Uepa e Fapespa se unem no combate ao câncer de colo de útero no Pará
O câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais comum na população feminina brasileira, atrás apenas do câncer de mama e de intestino (colón e reto). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Estado do Pará foi responsável por 20,52 novos casos a cada 100 mil em 2016. As estatísticas se mostram ainda mais alarmantes quando os dados são divididos por territórios. A região Norte, por exemplo, possui a maior taxa de mortalidade e de incidência da doença no Brasil. Desta forma, o desenvolvimento de ações públicas de combate e prevenção dessa patologia são imprescindíveis.
Baseadas no princípio da responsabilidade social, a Universidade do Estado do Pará (Uepa) e a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas do Pará (Fapespa) desenvolvem o projeto “Câncer de Colo de Útero e Câncer de Mama: A Elaboração de um Protocolo Assistencial de Enfermagem para o Atendimento de Pacientes e Familiares”.
Coordenado pela professora Mary Elizabeth de Santana, o programa busca analisar o perfil sociodemográfico, clínico e terapêutico de pacientes com câncer, dentro os quais o de colo de útero, para a implantação de um protocolo de intervenção de enfermagem. O Hospital Ophir Loyola (HOL) e o Hospital Regional de Tucuruí (HRT) são os locais onde as atividades vão ocorrer.
A alta incidência do câncer de colo de útero na região Norte pode ser reduzida, principalmente, com ações de prevenção. “A nossa dimensão territorial dificulta o acesso da população a certos atendimentos de saúde. Mesmo assim, é papel do Estado elaborar campanhas de sensibilização da população feminina sobre a importância de procurar a unidade básica e fazer o preventivo com regularidade”, afirma Mary Elizabeth.
O projeto tem como finalidade a capacitação dos profissionais que integram a equipe, como os residentes de Enfermagem do Hospital Ophir Loyola e o quadro de enfermeiros do Hospital Regional de Tucuruí. Isso auxiliará no mapeamento do perfil das mulheres com câncer e na elaboração de políticas públicas efetivas.
Para a enfermeira Clarissa Mendes, integrante da equipe, o resultado sociodemográfico, clínico e terapêutico das pacientes contribuirá para entender quais motivos estão por trás do atendimento tardio desse tipo de câncer. “As mulheres não estão procurando os postos de saúde como deveriam para fazer o preventivo, que possibilita detectar precocemente uma lesão uterina. Por isso, queremos levar prevenção e informação para amenizar esses índices”, afirma.
O câncer de colo de útero, também chamado de cervical, é um tumor maligno que se localiza na parte inferior do útero. As principais causas estão relacionadas à infecção persistente causada por alguns tipos de vírus HPV (Papilomavírus Humano). A presença do HPV é comum entre as mulheres. Entretanto, alguns casos podem resultar em alterações celulares e evoluir para o câncer.
Com o diagnóstico, detectado na maioria das vezes em estágio avançado, as pacientes precisam se submeter ao tratamento de quimio e radioterapia. “A cultura machista reproduzida por muitos homens ainda influencia no tratamento da doença. Como a mulher não deve ter relações sexuais no dia anterior ao exame preventivo, muitas vezes os parceiros não deixam as parceiras se submeterem ao teste. Por isso, trabalharmos tanto as orientações quanto o lado cultural que envolve esse problema”, explica a professora Mary Elizabeth.
O caráter estigmatizador também contribui para a alta incidência dessa doença, acredita Clarissa Mendes. “Nós devemos incentivar as mulheres a procurar atendimento, pois a detecção precoce de lesões uterinas pode salvar vidas. A sociedade precisa começar a agir com naturalidade a questão do câncer”, enfatiza.
Os exames de rotina femininos são importantes devido ao fato do câncer cervical não apresentar sintomas durante o estágio inicial. Já nas fases mais avançadas da doença, a mulher deve ficar atenta aos seguintes sintomas: sangramento vaginal durante as relações sexuais, corrimento vaginal anormal e dor na pelve.
A coordenadora Mary Elizabeth alerta para a importância de informar as pacientes sobre a doença. “As mulheres não devem deixar de fazer os exames preventivos, seja do câncer de colo de útero ou a mamografia. É direito da mulher e dever do Estado proporcionar os exames de prevenção”, finaliza.