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Ophir Loyola amplia residências médicas e fortalece saúde no Pará

Por Redação - Agência PA (SECOM)
19/02/2017 00h00

O Pará é hoje um dos estados brasileiros que mais formam mão-de-obra qualificada para o Sistema Único de Saúde no País. A atuação de seus hospitais públicos, que abrem suas portas à necessidade de ampliação de formação especializada em saúde, vem contribuindo decisivamente para o fortalecimento do atendimento médico na região Norte.

Como exemplo desse esforço contínuo, na noite de sexta-feira (17), ocorreu a formatura de 33 novos médicos especialistas que participaram do programa de residência médica do Hospital Ophir Loyola (HOL) - um dos maiores núcleos de formação através de residências médicas no Pará. A cerimônia, realizada na Estação Gasômetro, em Belém, foi um marco: pela primeira vez, em 15 anos, ela voltou a acontecer – mostrando a retomada da vitalidade de uma frente de atuação em ensino e pesquisa que é crucial para o desenvolvimento do Pará.

Os concluintes da residência do HOL são médicos agora especializados em mastologia, endoscopia, cancerologia clínica, radiologia, clínica médica, anestesiologia, cirurgia geral, neurocirurgia, nefrologia e urologia.

Na cerimônia, os certificados foram entregues num rito elegante e cheio de emoção, com a participação de familiares e autoridades em saúde - entre eles Vitor Mateus, titular da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa); Luiz Cláudio Chaves, diretor geral do Hospital Ophir Loyola; Fabrício Tuji, diretor de ensino e pesquisa do HOL e Eric Pascoal, diretor do Departamento de Ensino Técnico do hospital, além de Jorge Tuma, representante do Conselho Regional de Medicina (CRM) e Ana Lídia Cabeça, diretora do Hospital de Clínicas Gaspar Vianna.

Até o ano passado, o Hospital Ophir Loyola formou 480 médicos especialistas em seus 13 programas de residência médica, iniciados nos anos 1980. Um trabalho técnico-científico que beneficia a formação profissional, mas também o atendimento em saúde oferecido na região.

A residência médica equivale a uma pós-graduação, voltada a médicos já graduados e registrados no Conselho Regional de Medicina. Como acontece em outras áreas de atuação, a passagem por programas de residência médica, oferecidos em instituições de saúde por todo o País, confere aos participantes um aprimoramento da formação para a dedicação especializada em áreas específicas de atuação. Em geral, na área médica essas formações podem variar de três a até cinco anos de estudos - conciliados com trabalho intenso em instituições de saúde.

Com a diplomação, os formados pelas residências médicas podem se registrar imediatamente no CRM como especialistas em suas áreas e podem passar a exercer imediatamente suas novas formações, incluindo participar de concursos específicos para suas áreas.

O treinamento oferecido pela formação em residência médica segue normas estabelecidas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Os programas do HOL são desenvolvidos em parceria com a Universidade do Estado do Pará (Uepa) – através da modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, sob a forma de especialização caracterizada por ensino em serviço.

Todos os que passam por residência têm que desenvolver trabalhos, que são devidamente apresentados e avaliados. Os trabalhos dos mais recentes concluintes dos programas de residência do HOL foram apresentados entre 13 e 14 de fevereiro. Os três primeiros trabalhos mereceram menções honrosas e deram destaque aos médicos Raissa Norat Vaneta, Tarcísio de Oliveira e Juliana Pereira Nicolau da Costa.

Por isso tudo, os chamados hospitais de ensino, como o Ophir Loyola, têm um papel importante para o fortalecimento da saúde pública em todo o Brasil. O HOL foi elevado a essa condição com certificação conferida pelo Ministério da Saúde em 2009.

 “Quando valorizamos esse saber, estamos valorizando a saúde pública”, pondera Eric Pascoal, diretor do Departamento de Ensino Técnico do HOL, lembrando que o modelo de residência médica surgiu ainda em 1889, nos Estados Unidos, mas apenas em 1927 foi reconhecido.

No Brasil, os programas de residência passaram a ser estabelecidos em 1940. No HOL, esse esforço começou nos anos 1980, com a formação de anestesiologistas. Atualmente, mais da metade desses profissionais em atuação no Pará foi formada pelo Hospital Ophir Loyola

“A qualificação do profissional de medicina exige duas formações. Uma é a graduação e a outra é a pós-graduação, que passa pela residência, um período importante e de rotina dura, com carga horária de 60 horas semanais de trabalho, por dois ou até cinco anos. A dedicação dos residentes é muito grande e toda a vida profissional depende dessa formação. Então, esse é o ápice de duas carreiras, e esse momento tem que refletir isso”, justifica o diretor geral do Hospital Ophir Loyola, Luiz Cláudio Chaves, sobre a retomada da cerimônia de conclusão dos trabalhos dos residentes da instituição.

