Agricultores e Emater comemoram o registro de Indicação Geográfica da Farinha de Bragança
A realização de um sonho coletivo. Eis é a síntese do sentimento do produtor de farinha, Giovani Medeiros, da Comunidade Sto Antônio, assistido pela Emater
O agricultor, Giovani Medeiros, da Comunidade Santo Antônio em Bragança, produtor de farinha acompanhado pela de Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), se emocionou esta semana ao saber que a Farinha de Bragança tinha conquistado o Registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência, fornecido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Para ele, a obtenção do registro, no dia 18, é a realização de um sonho coletivo.
“É uma das melhores conquistas a respeito da nossa farinha. Ela tinha muita fama, mas hoje com o Registro de Indicação Geográfica da Farinha de Bragança, isso se torna o reconhecimento oficial de cada um dos agricultores que fazem farinha dentro da delimitação dos cinco municípios e é um motivo pra gente se orgulhar”, afirma Giovani.
Os cinco municípios aos quais o agricultor faz referência são: Bragança, Augusto Corrêa, Tracuateua, Santa Luzia e Viseu, que no passado eram parte do território do município de Bragança e ao longo dos anos foram desmembrados em outros municípios.
No município de Augusto Corrêa, quem também está orgulhoso é o agricultor Tomé Reis, outro produtor da agora legítima Farinha de Bragança. Em sua propriedade, o escritório local da Emater de Augusto Corrêa tem em funcionamento uma Unidade de Experimentação (U.E) chamada Roça de Lenha, que visa contribuir para o uso sustentável de lenha na produção da farinha, atendendo assim um requisito do selo de Indicação geográfica que é a legislação ambiental. Consciente da conquista e de sua colaboração, o agricultor comemora e chama para responsabilidade.
"É uma conquista muito grande pra gente que trabalha na agricultura e também é uma responsabilidade carregar esse selo de Indicação Geográfica da Farinha de Bragança. A gente agora tem que se organizar ainda mais e fazer se multiplicar o que a gente já vem fazendo aqui na minha propriedade, que é o banco de lenha, porque vamos precisar de lenha para produzir mais farinha”, acredita o agricultor.
A questão ambiental, além de requisito, é também um dos focos do trabalho da Emater, ressalta o diretor técnico da instituição, Rosival Possidônio.
“A Emater não está preocupada com a farinha pela farinha. A nossa preocupação é com a sustentabilidade para que tudo seja feito sem agredir o meio ambiente. Nós não estamos incorporando novas áreas ao processo produtivo, pelo contrário, estamos utilizando áreas que já foram cultivadas, fazendo a fertilidade do solo necessária. Também estamos com ações para garantir o suporte de energia, utilizando o caroço do açaí que é abundante, adaptando o tacho junto a fornalha que diminui a perda de calor, reduzindo o consumo de lenha, entre outras ações.”, explica o diretor.
Para ter alcançado o registro de Indicação Geográfica (IG), na espécie Indicação de Procedência, para a farinha de mandioca da região de Bragança (Farinha de Bragança), além de atender a legislação ambiental, os produtores precisaram estar também adequados às legislações fiscais e sanitária, e serem produtores familiares pertencentes a área geográfica delimitada pelos 5 municípios, além de produzir a farinha de forma artesanal (farinha lavada) de acordo com o critério estabelecido no caderno de especificações técnicas para a produção da Farinha de Bragança.
A representante da Emater no Fórum Técnico de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Pará, Karine Sarraf, considera que o Registro de IG para a farinha de Bragança é o resultado de um amplo trabalho envolvendo o esforço de produtores, da Emater e de outras instituições.
“Os produtores esperam por esse reconhecimento há mais de 12 anos, desde que a farinha de Bragança foi citada em um congresso como um dos 10 produtos paraenses como potencial para receber a IG , a Emater e a prefeitura de Bragança começaram um trabalho de informação e sensibilização junto aos produtores. Mas foi em 2013, que o Sebrae comprou a ideia e entrou injetando recursos para fazer o diagnóstico e pleitear a IG” conta Karine.
Ao longo de mais de uma década, a Emater buscou divulgar, informar e orientar os agricultores sobre o que era IG, para que ela servia e quais os benefícios, além de mobilizar, conscientizar e capacitar os agricultores por meio de oficinas para que eles identificassem cada etapa da produção do produto, quais as características, seu diferencial e todo o processo histórico.
Karine Sarraf ressalta como todo esse trabalho e a conquista do registro de IG contribuem para o fortalecimento do produto no mercado.
“Essa conquista representa o reconhecimento do nome Bragança como um produto de qualidade, de sabor e de origem garantidos. Ao longo dos anos a gente vem vendo a produção de farinha de outras regiões do Estado usarem o nome Bragança pra agregar valor e melhorar o preço das suas farinhas. Então a gente percebeu o quanto o uso do nome Bragança é forte e o quanto ele representa em termo de agregação de valor.”, afirma a representante da Emater no Fórum Técnico de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Pará.
Valorização é o que esperam também os produtores, como Miguel Reis, da Comunidade Nova Olinda, em Augusto Corrêa. “A nossa farinha é muito boa e famosa e agora esperamos ter ainda mais retorno financeiro com esse reconhecimento que conseguimos. Isso se deve em grande parte às parcerias, como a da Emater que sempre esteve nos acompanhando como produtores.”, considera Miguel.
A IG Farinha de Bragança é a quarta indicação geográfica do Estado. O Registro de Indicação Geográfica é permanente e o selo da Farinha de Bragança ficará sob a guarda da Cooperativa de Agricultores e Extrativistas da Região dos Caetés ( Comac) que será a protetorado do selo junto com um Conselho Regulador formado por sete entidades, que são quatro cooperativas da região, além da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará ( Fetagri), Prefeitura de Bragança e Emater, por meio dos escritórios locais dos cinco municípios que estão dentro da área geográfica para a IG Farinha de Bragança.