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Oncologistas recomendam adoção de hábitos saudáveis para combate ao câncer

Especialistas da Oncologia Clínica do Hospital Ophir Loyola reiteram que o diagnóstico precoce salva vidas

Por Leila Cruz (HOL)
10/03/2021 12h45

Pós-graduanda da área de Saúde, Joyce Cardoso, em dia com o tratamento no Hospital Ophir Loyola: "Sigo com a minha vida".Nesta quarta-feira (10), é celebrado o Dia Estadual de Combate ao Câncer no Pará, data criada para alertar a população sobre a adoção de hábitos de vida e alimentação saudáveis para combater a neoplasia maligna que representa um dos principais problemas de saúde pública mundial.

No Pará, até o final de 2021, o Instituto Nacional do Câncer estima 9.500 casos novos da doença. Um risco estimado de 103,07 casos a cada 100 mil homens e de 113,13 a cada 100 mil mulheres. O diagnóstico da enfermidade crônica carrega um estigma social, caracterizado pelo medo frente à nova realidade do adoecimento e crenças em torno do portador e do tratamento, que perduram até hoje.

“O câncer é a doença que mais causa medo nas pessoas, é muito comum que apareçam mitos e fantasias que nada condizem com a enfermidade. É preciso que o paciente compreenda os sentimentos relacionados à situação e esteja ciente de como essa experiência pode afetar a forma como vai reagir ao processo, assim poderá lidar melhor com este momento”, afirma a coordenadora da Oncologia Clínica do Hospital Ophir Loyola, Danielle Feio.

Sobre pacientes com diagnósticos positivos, a especialista ressaltou que "o ideal é que familiares e amigos ofereçam o suporte de acolhimento para que o enfermo se sinta apoiado e tenha a confiança necessária no profissional que o assiste para acreditar que a terapia dará certo”.

A professora, Priscila Rodrigues: "A doença não progrediu e sigo no controle com quimioterapia oral”Aos 34 anos, a professora Priscila Rodrigues, notou um nódulo na mama direita e recebeu um diagnóstico de um cisto que deveria sumir, segundo o médico que a atendeu à época. No entanto, com o passar do tempo, o cisto cresceu e trouxe sintomas como a pele da mama com o aspecto de casca de laranja e dor na coluna. A professora parou de andar e perdeu os movimentos.

Priscila Rodrigues foi encaminhada ao hospital público Ophir Loyola (HOL), referência em oncologia na região Norte. "O especialista olhou os exames e informou que eu estava com um tumor na coluna e que deveria operar o mais breve possível, caso contrário ficaria numa cadeira de rodas. A cirurgia, realizada em outro hospital, durou sete horas. Retirei uma vértebra, agora uso pinos e precisei de fisioterapia. Depois realizei a biópsia no Ophir Loyola que apontou o câncer de mama que se propagou para a coluna, a metástase”, recordou ela.

“Após a retirada da mama direita, vivo com sequelas, por isso, faço fisioterapia e acupuntura. Hoje não preciso usar cadeiras de rodas ou muletas, assim como não tenho mais necessidade de morfina. Fiz novos exames, recentemente, a doença não progrediu e sigo no controle com quimioterapia oral”, contou a professora, dois anos após o prognóstico.

“As causas são diversas, não são modificáveis quando estão relacionadas a fatores genéticos, hereditários ou à deficiência do sistema imunológico, por exemplo. Contudo, sabemos que mais de 90% das causas são provenientes ao estilo de vida não saudável, como má alimentação, tabagismo, sedentarismo, consumo exagerado de álcool e exposição a outros agentes cancerígenos como radiação, exposição solar, produtos químicos e vírus como HPV e Hepatite B”, afirmou a especialista Danielle Feio.

Assim como diabetes, hipertensão e Alzheimer, o câncer é considerado uma doença crônica. O tratamento pode levar anos e muitas vezes se estender por toda a vida. A oncologista, Danielle Feio, explica que a enfermidade resulta do crescimento desordenado de células anormais que se desenvolvem rapidamente e podem invadir outras áreas vitais do corpo. “As terapias estão cada vez mais individualizadas com a finalidade de aumentar a sobrevida e reduzir a mortalidade por este importante problema de saúde”, enfatizou a doutora.

Em 2013, Joyce Cardoso, atualmente com 36 anos, descobriu um câncer de mama primário. A trajetória não foi fácil e ela não esquece os dias difíceis. “Meu peso normal é 60 kg, cheguei a pesar 29 kg durante o momento mais crítico da minha vida. Mas conseguimos reverter o quadro, as metástases estão ‘quietas’, não progrediram”, comemorou Joyce, que é assistida pela doutora Danielle Feio.

Atualmente, Joyce tem consultas, sessões de quimioterapia e deverá passar por um novo protocolo aprovado pelo Ministério da Saúde. “A furadinha dói só na hora, mas a sensação de estar recebendo a medicação que controla a doença é indescritível, não tenho palavras para explicar a gratidão. Sigo com a minha vida, estou fazendo pós-graduação e procuro compartilhar a minha experiência com outras mulheres”, disse ela, que conseguiu a formação em enfermagem, mesmo no período de adoecimento, e agora avança nos estudos.

A médica Danielle Feio reitera que alguns casos de câncer têm cura, outros somente controle. A probabilidade de cura depende do tipo e do estágio do tumor no momento do diagnóstico. “Esses fatores estão diretamente ligados à possibilidade de cura, quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance do tratamento dar certo. Mas se o diagnóstico for tardio, o índice de cura diminui e as complicações podem aparecer mesmo depois da doença ter sido tratada”, alertou a oncologista.

“Alguns vêm a óbito por outras doenças, não pelo câncer. Mesmo em estágio avançado, o tratamento deve ser ofertado. Quando alguém recebe a cura em determinado momento, não há como afirmar que o câncer não vai voltar daqui a cinco, dez ou 20 anos. Por isso, o ideal é que o paciente seja acompanhado pelo menos uma vez ao ano, apesar da alta do tratamento oncológico”, destaou Danielle Feio.

Sâmia Gomes fez tratamento e conquistou a cura: "Não importa o processo que esteja passando, não perca a fé, não se entregue".Com 13 anos de idade, Sâmia Gomes, de 34 anos, foi diagnosticada com osteossarcoma, um tipo de câncer ósseo, e perdeu a perna. Não havia expectativa de vida, o prognóstico era muito difícil. “Passei três meses internada, lutei e venci. Meu prognóstico era de que não iria sobreviver e de que não poderia ter filhos. Naquele período era tudo mais difícil, agora a medicina avançou".

"Sou mãe de uma menina de oito anos e desde aquela época estou sem câncer no meu organismo. Apenas passo por controle com exames uma vez ao ano. Não importa qual o processo alguém esteja passando, não perca a fé, a coragem e a positividade, não se entregue. Agora tenho meus sonhos e projetos, como fazer faculdade na área da estética e acredito que, assim como eu, outras pessoas contarão belos testemunhos de superação”, afirmou Sâmia Gomes.