Tradição

“A identidade do Hospital Ophir Loyola foi construída em torno desse esforço pelo desenvolvimento do atendimento no Estado. Em 1981, vimos nascer todo um espírito de ensino no hospital. E isso deu início a um movimento que acabou levando a um curso de medicina aberto pela Universidade do Estado do Pará, e mais recentemente também em Santarém. O Ophir Loyola criou um núcleo de residência num momento em que ainda se criava a Comissão Nacional de Residência Médica. E foi um grande desafio esse de se transformar num hospital de ensino de verdade, com financiamento das bolsas de residência feitas pelo próprio hospital, com recursos de custeio”, ressaltou o diretor geral do HOL. “E, hoje, o grande desafio debatido ao redor do mundo é como formar cada vez profissionais de um modo melhor, e em menos tempo”.

A história do HOL tradicionalmente foi ligada à missão de associar ensino e pesquisa ao atendimento. Foi assim quando o Instituto Ophir Loyola, instituição centenária, de origem filantrópica, se uniu ao Hospital dos Servidores do Estado, em 1960. A história da formação em residência, iniciada nos anos 1980, ganhou corpo quando, em 2006, se criou, finalmente, a autarquia HOL.

No seu artigo primeiro de criação, já se diz que a instituição nasce com a natureza de hospital de ensino para atender a Universidade do Estado do Pará. Ou seja: o hospital já é estruturado como centro formador de especialistas, para que ofereçam suporte de mão de obra demandada para o Estado - como a exigida para os hospitais regionais criados em todo o Estado, ao longo da última década.

“É uma grande ação conjugada entre Sespa, Hospital Ophir Loyola, Universidade do Estado do Pará e governo do Estado, como um todo, para viabilizar esses hospitais e permitir que as pessoas aqui graduadas possam também se especializar e aqui trabalhar”, pondera Luiz Cláudio Chaves. “Hoje já formamos as primeiras turmas de especialistas no interior do Estado. Poucos notam, mas o Pará deu um grande salto de qualidade na saúde nos últimos anos”.

Para o secretário estadual de saúde, Vitor Mateus, a trajetória de atuação e reconhecimento seculares do HOL demonstra o esforço prioritário do Estado em oferecer residências médicas. “E a residência médica hoje oferecida em Santarém também é um sucesso. Poucos apostaram em termos hospitais de excelência nas mais diversas regiões do Estado. Tudo isso valeu a pena e hoje o HOL é uma prova permanente desse sucesso. Nenhum país se tornou desenvolvido sem aprimorar o conhecimento. Numa região como a nossa, isso é um desafio ainda maior. É a nossa aposta para o futuro, e o HOL faz parte disso”, pontuou Mateus, ressaltando que o Pará seguirá avançando em saúde. “Vamos continuar investindo sim, em Itaituba, Castanhal, Capanema e em Icoaraci, com o Hospital Abelardo Santos”.

Instituição forma cerca de 40 profissionais todos os anos, em diversas especialidades

Vestidos de festa, trajes de gala, canudos à mão, sorrisos e acenos a fotógrafos, abraços e cumprimentos de amigos e familiares. Na noite de festa da última sexta-feira, os 33 jovens novos formandos pelos programas de residência médica do HOL celebravam o fim de uma etapa importante de suas carreiras – e com uma graça de ares cansados, como se pausassem ali, sublimadas, por alguns momentos, a dura rotina de aprendizados com jalecos e as horas a fio entre a redação de suas monografias e o atendimento no hospital público, que é referência no tratamento do câncer no Estado. Não é para menos: ali estava cristalizado o fôlego retomado após horas de dedicação, numa experiência que será decisiva para o resto de suas vidas e trajetórias profissionais.

“Ficamos muito felizes. Era um dos objetivos da vida dela. Mas também ficamos felizes por entender que qualquer formação a mais é muito importante para qualquer carreira. Dá mais cabedal de conhecimento. Estudar nunca é demais num mercado tão competitivo. Mas, o mais importante é o conhecimento que é acumulado, para ajudar as pessoas”, sorria, à beira do palco da Estação Gasômetro, o engenheiro agrônomo Elias Tuma, 59.

