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TERRAS E ASSUNTOS RURAIS

Emater investe na Roça de Lenha como solução sustentável para a produção de farinha em Bragança

Por Governo do Pará (SECOM)
23/04/2021 15h39

Vem do município de Bragança uma das farinhas mais apreciadas pelos paraenses. Crocante, levemente amarelada e de um sabor suave, a “Farinha de Bragança” tem clientela fiel nas feiras e mercados. E um dos “segredos” dessa qualidade é o processo de produção tradicional, com a torra feita em fornos à lenha. Mas será que alguém se perguntou de onde vem a madeira que abastece os fornos?

Os técnicos do escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Bragança, que prestam assistência técnica e acompanham de perto os agricultores que produzem farinha, se perguntaram. E a constatação de que a madeira para a produção de lenha é um recurso que pode se tornar escasso na natureza, e também de que o processo de retirada desse elemento pode contribuir com a degradação ambiental originaram o Projeto Roça de Lenha, como explica o engenheiro florestal e chefe do escritório da Emater em Bragança, Adriano da Paixão.

“A principal importância é despertar a consciência ambiental para o uso sustentável de lenha no processamento da farinha de mandioca e assim contribuindo para a sustentabilidade da Farinha de Bragança. A produção feita na roça de lenha pode contribuir com a recuperação de áreas degradadas e a redução do desmatamento ilegal e queimadas”, ressalta Adriano.

Desenvolvida desde 2018 pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Bragança, a Unidade de Experimentação ( U.E) Roça de Lenha está localizada na propriedade do agricultor familiar Tomé de Sousa Reis na Comunidade Montenegro, e tem o objeto de sensibilizar os agricultores para a necessidade de cultivo de espécies que gerem madeira para lenha, prevendo que no futuro pode haver carência de lenha utilizada para suprir as necessidades das casas de farinha dos agricultores familiares da região bragantina, o que pode ser um fator limitante para o processamento da farinha.

O objetivo do projeto é incentivar os agricultores familiares da Região Bragantina, que produzem farinha, a terem uma área plantada com espécies que fornecem lenha para as agroindústrias produtoras de farinha, como detalha Michela Belarmino, supervisora adjunta do Regional da Emater em Capanema, ao qual o escritório local de Bragança está vinculado.

“É importante ressaltar que como a produção de farinha em Bragança é muito grande e os produtores pegam suas lenhas direto da capoeira de suas propriedades, chegará um momento em que a lenha para as casas de farinha estará tão escassa que ficará inviável a produção de farinha em função do preço da lenha. Logo, o banco de lenha vai suprir uma necessidade econômica.”, afirma, Belarmino.

O Banco de Lenha consiste no cultivo de espécies que possuem algumas características como: madeira com valor energético alto, idade de corte precoce, facilidade de rebrota, fácil manejo. Na Unidade de experimentação de Bragança foram plantadas as espécies Tapiririca, Ingá, Cipó e Maravuvuia, sendo todas emergentes, com características de rebrotamento para produção de lenha (bioenergia).

De acordo com Adriano Paixão, a poda de condução, realizada agora em abril, gerou em média 2m³ de lenha, somente dos galhos, que serão utilizadas no aquecimento dos fornos para o escaldamento da massa e torragem da farinha de mandioca.

“Essa poda consiste na retirara do excesso de galhos para permitir a entrar de luz solar no sistema e assim estimular o desenvolvimento das arvores principalmente em diâmetro, além de fornecer biomassa para a cobertura do solo e posterior ciclagem de nutrientes.”, explica o engenheiro florestal.

Que acrescenta que a execução da Roça de Lenha é acessível aos agricultores familiares. “Ela possui baixo custo, sendo cultivadas espécies de arvores coletadass nas própria Unidades Familiar de Produção Agropecuária, que possuem rápido crescimento, e estão adaptadas a realidade local como características de rebrotação e que aceitam vários cortes, pois assim evita o replantio. “, afirma Adriano.

Para o agricultor Tomé Reis, ver que a produção de lenha se tornando realidade em sua propriedade é animador, pois ele acredita na agricultura sustentável na região.

“Pra mim está sendo muito importante que Emater está nos ajudando a plantar e ter um banco de lenha. Hoje se a gente for analisar a nossa terra aqui, já não tem quase lenha pra se tirar aqui e em outras comunidades. Então a gente precisa ter o conhecimento, nós agricultores precisamos ter essa consciência e levar para outros, que não é só tirar lenha, mas também plantar”, afirma o agricultor que ressalta: “porque o nosso ambiente tá precisando, porque hoje a gente só vê desmantamento. Se todo mundo tivesse a consciência da importância de do banco de lenha eu acho que o nosso planeta terra ia se sentir mais vivo, mais verde!”, conclui.

Em Bragança cerca de 2500 agricultores que possuem a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) produzem 5,8 t de farinha por ano. Cada produtor consome em média, anualmente, 14 m ³ de lenha, que pode custar entre entre 50 a 80 reais o m³.

Por Etiene Andrade (Ascom/Emater)