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Realidade Virtual é usada como ferramenta na prevenção da violência

Por Redação - Agência PA (SECOM)
26/03/2017 00h00

O agente de trânsito Gilson Ribeiro, 39 anos, aproveitou a tarde deste sábado, 25, para levar sua filha Camila, de 7 anos, ao shopping. Enquanto lanchava, passou por uma experiência que acrescentou um novo olhar ao pai divorciado. Gilson assistiu a um vídeo em 3D, que retratava várias situações de violência contra a mulher. “Com esse vídeo, consegui me colocar um pouco no lugar dessas mulheres e perceber que várias situações que passam despercebidas por nós, homens, são consideradas crime. Eu, como pai de duas filhas, me preocupo muito com o futuro delas e enxergar essa realidade é importante”, disse ele.

A experiência de Gilson foi compartilhada por dezenas de pessoas na tarde deste sábado, no Parque Shopping. A ação foi promovida pelo Governo do Pará, por meio da Fundação Pro Paz, com o objetivo de fazer a sociedade conhecer as diversas violências sofridas pelas mulheres todos os dias. Para isso, psicólogas e assistentes sociais do Pro Paz Integrado Mulher fizeram a abordagem e convidaram as pessoas a conhecer essa realidade através de um vídeo, visto com óculos que permitiam a visão em 3D.

O vídeo, que está sendo veiculado na televisão e rádio, permite que a pessoa se coloque no lugar de uma mulher que sofre diferentes situações de violência em um único dia. O objetivo é fazer com que os homens troquem de lugar com as mulheres, entendendo os prejuízos do machismo e de tais violências para a sociedade. A ação é parte da campanha integrada "Respeito às Mulheres em suas Diversidades", coordenada pelo Pro Paz e pelas Secretarias de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e de Comunicação (Secom).

Lançada no início de março, a campanha pretende estimular a reflexão sobre as diversas formas de violência cometidas contra as mulheres. Ao longo do mês de março, todos os órgãos de governo estão trabalhando a campanha, promovendo ações educativas e utilizando banners, cartazes e vídeos nos ambientes físicos e virtuais, além de spots de rádio e vídeos para TV e internet. “Todos os homens que assistirem a esse vídeo podem se sentir no lugar dessas mulheres que sofrem violência e perceber que ela não é só física e sim, principalmente, emocional”, disse a coordenadora do Pro Paz Integrado, Naiana Santos.

Apesar de jovem, a estudante Laura Fernandes, 14 anos, já despertou para o problema do assédio e aprovou a iniciativa do vídeo como ferramenta de conscientização também para os homens. “Normalmente, quando relatamos esses problemas, os homens acham bobagem. Quem sabe agora, vendo esse vídeo, eles possam se colocar um pouco no lugar da gente”, disse a estudante.

Defesa pessoal

Durante a ação promovida no shopping, alunas do projeto “Eu sei me Defender”, idealizado pela campeã mundial de jiu jitsu, Érica Paes, fizeram demonstrações de técnicas de defesa pessoal. O projeto foi lançado em novembro do ano passado, com aulas de defesa pessoal para cerca de 40 mulheres, duas vezes por semana, no polo Pro Paz da Terra Firme e no Pro Paz Mulher, no Marco. “A gente ensina as mulheres a se defender em situações de risco para então, pedir ajuda. Em nenhum momento, incitamos a violência”, disse a coordenadora do projeto, a tri-campeã mundial de judô, Kátia Sombra.

As técnicas de defesa pessoal já ajudaram a dona de casa Sirlene Ribeiro, 45 anos, a se livrar de um assédio em uma festa, no município de Bujaru. “Graças a essas aulas, consegui imobilizar um homem que queria me forçar a dançar e corri para pedir ajuda”, disse ela.

A ação de exibição do vídeo em 3D vai ser repetida na tarde deste domingo, 26, no estacionamento do Mangueirão, antes do clássico entre Remo x Paysandu, e na segunda-feira, 27, no Ver-o-Peso, por ocasião do aniversário da feira.

Números

Em 2016, 6.270 mulheres em situação de violência foram atendidas nas sete unidades Pro Paz Integrado em todo o Estado. Em 2015, foram 4.948, o que significa que em 2016, a procura aumentou em 26,7%, não só pelo aumento das violências ocorridas, mas por mais mulheres buscarem ajuda em casos de violência.

A maioria dos atendimentos nas unidades do Pro Paz Integrado no Pará é de violência psicológica (36,1%), seguido de violência física no ambiente doméstico e violência moral. Ainda segundo as estatísticas, 34,6% dos agressores de mulheres que foram buscar ajuda nas unidades Pro Paz são homens de 18 a 39 anos de idade. O marido é o principal agressor, 21,3%, seguido de ex-companheiro, 19,9% e ex-marido, 19,5%.

A maioria das mulheres que busca atendimento no Pro Paz Integrado tem entre 30 e 41 anos, correspondendo a 39,2%. A maioria dos casos de violência acontece dentro de casa (71,4% dos casos).

O Pro Paz Mulher, no bairro do Marco agrega, em um mesmo espaço, delegacia, Polícia Militar, assistência social, psicóloga, atendimento médico, perícia, Ministério Público e Tribunal de Justiça. Com este formato de atendimento, o Pará é o único estado da federação a ofertar tratamento integrado à mulher da capital e do interior, pois está, por meio do Pro Paz Integrado, nas regiões do Xingu (Núcleo de Altamira), Guajarina (Núcleo de Paragominas), do Lago (Núcleo de Tucuruí), Baixo Amazonas (Núcleo de Santarém), Bragantina (Núcleo de Bragança) e Marajó (Núcleo de Breves).