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Novos técnicos do Marajó recebem certificado de conclusão e medalhas da Mostra de Foguetes

Cerimônia foi dividida em dois dias, na Escola de Ensino Técnico de Salvaterra, marcada por emoção e demonstrações de gratidão por parte dos recém-formados

Por Jeniffer Galvão (SECTET)
03/06/2021 19h16

Novos técnicos marajoaras fazem o juramento na entrega dos certificados de conclusão, que os habilita ao mercado de trabalhoA voz firme de Munireh Amaro não conseguiu esconder a emoção, explícita nas palavras trêmulas de Simone da Silva. As duas jovens foram as oradoras das cerimônias de entrega de certificados a concluintes de seis cursos ofertados pela Escola de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepa) de Salvaterra, arquipélago do Marajó. Os eventos foram realizados nas últimas terça e quarta-feiras (1 e 2), na Câmara de Vereadores do município, com a presença de professores, autoridades locais e representante do governo do estado, respeitando todos os protocolos exigidos de prevenção à covid-19.

A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet), responsável pela gestão das Eetepas, foi representada pelo coordenador de Ensino Técnico e Tecnológico, José Neto. Ele destacou o trabalho realizado pela Eetepa Salvaterra e exaltou o empenho dos professores a quem considera os profissionais mais importantes de uma sociedade.

Dirigindo-se aos formandos, disse que são a inspiração para que o governo do estado, por meio da Sectet, siga motivado a trabalhar a cada dia mais pela educação profissional e tecnológica no estado.

“Vocês, mesmo diante de todas as dificuldades, em especial esta pandemia, foram resilientes, insistentes e comprometidos com seus próprios futuros. Em nome governador do estado, Helder Barbalho, e em nome do secretário Carlos Maneschy, parabenizo a todos e desejo muito sucesso”, disse o representante da Sectet.

José Neto ressaltou ainda a importância da capacitação e formação profissional para proporcionar, principalmente aos jovens, a oportunidade de entrar no mercado de trabalho e garantir dignidade para si e seus familiares. A representante da prefeitura de Salvaterra, Adeline Angelim, diretora de ensino da Secretaria Municipal de Educação, parabenizou a escola e os formandos, destacando o importante papel desempenhado pela Eetepa na região ao ofertar cursos que oportunizam o ingresso em uma nova vida profissional. "Aproveitem quando as oportunidades aparecerem. Se vocês chegaram até aqui é porque são profissionais de excelência”, frisou.

FAMÍLIAS

A diretora da Eetepa Salvaterra, Gisele Abdon, destacou as circunstâncias sanitárias que impediram a realização de uma grande festa de formatura e lembrou a importância de pais e familiares, que não puderam estar presentes.

“A todos vocês que venceram todas as barreiras e dificuldades, o que essa escola deseja é que esse diploma de fato consiga mudar a realidade de cada um e que possam transformá-lo em ganhos, porque essa escola tem o compromisso de formar profissionais de excelência”, destacou.

A gestora informou ainda que muitos dos formandos já estão no mercado de trabalho e outros conseguiram vagas em cursos de nível superior, demonstrando na prática a qualidade do ensino realizado na Eetepa.

GRATIDÃO

Formanda da Escola de Ensino Técnico em Salvaterra recebe o certificado de conclusão: solenidade foi marcada por muita emoçãoO tom das duas cerimônias foi de emoção e agradecimentos. Simone da Silva, oradora do primeiro dia, destacou as dificuldades que os estudantes enfrentaram para concluir seus cursos, muitos tendo que driblar obstáculos como o tempo de chuvas, a geografia da região e a distância entre suas casas e a escola, já que as turmas têm alunos que moram em outras cidades marajoaras, como a vizinha Soure.

“Muitos de nós pensaram em desistir, assim como eu. E hoje somos mais que vencedores concluindo esses cursos, sendo reconhecidos profissionalmente com os nossos diplomas em mãos. Isso é só o começo de grandes vitórias para cada um de nós”, disse a nova técnica em eventos, que agradeceu à instituição e aos professores e servidores da Eetepa, não contendo as lágrimas ao se dirigir à professora Keila Monteiro.

Munireh Amaro, oradora do segundo dia, ressaltou os anos de convivência com os colegas e a equipe da escola e destacou a amizade e o respeito construídos, mesmo com as diferenças e divergências de opinião.

“Um turbilhão de emoções nos toma conta nesse momento. Alívio e saudade, medo e coragem. Concluímos mais uma etapa, uma das muitas vitórias que virão porque temos força de vontade e persistência e foram elas que nos trouxeram até aqui”, enfatizou a técnica em administração.

