Em Medicilândia, Estado investe para colocar o Pará no topo da produção nacional de chocolate
Governador Helder Barbalho entregou mais uma Escola Indústria de Chocolate e assinou convênio para recuperar a trafegabilidade das estradas vicinais
Governador Helder Barbalho ressaltou os investimentos na expansão da industrialização do cacau paraenseHá seis anos o Pará é o maior produtor de cacau do Brasil, e em breve deve se tornar o Estado com o maior número de marcas de chocolate disponíveis no mercado. A nova Escola Indústria de Chocolate, entregue pelo Governo do Pará nesta sexta-feira (18), em Medicilândia, município da Região de Integração Xingu, é decisiva para o alcance desta meta. O governador Helder Barbalho participou do ato de entrega, quando também assinou convênio para aquisição de equipamentos e maquinários, visando à manutenção de estradas vicinais no município.Helder Barbalho durante a entrega da Escola de Chocolate
De acordo com o governador, as duas ações convergem para o mesmo objetivo: expandir a cultura do cacau no Pará, em quantidade e qualidade. "Isto é fundamental para que possamos potencializar uma vocação extraordinária, que é essa produção. Medicilândia é a capital mundial do cacau. Deve ser um orgulho para todos nós, e devemos, cada vez mais, criar políticas públicas e ações que possam ganhar ainda mais escala em face à qualidade do cacau, não só aqui do município, mas de toda a região, de todo o Estado”, ressaltou Helder Barbalho.
O chefe do Executivo anunciou que, em julho, o Banco do Estado do Pará (Banpará) lançará uma linha de crédito para investimentos, voltada a cacauicultores e outros produtores rurais, com juros próximo de zero. A Escola Indústria enfatiza o potencial do fruto e suas sementes, com vistas à verticalização, garantindo máquinas agrícolas e o acesso, mesmo em épocas mais chuvosas, aos locais de plantio de cacau em Medicilândia.A instalação da Escola Indústria de Chocolate conta com a parceria da Ceplac
"Por esta razão, investimos em maquinário para escoamento de produção, para melhorar as estradas, para apoiar o produtor. Com esta Escola Indústria estamos aqui construindo um caminho, junto com a Federação da Agricultura do Estado do Pará (Faepa), com o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), com a Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará), a fim de formar mão de obra, qualificar e orientar. Para que além do cultivo possamos fazer toda a cadeia, até a produção do chocolate", frisou Helder Barbalho.
O governador adiantou ainda que deve liberar, em dois meses, os recursos necessários para a total reconstrução do Hospital Municipal de Medicilândia, e confirmou que aguarda apenas o projeto de engenharia para apoiar a reestruturação do ginásio da cidade.A empresária Danielly Passareli com o certificado do curso feito na Escola Indústria de AltamiraFormação - Sediada no prédio da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), em Medicilândia, a Escola Indústria já tem turmas inscritas, que deverão iniciar as aulas no próximo semestre. Equipada com recursos do Tesouro estadual, a unidade é a terceira - de um total de seis - que serão implementadas pelo governo do Estado. Uma já funciona em Altamira e outra em Igarapé-Miri. Em dois meses deverá ser inaugurada a de Castanhal, e em seguida a de Tomé-Açu. Haverá ainda uma unidade-ônibus, que atuará de forma itinerante.
A empresária Danielly Passareli mantém, há dez anos, uma confeitaria em Altamira. Na Escola Indústria daquele município ela realizou um curso de 15 dias, voltado ao empreendedorismo e à fabricação de chocolate. Durante a inauguração da unidade de Medicilândia ela recebeu seu certificado de conclusão. "Eu quis fazer a formação por causa do potencial do Xingu em relação ao cacau. Quero que minha confeitaria tenha seu próprio chocolate. Aprendi desde o cultivo do cacau até o manuseio da amêndoa para a produção da barra, que era o que eu mais queria. Com certeza, a gente está diante de uma iniciativa que irá proporcionar a formação de novos profissionais altamente capacitados", avaliou.A Escola é fundamental para agregar valor aos produtosA meta é verticalizar com a produção de barras de chocolate
Projeto desafiador - O professor Luciano Murakami, que coordena todas as unidades da Escola Indústria de Chocolate, antecipou um cronograma que prevê estímulo financeiro, para que pequenas empresas produtoras de chocolate no Pará ultrapassem números de outras capitais tradicionais na produção cacaueira.
