Sespa traz a Belém exposição da Fiocruz e do Inca sobre o controle do tabagismo
Os embates entre a indústria do tabaco e as organizações brasileiras da área de saúde pública ao longo do século XX fazem parte da exposição itinerante “O Controle do Tabaco no Brasil: uma trajetória”, que está aberta à visitação em Belém até a próxima sexta-feira (17), no térreo dos campi Alcindo Cacela e Senador Lemos da Universidade da Amazônia (Unama).
Iniciativa da Casa de Oswaldo Cruz (COC), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Instituto Nacional de Câncer "José Alencar Gomes da Silva" (Inca), a mostra está na capital paraense devido à articulação feita pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), por meio da Coordenação de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (CDCNT), responsável pelo Programa do Tabagismo no Estado.
Durante o período da exposição, alunos dos cursos de História, Matemática, Artes Visuais, Jornalismo, Publicidade, Enfermagem, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicologia, Nutrição, Educação Física e Pedagogia farão visitas monitoradas, como parte das atividades inerentes às grades curriculares dos respectivos cursos.
Segundo Sílvia Corrêa, coordenadora de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (CDCNT) da Sespa, o objetivo é mostrar a trajetória do controle do câncer no Brasil e as medidas para a divulgação de ações de prevenção da doença.
Reflexão - Em depoimento ao informativo “Leia Já”, da Unama, a representante do Núcleo de Responsabilidade Social da instituição, Rachel Abreu, afirma que a exposição traz um momento de reflexão para os alunos. “Somos a primeira instituição visitada pela Secretaria. A exposição irá percorrer várias outras instituições e, com esse trabalho, tem nos proporcionado dados atualizados sobre o tabagismo no País, além de levar informação para toda a comunidade acadêmica”, ressalta.
Aberta ao público durante três turnos, a exposição é uma das iniciativas do projeto “História do Câncer: atores, cenários e políticas públicas”, realizado em conjunto pelo Inca e a Fiocruz, por intermédio do Departamento de Pesquisas em História das Ciências e da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz. O objetivo é produzir conhecimento histórico sobre o câncer no Brasil.
Conscientização - Dividida em 22 painéis fotográficos, a exposição apresenta o esforço dos sanitaristas brasileiros frente ao estímulo do consumo de cigarros e seus derivados. Os painéis trazem cartazes de cinema e campanhas publicitárias com o objetivo de induzir as pessoas ao consumo de cigarro, e também os esforços dos órgãos governamentais, utilizando campanhas, cartazes e outros veículos de informação para conscientizar a população sobre os malefícios do fumo, para que o Brasil avance no controle do tabaco e proteja a população das doenças decorrentes do tabagismo.
Os organizadores da exposição consideram “fundamental informar principalmente aos jovens os danos que o tabagismo causa à população de fumantes e não fumantes, e que existem também tratamentos pela rede pública de saúde para os dependentes”.
No Pará, o tratamento para deixar de fumar, oferecido por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), é descentralizado. Em Belém, é disponível pela Sespa, por meio do Centro de Referência em Abordagem e Tratamento ao Fumante; pela Secretaria Municipal de Saúde de Belém, nas Unidades Básicas de Saúde do Telégrafo, do Tapanã, da Marambaia, do Jurunas e Benguí II, e também no interior do Estado, via encaminhamentos emitidos pelas Secretarias de Saúde dos municípios.
Segundo dados da última pesquisa sobre Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), realizada em 2015 em Belém, 7,1% da população adulta são fumantes. A cidade é a 21ª no ranking das 27 capitais brasileiras. As estimativas apontam que em Belém existam cerca de 76.800 fumantes e, no Pará, 380 mil. A pesquisa mostra outras categorias, como as de ex-fumantes (22,8 %); fumantes passivos no domicílio (8,8%) e fumantes passivos no trabalho (9%). Os dados são referentes à população adulta da capital paraense, com representatividade para todo o Estado.
Rituais - A exposição mostra que o tabaco começou a ser utilizado por volta do ano 1.000 a.C., nas sociedades indígenas da América Central, em rituais mágico-religiosos, visando purificar, contemplar, proteger e fortalecer os ímpetos guerreiros. Por iniciativa de navegadores europeus, ainda no século XVI, alcançou outras partes do mundo.
O desenvolvimento industrial e novos estilos de vida contribuíram para aumentar o consumo de cigarro e, consequentemente, o número de doenças e mortes relacionadas ao tabagismo (doença causada pela dependência à nicotina, um dos milhares de elementos nocivos à saúde existentes no cigarro), transformando-o em grave problema de saúde pública.
Serviço: Exposição “O Controle do Tabaco no Brasil: uma trajetória”, de 13 a 17 de fevereiro, das 8 às 12 h, e das 15 às 22 h, nos campi Alcindo Cacela e Senador Lemos, da Universidade da Amazônia (Unama).