Concerto de Carnaval da Orquestra Sinfônica lota o Theatro da Paz
Vestidos de personagens do cinema como Darth Vader (Star Wars), Coringa (Batman), Alex (Laranja Mecânica), e também de ícones da história mundial, como Frida Khalo, os músicos da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) apresentaram na noite desta quinta-feira, 23, um espetáculo repleto de surpresas para o público que costuma frequentar a casa habitualmente.
Em ritmo de carnaval, foram executadas músicas de compositores europeus e brasileiros que fazem alusão ao período e até mesmo marchinhas carnavalescas compostas pelo maestro Waldemar Henrique - que aniversaria no mesmo dia do teatro, 15 de fevereiro, e do qual foi diretor, chegando mesmo a morar nas suas dependências. O concerto, regido pelo maestro Miguel Campos Neto, contou com a participação da cantora popular Nanna Reis.
De acordo com o regente, a receptividade do público foi muito boa, mesmo o repertório já tendo sido apresentado em 2015. “Foi a segunda vez que fizemos esse programa e não tivemos a sensação de repetição, de algo batido, pelo contrário, tivemos a sensação de novidade a cada nota, cada ritmo, uma orquestra tocando como uma seção de bateria de escola de samba. Esse encontro tem esse quê de novidade, de inovador”, comentou.
O maestro adianta que pretende manter o concerto Carnaval Sinfônico como uma tradição anual para variar o repertório da OSTP, já que existem diversas composições eruditas com a temática carnavalesca, como "Momoprecoce", de Heitor Villa-Lobos, que é uma peça para piano e orquestra, inspirada na figura do Rei Momo, e Carnaval de Veneza, do compositor italiano Niccolò Paganini.
“Há um repertório muito variado e queremos incorporá-lo à orquestra, pois atrai um público diferenciado; para o público habitual, que gosta de ouvir Beethoven, Mahler e Schubert, é como se fosse um regalo, pois esse público também aprecia inovações nos programas. É um respiro de ar fresco para a orquestra. E eu acredito que as sinfônicas devem mostrar para a sociedade que não são bichos de sete cabeças, não estão acima numa torre de marfim, estão abertas à comunidade, tocam ao ar livre, música popular e grandes clássicos também”, comenta Miguel Campos Neto.
E o público que foi prestigiar o espetáculo adorou a variação no repertório. Rosilda Bastos, gerente de vendas, é frequentadora do Theatro da Paz há muitos anos e desta vez achou surpreendente. “Gosto muito da Nanna e adorei vê-la cantando Waldemar Henrique. Sempre venho aqui ver a orquestra e acho legal que agora possam ter esse tipo de apresentação. Para a gente que fica na plateia é uma maravilha”, comentou.
A internacionalista Gláucia Melo também destacou a iniciativa de levar um repertório de carnaval ao palco do TP. “Foi bravo! Já vim assistir outros espetáculos, e essa mistura do popular com o erudito deu certo. Os músicos estão de parabéns”, disse.
A estudante de Direito Gabriela Pantoja foi ao teatro à convite da amiga Glaucia. “Ela me proporcionou essa noite maravilhosa. A gente até esperava algo mais formal, mas foi tudo na medida. Gostei muito deles estarem fantasiados e não com o traje comum”, disse.
Concerto Didático
Durante o ensaio do concerto na última quarta-feira (22), a Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz (OSTP) realizou uma apresentação didática para 251 alunos e 21 professores, entre alunos de ensino fundamental da rede pública de Belém e também do curso de licenciatura em Música da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Esse tipo de concerto pretende colaborar com a formação educacional dos alunos e de novos músicos, e também faz parte de novas diretrizes da casa de espetáculos.
“Eu acho que esse tipo de iniciativa é o que forma novos apreciadores da música sinfônica e qualquer pessoa que acompanha o cenário da cultura percebe que estamos precisando cada vez mais desta formação de plateia”, afirma o maestro regente da OSTP Miguel Campos Neto. Como o caso do estudante Gabriel Leite, de 11 anos, que foi ao Theatro da Paz pela primeira vez.
“Nunca tinha visto uma orquestra, só na TV, nos filmes. Na outra oportunidade eu não pude vir porque estava doente, mas hoje eu estava decidido a realizar essa vontade”, comentou.
Suzana Guedes, professora de Gabriel, destacou que o projeto auxilia na educação dos jovens. “Muitas crianças estão vindo pela primeira vez ao Theatro, conhecer o espaço e conhecer também uma orquestra sinfônica. É o momento em que podemos trabalhar atividades de percepção auditiva, ampliando o universo cultural deles”, comentou a professora.