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Sespa anuncia plano emergencial contra febre amarela

Por Redação - Agência PA (SECOM)
22/03/2017 00h00

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) vai ampliar a cobertura vacinal contra a febre amarela em cinco municípios do oeste do Pará e intensificar a borrifação no entorno das casas, para combater o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Além disso, as equipes de saúde das unidades básicas estão sendo capacitadas para fazer o manejo clínico e a abordagem dos pacientes que chegarem com sintomas da doença.

O pacote de medidas emergenciais foi anunciado pelo titular da Sespa, Vitor Mateus, em entrevista coletiva nesta quarta-feira (22), na sede da secretaria, depois da primeira morte por febre amarela confirmada no Estado. O caso é o de um menino de 11 anos, morador de Alenquer, que morreu em decorrência da doença no Hospital Regional de Santarém na última semana. Outra morte, de uma criança de 10 anos, na madrugada desta quarta (22), também é considerada caso suspeito, assim como um rapaz de 23 anos internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Regional de Santarém. Até a próxima sexta-feira (24), saem os resultados dos exames que vão confirmar ou descartar a doença nesses dois pacientes.

“Todos os casos, o confirmado e os suspeitos, são de moradores da zona rural de Alenquer, que estavam no raio de até 30 quilômetros do local onde morreu um macaco que tinha a doença. Por isso, vamos intensificar as ações nessa região, que concentra cerca de 400 mil habitantes”, informou o diretor do Controle de Endemias da Sespa, Bernardo Cardoso. “Nossas equipes irão de casa em casa para fazer a borrifação e conscientizar as pessoas sobre a importância da imunização”, completou.

Segundo a Sespa, o Ministério da Saúde envia, nesta quinta-feira (23), ao Estado a primeira remessa de 100 mil doses da vacina contra febre amarela, que serão destinadas aos municípios na região de influência dos casos (Alenquer, Curuá, Monte Alegre, Oriximiná e Óbidos). Ainda neste mês devem chegar mais 100 mil doses, para reforçar a cobertura vacinal no Estado. “A população pode ficar tranquila que há vacina para todos. Lembrando que a prioridade é para quem mora na zona rural, já que a febre amarela é uma doença de áreas de floresta”, afirmou Vitor Mateus. Para este ano, o Pará já dispõe de 309.070 doses de vacina contra a doença.

Vitor Mateus disse que a quantidade de vacina é suficiente para atender todo o Estado, sobretudo porque, segundo ele, nem todos devem tomar as doses. Além disso, a vacinação na região metropolitana de Belém segue normalmente, já que a imunização contra febre amarela faz parte do calendário regular nos postos de saúde. “A confirmação da primeira morte causada pela doença no Estado não é motivo de alarde”, frisou o secretário.

Registros – A secretária adjunta de Saúde Pública, Heloísa Guimarães, informou que a criança que morreu com a doença não era vacinada. Por isso, segundo ela, os moradores das áreas onde houve mortes de macacos devem ser imunizados. Em 2017, segundo o Sistema Nacional de Notificação de Agravos (Sinan), fonte oficial no país sobre doenças endêmicas, seis macacos com febre amarela morreram no Estado, em Rurópolis (com três registros) e Belém, Marituba e Alenquer (com uma morte cada).

O veterinário Fernandes Esteves, coordenador do Grupo de Trabalho de Zoonoses da Sespa, apresentou balanço da febre amarela no Pará em humanos nos últimos dez anos. Segundo ele, foram registrados onze casos de 2007 a 2016, com cinco mortes, nas cidades de Parauapebas, Novo Repartimento, Tailândia, Alenquer e Breves. Em 2017, são onze casos suspeitos, com dez descartados e um confirmado.

Todas as ações de prevenção no interior – incluindo as medidas emergenciais anunciadas nesta quarta-feira – têm apoio das prefeituras. A Sespa mantém em Belém a Sala de Situação, na travessa Padre Eutíquio, funcionando 24 horas por dia, para acompanhar as notificações e registros dos casos. O secretário de Saúde, Vitor Mateus, vai a Alenquer no sábado (25) para acompanhar o andamento do trabalho. “A febre amarela é uma doença da floresta, por isso temos que intensificar o combate na zona rural”, encerra.