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Estado vai recuperar Transgarimpeira, mas BR-163 ainda tem problemas

Por Redação - Agência PA (SECOM)
06/03/2017 00h00

Depois de uma trégua de dois dias, as chuvas intensas de sábado (4) e domingo (5) na região cortada pela rodovia BR-163, no município de Trairão, provocaram novo atoleiro no trecho onde o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT) mantém homens e máquinas trabalhando na pista, que ficou intrafegável por quase 20 dias. Se não bastasse o retorno das chuvas, uma carreta deslizou, tombou e ficou atravessada na estrada. Na manhã desta segunda-feira (6), a Polícia Rodoviária Federal conseguiu ordenar o tráfego, que ainda flui lentamente, entre as comunidades de Santa Luzia e Bela Vista do Caracol.

Em Itaituba, município vizinho a Trairão, o problema vem afetando a principal atividade econômica daquela área. Os temporais, as enxurradas, a erosão e a precária condição das pontes de madeira na rodovia estadual conhecida como Transgarimpeira deixaram quase dez mil pessoas isoladas. A Transgarimpeira começa na BR-163, em Moraes de Almeida, e atravessa dezenas de pequenos e grandes garimpos para acabar na beira do rio, na comunidade de Creporizão, onde vivem cerca de cinco mil moradores.

Mas se na BR a situação ainda é incerta, na PA uma decisão já foi tomada e comunicada aos representantes das comunidades existentes ao longo dos quase 200 quilômetros da Transgarimpeira. O engenheiro Kleber Menezes, secretário de Transportes do Pará, já está tratando da licitação para a contratação da obra que acabará com o isolamento daquelas áreas de garimpo, que respondem pela produção de 300 quilos de ouro por mês.

Defesa Civil

Tanto a BR-163 como a Transgarimpeira têm papeis importantes, embora distintos, na economia daquela região e do Estado inteiro. A primeira é a rota da soja, cujos produtores buscam um caminho mais curto (e barato) para alcançar o mercado internacional. A segunda é a rota do ouro, cujos produtores ficam isolados a cada temporada de chuvas, fragilizando-se o comércio informal do produto, que, mesmo sem o cerco fiscal, ainda é o maior ativo financeiro de Itaituba e corresponde a 60% da economia do município de mais de 100 mil habitantes.

O acordo dos usuários do Porto de Miritituba com o Ministério dos Transportes, para que fosse suspenso o tráfego de carretas até que o DNIT concluísse a obra, estava sendo cumprido até sábado, mas pelo menos uma empresa já não o obedece – o que piora a situação.

A Defesa Civil do Pará e equipes do Corpo de Bombeiros sediadas em Itaituba colaboram com o DNIT nas obras da BR-163. Além disso, garantem ajuda humanitária às localidades prejudicadas pelo problema. Os agentes cadastraram os moradores de uma área que abrange cinco localidades, onde se concentra a distribuição de cestas básicas e de garrafões de água e onde é feito o monitoramento das dificuldades.

O desabastecimento é a principal preocupação. No domingo (5), 110 cestas foram destinadas para os caminhoneiros que ficaram retidos no novo ponto de engarrafamento criado pelo tombamento da carreta, com foco na comunidade de Santa Luzia.

O Exército transportou para Itaituba, em um avião Hércules, e de lá para as áreas atingidas, em caminhões de campanha, mais de 730 cestas básicas. É a quarta remessa de um total de quase quatro mil. Também foram levados para os locais críticos e para os caminhoneiros mais de 2.500 garrafões de água.

No Quartel do Corpo de Bombeiros em Belém, permanece montada uma sala de situação, que monitora as chuvas e as consequências do mau tempo naquela região.