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Fundação Hospital de Clínicas adota o uso da rede como recurso terapêutico para bebês

A técnica, conhecida como método “hammock”, vai além do acolhimento humanizado para o recém-nascido, e funciona como estimulante multissensorial

Por Marcelo Leite (COSANPA)
11/07/2021 10h01

Arraigada à cultura amazônica, rede é agora recurso terapêutico que acalenta e estimula bebês em tratamento intensivo neonatal no HCSeja para um descanso após as refeições ou no final do dia, a rede é um dos itens quase que obrigatórios na casa do paraense. Essa relação cultural é também carregada de benefícios à saúde e agora faz parte da linha de recursos terapêuticos ofertados pela Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna (HC) para a recuperação de bebês diagnosticados com doenças no coração.

A técnica, conhecida como método “hammock”, vai além de um acolhimento humanizado e aconchegante para o recém-nascido, tendo como principal benefício a estimulação multissensorial e o desenvolvimento neuropsicomotor do bebê em tratamento na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. 

“Em um ambiente hospitalar, especialmente em uma UTI, a luminosidade, o barulho e outros estímulos podem atrapalhar o desenvolvimento neuropsicomotor do bebê. A rede é um recurso que ajuda nesse desenvolvimento, favorecendo o equilíbrio no balanço, o alinhamento postural em uma posição semelhante ao intrauterino, além de melhorar as funções respiratórias, com a redução do gasto energético causado pelo estresse e o excesso de estímulos”, explica Paulo Douglas Andrade, fisioterapeuta no Hospital de Clínicas. 

Antônio Neto nasceu no Hospital de Clínicas e logo precisou passar por uma cirurgia de correção da má-formação no coração. Depois de mês, ele se prepara para voltar para o município de Santarém, na região oeste do estado, onde mora a família. 

Foi durante esse período de recuperação, Antônio teve o primeiro contato com a rede e o resultado foi uma surpresa para a mãe, Ana Roberta Magalhães, e para o pai, Elinelso Silva. “Quando chegamos para a visita e encontramos ele dormindo na rede, foi uma surpresa e um momento especial. Depois, a equipe explicou os benefícios para o desenvolvimento dele e como podemos continuar usando a rede em casa, o que é bom para nós porque já é costume na nossa família”, contou Elinelso. 

Rede foi desenvolvida sob medida, protótipo de um projeto para a produção deste e de outros modelos pelo próprio HC

Projeto tem rede criada por técnica de enfermagem do HC 
Referência em cardiologia adulta e pediátrica no Pará, o Hospital de Clínicas conta atualmente com 10 leitos de terapia intensiva neonatal. No primeiro semestre deste ano, 89 bebês nascidos no HC ou transferidos de outras instituições, precisaram de cuidados intensivos na UTI Neonatal e a linha de tratamento é feita de acordo com a necessidade de cada bebê, de uma avaliação multiprofissional e das condições clínicas dos recém-nascidos.  

O método hammock já é bastante utilizado em unidades de terapia intensiva, sendo inclusive tema de estudos científicos. No Hospital de Clínicas, a adoção da técnica terá agora mais praticidade, já que um novo modelo de rede foi criado para substituir os protótipos anteriores feitos de forma improvisada com lençóis entrelaçados. 

O novo modelo foi feito sob medida a partir das necessidades da equipe assistencial. O trabalho de costura foi da técnica de enfermagem Graça Sena e será o ponto de partida para uma produção padronizada pelo Hospital.

“Já estamos construindo um projeto para a produção deste modelo de rede e de um outro adaptado à incubadora, para isso precisamos estabelecer parâmetros para a adoção da técnica, controle de infecção, lavagem após o uso, entre outros cuidados importantes”, explica Paulo Douglas.  

Ivete Vaz, diretora-presidente do HC ressaltou que o projeto para produção de novas redes reforça o compromisso da Fundação com a entrega de um atendimento humanizado e a dedicação dos profissionais com este objetivo. “Esse é o tipo de projeto que revela um cuidado que vai além da alta tecnologia. Por isso temos orgulho do esforço para a criação, a adaptação e pelos resultados que poderemos alcançar no atendimento aos pacientes, acompanhantes e na satisfação das equipes envolvidas”, pontua a gestora. 

Presente no retorno
O retorno de Antônio para Santarém ainda não tem data definida, mas um item terá lugar especial na mala: a rede utilizada por ele nos últimos dias, um presente da equipe da UTI Neonatal e motivo de agradecimento da mãe, Ana Roberta. Para ela, a rede passar a ser vista de outra forma pela família. 

“Eu tenho muita gratidão pelo cuidado que recebemos desde a chegada até a saída. Vendo o tratamento com meu filho e todos os outros, me senti acolhida e essa rede representa um pouco desse carinho. Certamente, o Antônio terá outras redes, mas essa vai fazer parte das histórias que vamos contar para ele”, destacou Ana Roberta.