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A prevenção ainda é a melhor forma de evitar a Aids

Por Redação - Agência PA (SECOM)
01/12/2017 00h00

A prevenção, que inclui a adoção de medidas como o uso do preservativo em todas as relações sexuais, continua sendo a melhor forma de evitar a Aids no Brasil. Essa foi a principal conclusão do Workshop HIV/Aids Direito pela Vida – Prevenção Combinada e Adesão ao Tratamento, realizado, nesta sexta-feira (1º), Dia Mundial de Luta Contra a Aids, no auditório do Ministério Público do Estado.

O evento foi realizado pelo MPE, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), com o objetivo de debater as ações de combate e controle da doença no Pará, assim como abordar temas de relevância atual como “Prevenção Combinada”, “Sexo e gênero na era da diversidade sexual” e “Processo Transexualizador”.

Além de promotores, profissionais de saúde, representantes de organizações não governamentais, o evento contou com a presença de estudantes e professores do Colégio Estadual Paes de Carvalho e do Colégio Estadual Rui Barbosa, que puderam assistir às palestras e esclarecer dúvidas com os expositores.

O secretário de Estado de Saúde Pública, Vitor Mateus, informou que nos últimos quatro anos o número de pessoas em tratamento de HIV/Aids no Pará pulou de sete mil para 22 mil pessoas. Ele admite o aumento da incidência, mas, garante que o Estado brasileiro está fazendo a sua parte, assegurando o acesso dessas pessoas ao tratamento, o que tem refletido o aumento da sobrevida desses indivíduos quando tomam os medicamentos corretamente.

“Mas existem sinalizadores adversos, como a taxa de abandono de 16%, o que corresponde a três mil pessoas que deixam de tomar o medicamento expondo-se e contribuindo para a transmissão verticalizada da doença”, disse o titular da Sespa. Ele informou, ainda, que existem 21 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs) em todo o Estado e que a descentralização desses serviços vai continuar ocorrendo gradativamente.

No que tange à prevenção, Vitor Mateus questionou: "Quantos 'primeiros de dezembro' ainda serão necessários para despertar a sensibilidade da população sobre importância das ações de prevenção, recuperação e tratamento das pessoas que são acometidas pelo HIV/Aids?". Para ele, os números são alarmantes e a principal arma que a população tem é a comunicação e o acesso à informação correta, porque na conjuntura da sociedade, invariavelmente, existem deveres e direitos. “As instituições são importantes, mas não podemos esquecer o acesso do cidadão à informação. A informação é o ato mais democrático do mundo, porque ela passa a ter valor de juízo, valor de comportamento e valor de atitude diante do HIV/Aids”, disse o secretário de Saúde.

O representante do Fórum Paraense de ONG/Aids, Rede+, Hepatites Virais e Tuberculose, Marco Antônio Vilhena, expôs sua preocupação com a falta de medicamento aos pacientes com HIV/Aids, que tem sido registrada no Pará nos últimos meses, assim como com a falta de estrutura dos CTAs nos municípios. “Então proponho que seja feita uma força-tarefa para que a gente consiga, pelo menos, amenizar, em 2018, essa problemática que é a epidemia de Aids no Pará”, apelou Marco Antônio.

A coordenadora estadual de DST/Aids, Deborah Crespo, disse que o ano de 2017 foi desafiador e atípico do ponto de vista de gestão pública. Pois ao contrário de outros Programas do SUS, a compra de medicamentos para o tratamento de HIV/Aids é centralizada no Ministério da Saúde, ou seja, Estados e Municípios não podem adquirir esses produtos diretamente dos fabricantes. “Há um acordo da indústria farmacêutica para a venda apenas ao governo federal, fazendo com que os prejudicados não saibam a quem recorrer, já que Estados e Municípios não têm como ser obrigados a adquirir os medicamentos de outra maneira”, explicou Deborah.

A coordenadora destacou, ainda, que o Pará padece muito mais por ser um Estado de dimensões continentais, onde os medicamentos precisam chegar a pacientes que vivem em locais de difícil acesso. Apesar desse problema, ela espera que a situação melhore em 2018, principalmente com a força dos movimentos sociais que atuam nessa luta.

Para a representante do MPE, promotora de Justiça Cândida Nascimento, houve um relaxamento da sociedade a partir do momento em que a Aids passou a ser vista como doença crônica. E como tal parece que ela deixou de assustar principalmente os jovens. “Só que não é bem assim, a gente precisa estar atento porque o tratamento tenta proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas que vivem com HIV/Aids, porém, há muitas dificuldades para se garantir isso. Portanto, a palavra de ordem continua sendo 'prevenção'”, disse a promotora.

