018, nas regiões de floresta, e de Anajás já veio um pouco de fibra. Então, isso quer dizer que a planta se desenvolve bem, produz, a fibra é de excelente qualidade e isso é muito bom para a gente e para o produtor".
Além de aumentar a produtividade com qualidade, essa tríade – capitaneada por produtor, Governo e Castanhal - pode transformar a realidade da comunidade envolvida com agricultura familiar, tornando-se fonte de renda viável, uma vez que será garantido aos produtores que aderirem à iniciativa o financiamento para início do plantio e a compra do total produzido, auxiliando também no transporte da fibra até a indústria.
“O Pará tem vocação para o plantio de juta e enxergamos claramente enorme potencial para produzir fibra natural de altíssima qualidade e em volume que abasteça plenamente a demanda dos mais diversos setores do mercado. Aliado a isso, também é uma maneira de reafirmarmos nosso compromisso socioambiental, incentivando a produção e o uso de fibras naturais como alternativa aos materiais sintéticos, além de contribuir para a geração de renda e a fixação das famílias em sua terra natal”, afirma Flávio Smith, diretor-presidente da Companhia Têxtil de Castanhal.
“Nossa ideia é aumentar exponencialmente a produção de juta e obter uma fibra de melhor qualidade, que representa ganho real para o produtor em termos de preços e rendimento industrial significativo para a fábrica. Para isso contamos com a participação de parceiros como Secretarias Municipais de Agricultura, Cooperativas, Associações de Produtores, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (EMATER) e agentes financeiros”, explica Smith.
“Calculamos uma grande demanda inicial. Com essas iniciativas pretendemos envolver de quatro a seis mil famílias de agricultores familiares, tanto nas áreas de terra firme como nas várzeas”, conclui.
Articulação
O primeiro passo será dado no início da safra, quando se estabelecem contratos. Nesta etapa, a indústria se compromete a fornecer semente a preços compatíveis e assistência técnica aos produtores, além de encaminhar propostas a agentes financeiros ou parceiros.
Nesta articulação junto ao Governo do Estado do Pará, a empresa Castanhal se compromete ainda a adquirir toda a produção gerada por um valor compatível com a política de preços do Governo Federal e, independentemente desta política, a Companhia editará os preços a serem pagos na próxima safra já na época do plantio, seguindo os preceitos da remuneração justa, para que os produtores tenham parâmetros de quanto receberão pelos seus produtos.
O processo produtivo terá início em setembro e outubro deste ano, com a fase de preparação da área. Concluída, tem-se na sequência o plantio nos meses de dezembro e janeiro do ano seguinte. Por fim, a colheita será realizada nos meses de agosto e setembro, com o consequente beneficiamento. Após esse processo, as sementes serão analisadas para verificação do grau de umidade, pureza e poder germinativo, somente sendo destinadas a novos plantios as que se enquadrarem dentro dos requisitos técnicos exigidos.
Após a fase de produção, colheita, maceração e secagem serão realizados a embalagem da fibra e o transporte para a indústria. O produtor será acompanhado em todo o ciclo da cultura pelo técnico agrícola, seguindo as normas das certificações nacionais e internacionais, como a Fairtrade, que valida o comércio sustentável, justo e solidário.
Texto: Igor Fonseca/ascom Sedeme