A formanda também fez agradecimentos especiais aos professores, carinho audível nos aplausos entusiasmados a cada vez que o nome de um deles e uma delas era chamado pelo mestre de cerimônia. Fácil também de perceber a reciprocidade desse sentimento. O professor da Eetepa, Karlson Lamberg, que atuou como mestre de cerimônia dos dois dias, demonstrou o entrosamento e bom relacionamento entre a equipe da escola e seus estudantes, dando um toque descontraído e alegre aos eventos de formatura.

“Acompanhamos as histórias de vida desses alunos e os ajudamos em tudo que podemos. Vê-los recebendo seus diplomas e buscando seus próprios caminhos nos emociona e nos deixa extremamente felizes. E esse sentimento é compartilhado por todos nós, professores, e nossa equipe de apoio”, disse o professor.

FOGUETES

Alunos inscritos na Mostra Brasileira de Foguetes (Mobfog), da Olimpíada Brasileira de Astronomia, tiveram uma excelente performanceNos dois dias de evento, receberam o certificado os concluintes dos cursos de Manutenção e Suporte, Eventos (duas turmas), Guia de Turismo, Informática e Administração. Além dos novos técnicos e técnicas, foi feita a entrega de medalhas e certificados aos alunos participantes do projeto inscrito na Mostra Brasileira de Foguetes (Mobfog), evento que acontece dentro da Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA).

O projeto Mobfog da Eetepa Salvaterra tem a coordenação do professor de Física, Alan Luis Figueiredo da Paz e vem sendo desenvolvido há três anos. Ele começou a incentivar os alunos a participarem do processo de experimentação com foguetes para despertar o interesse pela disciplina e desenvolver habilidades necessárias a suas formações.

Essa estratégia foi adotada pelo fato de normalmente a referida disciplina ser vista pelos estudantes como de difícil compreensão e nenhuma associação com o cotidiano. “Fazendo uma atividade prática, eles poderiam quebrar essa resistência e passar se interessar mais pela Física e entender a ação dela no dia a dia”, conta o professor.

Em 2019, os alunos foram classificados para participar da Jornada de Foguetes que acontece no Rio de Janeiro. O governo do estado disponibilizou as passagens aéreas para que o professor Alan e mais três alunos chegassem a Barra do Piraí (RJ).

Mobilizando professores e empresários da região, eles conseguiram a estadia. Voltaram de lá com medalhas de ouro, troféu e o título de Campeões da Jornada de Foguetes. A equipe alcançou a marca de 183 metros no lançamento obliquo com foguetes construídos com garrafas PET e uma base de lançamento confeccionada com cano de PVC.

Em 2020, a Mobfog foi realizada na escola Eetepa no mês de novembro, respeitando os protocolos de segurança e acompanhados por uma equipe de profissionais da saúde do próprio quadro de docentes da escola. Por razões restritivas geradas pela pandemia, a Jornada de Foguetes não aconteceu, porém a equipe obteve excelentes resultados nos alcances de foguetes, com metragem máxima alcançada de 183 metros. O resultado de cada equipe resultou na conquista de 11 medalhas, três das quais medalhas de ouros, cinco medalhas de prata e três medalhas de bronze, entregues na cerimônia desta quarta-feira, 2.

Os foguetes são construídos a partir de materiais recicláveis, como garrafas pet, forro de PVC ou similar, e devem voar numa base que pode ser de madeira e tubo de PVC hidráulico ou conforme a criatividade do aluno e materiais disponíveis.

O professor explica que os foguetes são impulsionados pela reação química da mistura entre ácido acético (H4C2O2) – vinagre e bicabornato de sódio (NaHCO3), gerando o gás dióxido carbono (CO2) que pressuriza o interior do foguete (garrafa pet); em seguida um gatilho artesanal é acionado, liberando o foguete numa trajetória parabólica.

“Toda a fase de construção de foguete e base de lançamento, testagem e lançamentos oficiais são realizadas sob minha supervisão e ainda recebem acompanhamento pedagógico, principalmente com as equipes iniciantes”, explica o professor Alan.

Este ano, a Mobfog ocorreu no dia 27 de maio, com a participação de 16 alunos de diversos cursos da modalidade integrado. A metragem máxima alcançada pelos foguetes foi de 182 metros, superando, assim, a marca do ano passado de 163m. Os dados foram enviados para o Sistema da OBA, onde serão analisados e comparados com as demais escolas nacionais, para, assim, serem divulgados oficialmente em julho deste ano os medalhistas.

“Pelas experiências nas edições anteriores da Mobfog e com os resultados obtidos neste ano, provavelmente teremos novos medalhistas em nossa escola e se a condição pandêmica permitir, seremos convidados a participar da Jornada de Foguetes no Rio de Janeiro”, comemora o professor.