O estudante do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Paes de Carvalho, Vítor Frade, de 17 anos, diz que esse tipo de evento contribui para chamar a atenção dos jovens para a Aids e orientá-los sobre as formas de prevenção da doença. “Os jovens não se preocupam muito com isso, então esses encontros incentivam a busca por mais informações sobre o assunto”, opinou o estudante.

Também participaram do evento a diretora de Vigilância em Saúde da Sespa, Rosiana Nobre; o secretário municipal de Saúde de Belém, Sérgio Amorim; o secretário municipal de Saúde de Ananindeua, Paulo Campos, representando o Colegiado de Secretários Municipais de Saúde (Cosems); a representante do Hospital Universitário João de Barros Barreto, Lauricéia Valente; e a representante da Comissão de Saúde da OAB-PA, Laura Garcia.

Coordenadora estadual e DST/Aids informa sobre prevenção combinada

Em 2018, a população paraense também terá acesso ao Tratamento Pré-Exposição (PrEP) destinado às pessoas com maior vulnerabilidade à infecção pelo HIV/Aids. O anúncio foi feito pela coordenadora estadual de ST/Aids da Sespa, Deborah Crespo, durante o Workshop HIV/Aids Direito pela Vida – Prevenção Combinada e Adesão ao Tratamento, realizado, nesta sexta-feira (1º), Dia Mundial de Luta Contra a Aids, no auditório do Ministério Público do Estado. A previsão é que o medicamento chegue ao Estado depois de março do próximo ano.

A PrEP consiste no uso de um antirretroviral (ARV) oral para reduzir o risco de adquirir a infecção pelo HIV e se insere como uma estratégia adicional de prevenção disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de reduzir a transmissão do vírus e contribuir para o alcance das metas relacionadas ao fim da epidemia.

O tratamento prevê a ingestão de um comprimido diário do medicamente específico e de uso contínuo denominado de Truvada, que protege o indivíduo do HIV. Ele é indicado principalmente para homens que fazem sexo com homens, gays, travestis, transexuais, profissionais do sexo e casais sorodiferentes em situação de vulnerabilidade à infecção.

Segundo Deborah Crespo, essas pessoas deverão adotar a prevenção combinada, ou seja, medicamento juntamente com o uso do preservativo. Ela informou, por exemplo, que esse tipo de tratamento pode beneficiar casais em que o homem é soropositivo e a mulher não, mas que desejam ter um filho. Nesse caso, a mulher passar a tomar o medicamento por um período para depois engravidar. Porém, haverá critérios rigorosos para o uso desse tratamento, uma vez que como qualquer medicamento, ele oferece riscos de efeitos colaterais. “Esta indicação está baseada em estudos clínicos realizados em homens que mantêm relações sexuais com outros homens (HSH) e em casais heterossexuais sorodiscordantes que correm alto risco de infecção do HIV”, explicou Deborah.

Dados epidemiológicos - De acordo com o novo Boletim Epidemiológico da Aids divulgado nesta sexta-feira pelo Ministério da Saúde, o perfil da Aids, nos últimos dez anos, apresenta uma tendência de queda de casos em mulheres e aumento em homens. Em 2016, foram 22 casos de Aids em homens para cada dez casos em mulheres. Houve aumento significativo nos homens até 29 anos, queda na faixa etária de 30 a 59 anos e aumento entre os indivíduos com mais de 60 anos. Já entre as mulheres, houve aumento na faixa etária de 15 a 19 anos e mais de 60 anos, e queda nas demais faixas.

No que se refere à forma de transmissão, a doença cresce entre homens que fazem sexo com homens, mudando o perfil, nos últimos dez anos, quando a proporção maior de casos era de transmissão heterossexual. Na comparação com 2006, houve aumento de 33% nos casos de transmissão de homens que fazem sexo com homens.

Em função desse cenário é que a Campanha do Dia Mundial de Luta contra a Aids é direcionada aos jovens e reforça as diversas formas de prevenção do HIV garantidas gratuitamente pelo SUS.

Serviço: o teste rápido pode ser feito no Centro de Atenção à Saúde nas Doenças Infecciosas Adquiridas (Casadia), Unidade de Referência em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (Uredipe) e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTAs). Informações: Uredipe (91) 3244-4805 e Casadia (91) 3254-6937.