"Hoje, a Bahia tem aproximadamente 70 marcas de chocolate. Mas com esse projeto a ideia é fomentar 250 unidades para os alunos começarem a verticalizar o cacau. Em breve o Pará será o maior produtor, e com mais marcas bean-to-bar, que é a verticalização da barra. É um projeto inusitado, desafiador, e o único do tipo realizado pelo Senar nacional", informou o docente.
"Ainda estamos tímidos no processo de verticalização. Nosso grande negócio é a primeira etapa, a do cultivo e da venda de um produto que chega a ser a amêndoa ou o nibs, mas não chega ao chocolate. A nossa grande luta é para agregar ainda mais valor, sem desmerecer o que já ocorre, que é de uma inclusão social extraordinária, já que o cultivo do cacau é uma possibilidade para todos. Atende desde a agricultura familiar ao latifundiário", reforçou o governador.
Qualidade de vida - O secretário extraordinário de Produção do Governo do Pará, Giovanni Queiroz, disse que, ao assumir a pasta, passou a conduzir um trabalho de coordenação de vários órgãos para acelerar o processo de produção em todo o Estado. "Verticalizar significa capacitar também o nosso produtor, para que ele possa se inserir no mercado de consumo de uma iguaria que o mundo todo quer, cada vez mais", afirmou.
O secretário informou ainda que nesta semana o governo estadual liberou R$ 36 milhões para a Emater, a fim de melhorar o atendimento aos produtores rurais, e autorizou o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) a se adequar para assistir aos mais de 50 mil produtores em busca da regularização fundiária de suas propriedades, condição essencial ao acesso ao crédito, ao aumento da produção, do emprego e da renda. "O resgate social é o mais importante. O governador definiu isso como prioridade, para tirar da pobreza mais de 40 mil famílias por ano", enfatizou Giovanni Queiroz. O prefeito de Medicilândia, Júlio do Egito, frisou a importância dos investimentos, como a Escola Indústria, que vão beneficiar diretamente os produtores rurais. "É algo inédito no município. Isso é muito positivo para nossos jovens. Essa política de governo vai acrescentar, alongar, dar mais condições à cadeia agrícola pelo melhoramento da produção e pela aprendizagem", disse o gestor municipal.
Segundo Carlos Xavier, presidente da Faepa, a entidade está confiante na transformação da sociedade pelo fomento à produção. "Eu não tenho dúvida de que é agregando valor em produtos que se gera mais emprego, riqueza. O dia de hoje é histórico, de uma importância enorme para o Estado do Pará, sobretudo para o maior município produtor de cacau do mundo", declarou.
"Em boa hora" - De solo acidentado e argiloso, Medicilândia recebe com entusiasmo a assinatura do convênio para aquisição do maquinário, que vai melhorar a trafegabilidade nas vicinais. "Já não sabíamos mais o que fazer. No inverno passado, que nem foi de chuvas tão fortes assim, teve muita dificuldade para os produtores", recordou Ivan Dantas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município.
"Vai chegar na hora ideal, início de verão. Teremos tempo de cuidar. São quase 2 mil quilômetros de estradas vicinais. Nosso maquinário não dá conta. A produção do cacau depende demais de uma estrada bem conservada para o produtor chegar lá. Uma estrada ruim encarece a ida do comprador até o fruto. O mesmo vale para a pecuária; acaba ocorrendo uma desvalorização. Quanto maior a facilidade, mais barato. Era tudo o que a gente precisava, e no melhor momento", garantiu.