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Grávidas devem redobrar hidratação e cuidados com alimentos contaminados nas praias e igarapés, recomenda Santa Casa 

Especialistas afirmam que desidratação e infecções aumentam o risco de aborto

Por Luana Laboissiere (SECOM)
08/07/2021 11h56

Durante o verão amazônico, quando as temperaturas chegam a atingir 40 graus, as grávidas devem aumentar a ingestão de água e tomar muito cuidado com contaminação de alimentos vendidos em barracas de praia e restaurantes de balneários.

A recomendação é da nutricionista Deborah Kathleenn Costa, especialista em pré-natal de alto risco do Ambulatório da Mulher da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMP). 

“Obviamente as prescrições precisam ser individualizadas, porém, de forma geral, com o calor mais intenso, mais exposição ao sol, banhos em mar, praias de ambiente salgado, aumenta o perigo de desidratação. Suar mais, desconforto com a temperatura, tudo isso requer às vezes até o dobro de ingestão de água, água mineral mesmo, não qualquer líquido, em comparação a épocas mais amenas”, reforça a profissional.

Ela explica que um adulto comum requer em torno de dois litros de água por dia. Grávidas, por volta de dois litros e meio. Sob calor intenso, esse número pode dobrar, com necessidade de quatro litros, até mais, dependendo de circunstâncias de cada pessoa, como nível de atividade física e contato com o sol. 

Segundo ela, a ideia de que o cálculo seja sobre o consumo de água pura, mineral, é por causa da presença de diversos elementos químicos, como nutrientes, em líquidos tais quais leite e sucos, o que dificulta a quantificação e o controle. 

O alerta é de que um quadro de desidratação na gestação, sobretudo nos casos de médio e alto riscos, como mães hipertensas ou obesas, pode provocar infecção urinária, com resultado imprevisível, inclusive de aborto.    

“Na gestação, existem duas situações importantes quando não se atinge a quantidade hídrica adequada: infecção urinária e, ainda, problemas intestinais, como constipação. A água previne isso. Não é que, sem essa quantidade mínima, a mulher deixe de urinar, porque, no processo natural da gravidez, existe uma maior frequência urinária mesmo, só que, sem a ingesta hídrica ideal, essa urina acaba muito concentrada”, detalha.


Organização de dieta

Outra questão é que, em viagens, fora de casa, muitas vezes as pessoas não se programam quanto à alimentação, ficando à mercê do que houver ofertado ou vendido - industrializados, produtos com higienização duvidosa e receitas com demasiados sal, açúcar e gordura. 

Água e alimentos contaminados com bactérias, vírus e fungos podem acarretar infecções gravíssimas. 

“Temos uma preocupação com organização da dieta. Sugiro que gestantes, em principal as de risco, planejem-se, ou com marmitas, ou com garantia de acesso a locais com segurança alimentar, para que não passem muitas horas sem se alimentar, para que façam associações saudáveis de alimentos e para evitar contaminação”, assinala.


Prevenção

A artesã Débora Fontenele, 42 anos, está no final da gestação da filha Ágatha Ohana. Já mãe de seis filhos, é a primeira vez em que manifesta uma complicação: com quatro meses de grávida, apresentou sangramento e excesso de líquido amniótico.

Moradora do Curuçambá, em Ananindeua, na região metropolitana de Belém, ela realizava o pré-natal no posto de saúde do bairro. Com a intercorrência clínica e encaminhada à Santa Casa, foi diagnosticada com diabetes gestacional. Ela continua o pré-natal no Ambulatório da Gestante do Hospital.

“Comecei o tratamento nutricional aqui e desde então controlo a diabetes. Mudei minha alimentação; incluí mais legumes, verduras e frutas. Hoje me sinto segura e confiante pra dar à luz”, conta. 

Agora em julho, sentindo mais calor, ela foi orientada em relação à hidratação e à adaptação a uma dieta mais leve. 

“Não tenho saído a lazer por causa da pandemia, só que mesmo dentro de casa é mais calor e o sol na rua não tem pena, pra qualquer coisa que precisamos resolver. Procuro usar boné, nunca esqueço do protetor solar e tomo uns cinco banhos geladões por dia”, comenta.

Além disso, atenta-se ao perfil das máscaras, imprescindíveis sobre o coronavírus. Ela própria confecciona as suas, de pano, com dupla e tripla proteções, entretanto com design confortável e tecido escolhido a dedo, para mais conforto respiratório. 


Ambulatório da Mulher

Na atualidade, o Ambulatório da Mulher da Santa Casa acompanha pelo menos 450 mulheres com gestação de risco.

Nutrição é uma das estratégias, dentro de um sistema de atendimento multidisciplinar e multifatorial.

As gestantes são avaliadas em consultas minuciosas e com o complemento de exames de imagem e laboratoriais. 

A proposta é tratamento com consideração absoluta de variáveis como hábitos da paciente, realidade socioeconômica, idade e religião.

“Repassamos coisas práticas, possíveis, respeitando a individualidade e a trajetória de cada gestante, uma vez que nada faz sentido se não houver entendimento e adesão por parte da paciente. Nosso compromisso é cuidar de verdade das pessoas”, aponta a nutricionista Deborah Kathleen Costa. 

Texto: Aline Miranda/ascom Santa Casa