O pai dá sua mão à filha para que suba ao tablado. A médica tenente do Exército, Helen Fabrícia Tuma, 31, está prestes a receber o diploma que a certifica como especialista em radiologia, após três anos na residência realizada no Hospital Ophir Loyola.

 “Foi uma experiência grande, voltada ao tratamento com câncer na saúde pública, mas principalmente na parte de diagnóstico, que é minha especialidade. Agora é ampliar minha entrada no mercado de trabalho”, comemorava a concluinte.

A mãe, Railda Tuma, 59, orgulhosa, arrematou: “O mais importante na vida de Fabrícia e de seus colegas é um ponto importante a ser observado: quase todos aqui estudaram em instituições públicas, como a Universidade Federal do Pará, e houve a hora de contribuir com a população, que pagou impostos para que eles tivessem essa formação. Agora é o momento de contribuir com a sociedade”.

O tema da monografia da doutora Helen Tuma reflete isso: seu trabalho deixa uma contribuição ao Ophir Loyola, com achados sobre a punção da tireóide, com apoio de ultrassonografias, para a detecção do câncer. A punção em tireóides pode identificar vários tipos de tumores, de forma citológica. “É um procedimento muito simples, mas ainda há muita dificuldade de acesso a esse tipo de exame. Esse é o debate central do meu trabalho. É algo que pode e precisa ser difundido”. No sistema público de saúde do Pará, só o HOL realiza esse tipo de procedimento.

“O Ophir Loyola é uma grande escola. Aqui há casos que não se encontram nem em outros hospitais do País”, assevera Juliana Sá Pinheiro, médica que esteve entre os companheiros de Helen Fabrícia Tuma no programa em radiologia e diagnóstico por imagens do Ophir Loyola.

“Essa é uma festa importante. Encerra um momento único para todos nós, e que para alguns durou até cinco anos. Foi uma experiência muito gratificante, em que o profissional aprimora conhecimentos adquiridos durante a universidade e agrega conhecimentos de uma área específica. É simplesmente incrível você poder conciliar o atendimento ao paciente aos estudos. Não tem preço”.

Futuros

Na área de radiologia, abraçada pelas doutoras Helen e Juliana, 100% dos médicos com essa especialidade formados hoje no Pará passaram obrigatoriamente pelo Ophir Loyola. “É um hospital centenário e o que tem algumas das residências médicas mais antigas do Pará. Hoje ele é responsável pela formação de muitos profissionais em várias especialidades, muitas dirigidas à área oncológica. Nossa responsabilidade é grande justamente porque o estado precisa muito de profissionais em várias áreas, principalmente para fortalecer e preencher lacunas no interior”, justifica Fabrício Tuji, diretor de ensino e pesquisa do HOL.

Hoje o hospital tem formado cerca de 40 residentes a cada ano, abrindo caminhos, como a da nova especialização em hematologia, oferecida recentemente. “O caminho é amplo, apesar da atual conjuntura do País. Queremos investir mais em educação, abrindo mais vagas em residência, e almejamos a abertura de um mestrado em oncologia, um passo importante também para a pesquisa médica no Estado. Hoje temos um laboratório de biologia molecular, que é um dos mais bem equipados do Pará, além de único entre hospitais públicos no Estado, aberto em 2015”, aponta Tuji.

O diretor de ensino e pesquisa do HOL também comemora os avanços recentes em pesquisa e experimental clínica na instituição. “Isso acarretará em avanços em conhecimentos de tratamentos e também permitirá que possamos dar um salto na participação de editais de órgãos de fomento. Isso permitirá que a pesquisa também ajude a fortalecer o atendimento em saúde no Estado”.

“Falar em residência médica é falar em batalhas de vida. O próprio nome já resume o esforço dessa missão, que inclui desafios todos os dias, rumo a uma visão cada vez maior sobre nossas carreiras”, resumiu Tarcísio Oliveira em discurso feito na cerimônia de formação de residentes do HOL na última sexta.

Médico formado agora em neurocirurgia, ele foi o orador representante de todos os alunos dos 13 programas de residência oferecidos hoje pelo Ophir Loyola. “Tornamos as residências nossas casa e nossa família. Um residente é um guerreiro em treinamento. E agora esse treinamento está finalizado, e podemos cumprir nossa missão”.