Nova espécie de orquídea é encontrada pela primeira vez no Parque do Utinga
Projeto 'Flora do Parque do Utinga' já registrou mais de 650 espécies de plantas e fungos em dois anos
Com cinco centrímetros, a espécie Vanilla labellopapillata é mais um exemplo da rica biodiversidade das Unidades de Conservação (UCs) A fragilidade e a delicadeza são características da nova espécie de orquídea encontrada no Parque Estadual do Utinga pela primeira vez. Com cerca de cinco centrímetros, a espécie, classificada como Vanilla labellopapillata, reforça a riqueza da biodiversidade encontrada nas Unidades de Conservação do Estado, bem perto da população.
Esse é o segundo registro da espécie no Estado do Pará, que já foi encontrada na Floresta Nacional de Caxiuanã, pela pesquisadora Dra. Ana Koch, no município de Melgaço. Em outubro de 2020, cerca de 400 km da cidade onde foi descoberta, pesquisadores do Projeto “Flora do Parque do Utinga”, do Museu Paraense Emílio Goeldi, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), descobriram a nova orquídea às margens do Parque, nas proximidades do Lago Água Preta.
“É uma grande satisfação, através de um projeto como esse, identificar uma espécie de tão rara beleza e importância para o Estado. Essa descoberta ressalta o inesgotável potencial científico que existe dentro das nossas Unidades de Conservação, além de produzir um acervo de conhecimento que nos ajudam a subsidiar decisões, implementar ações e executar projetos, auxiliando na gestão da área de desenvolvimento florestal do Pará”, afirmou a presidente do Ideflor-bio, Karla Bengtson.
Segundo o pesquisador doutor Leandro Ferreira, coordenador do Projeto “Flora do Parque do Utinga”, descobertas como essa resgatam a rica flora da Região Metropolitana de Belém (RMB), perdida com o crescimento urbano desordenado da cidade. O cientista alerta a população que frequenta o Parque do Utinga sobre os cuidados com a vegetação local.
“Orquídeas como essas são visadas por colecionadores e pessoas em geral, que acham bonitas e querem ter uma espécie em sua casa, mas nós reforçamos o trabalho de conscientização para que não arranquem as orquídeas ou outros elementos da flora, só quem pode fazer coleta são pesquisadores devidamente autorizados”, enfatizou o pesquisador Leandro Ferreira.
As orquídeas são monitoradas diariamente e requerem cuidados para a floração e frutificação. O pesquisador Leandro Ferreira afirma que elas já estão se reproduzindo, o que indica que as interações da flora e da fauna do Parque estão satisfatórias.
Segundo Socorro Almeida, diretora de gestão e monitoramento de unidade de conservação do Ideflor-Bio, a descoberta é um exemplar da Floresta Amazônica bem perto da população. “Em um espaço tão antropizado, como é o entorno do Parque do Utinga, conseguimos presenciar descobertas e redescobrir espécies que muitos julgavam que não teriam mais vaga para elas aqui, em um ambiente transformado pelo ser humano”.
Projeto “Flora do Parque do Utinga”
Desenvolvido desde 2018, o projeto "Flora do Parque do Utinga" é um dos grandes exemplos da geração de conhecimento científico dentro das Unidades de Conservação. Os pesquisadores atuam nas quatro unidades de conservação da Região Metropolitana de Belém: Parque Estadual do Utinga, Áreas de Proteção Ambiental de Belém e da Ilha do Combú e no Refúgio da Vida Silvestre Metrópole da Amazônia.
As Unidades de Conservação, que funcionam como laboratórios de pesquisa, onde são mapeados recursos naturais, fauna, flora e inventários botânicos, são de responsabilidade do Ideflor-bio, que faz a gestão e o monitoramento das 26 Unidades do Pará.
O Projeto já registrou mais de 650 espécies de plantas e fungos em diversas formas de vida em diferentes tipos de vegetações nessas unidades de conservação. Segundo o pesquisador Leandro Ferreira, havia apenas o registro de uma espécie de orquídea no Parque do Utinga no início do projeto.
“Com o decorrer das nossas pesquisas já são 25 espécies identificadas, muitas delas são registros novos e raros para a ciência”, ressaltou o doutor.
Em 2019, o projeto realizou o primeiro registro da espécie de uma orquídea classificada como Vanilla pompona, na Região Metropolitana de Belém. É possível extrair aromatizante de baunilha da espécie, muito utilizado na culinária.
De acordo com o pesquisador, a parceria com o Ideflor-bio para o projeto é fundamental, especialmente, na área dos recursos humanos. “Esse projeto ajuda a formar alunos que desenvolvem seus projetos de pesquisa e extensão aqui. Já estamos transformando o Parque em um centro de pesquisa, informação e disseminação da flora de Belém e da Amazônia”, explica.