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ATENÇÃO HUMANIZADA

Santa Casa do Pará implanta protocolo de manuseio mínimo de recém-nascido

O objetivo é prevenir e reduzir as consequências da prematuridade, que só no Brasil atinge 340 mil bebês a cada ano

Por Helder Ribeiro (SANTA CASA)
17/11/2020 19h21

Ivanilza Pantoja Maciel já aprendeu a cuidar da filha, Valentina, que nasceu prematuraEm alusão à campanha nacional Novembro Roxo, mês dedicado à conscientização sobre a prematuridade, a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, em Belém, iniciou a implementação do protocolo de manuseio mínimo do recém-nascido (RN), como mais uma ação de aprimoramento da Atenção Humanizada ao RN de Baixo Peso.

Profissionais da Santa Casa participaram, nesta terça-feira (17), do Fórum de Prevenção da Prematuridade, que integra a programação Novembro Roxo, foi realizado pela internet devido à pandemia de Covid-19. A nutricionista do Banco de Leite Humano (BLH) da Fundação, Vanda Marvão, uma das participantes do Fórum, disse que o evento abre espaço para debater a importância de prevenir a prematuridade e também os cuidados com o prematuro.

Profissionais da Santa Casa durante o Fórum de Prevenção da Prematuridade

“Além da prevenção, falamos da importância da mãe para o ganho de peso do prematuro, assim como da atenção humanizada que é dada ele. Como faço parte do Banco de Leite Humano, falei dos desafios da amamentação para os recém-nascidos de baixo peso, pois para eles saírem mamando têm que passar por várias etapas do Método Canguru, seguindo o protocolo de manuseio mínimo do recém-nascido”, explicou a nutricionista.

Ivanilza Pantoja Maciel, 40 anos, moradora de Inhangapi (município do nordeste paraense), é mãe de Valentina, que nasceu de parto prematuro com apenas 850 gramas, e por isso precisou ficar internada. Devido a complicações no parto de Valentina, sua primeira filha, Ivanilza foi transferida para a Santa Casa. O nervosismo natural do momento deu lugar à tranquilidade, graças ao acolhimento humanizado que recebeu. Agora, ela está muito feliz com o ganho de peso de Valentina.

“Desde que cheguei aqui percebi que o tratamento é como de um hospital particular. Eu, que nunca tinha sido mãe, ficava desesperada, mas como todo mundo é muito atencioso e faziam o que podiam pela minha filha, fiquei mais tranquila. No ‘Canguru’ fui orientada a não manusear muito a bebê, e sempre manter ela com luvas, touca e meias, porque os prematuros precisam ficar sempre aquecidos”, acrescentou Ivanilza Maciel.

Produto da Residência - Para Ana Tereza Araújo, coordenadora da Residência Multiprofissional da Fundação Santa Casa, o protocolo de manuseio mínimo do recém-nascido é produto da residência multiprofissional, e definido como um retorno da instituição à sociedade. “O aprendizado que o residente adquire durante a especialização inclui trabalhos, pesquisas e atividades complementares, por isso esse protocolo é um produto da própria Residência Multiprofissional da Santa Casa, e vai impactar diretamente na assistência aos nossos recém-nascidos prematuros de baixo peso, pois uma manipulação inadequada pode trazer consequências para a vida toda dessa criança”, ressaltou.

Euriane Castro Costa,enfermeira residente, e Auxiliadora Pantoja, enfermeira e tutora do Método CanguruO protocolo é resultado de uma pesquisa estabelecida em três etapas, que envolveu até o momento 90 profissionais da equipe multiprofissional da Neonatologia; dois residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Mulher e da Criança (Alexandre Aguiar Pereira e Euriane Castro Costa); um acadêmico de Enfermagem (Akyson Zidane Merca Silva), e a orientadora da pesquisa, Andressa Tavares Parente, e a tutora da Residência e do Método Canguru, Auxiliadora Pantoja Ferreira de Vilhena - ambas enfermeiras da Santa Casa com atuação na Neonatologia.

A enfermeira residente Euriane Castro Costa explicou que o protocolo prioriza as primeiras 96 horas de vida do recém-nascido, período quando ocorre o maior número de hemorragias cranianas. Mas antes de ser adotado pela instituição precisa passar por algumas etapas. “Essa é a conclusão do meu trabalho de Residência, que para ser implementado precisa passar por três etapas de pesquisa. A primeira etapa começou em 2018, com a proposta de criação de um protocolo de manuseio do recém-nascido feita pelo residente Alexandre Pereira. A validação do documento, que é a segunda etapa, foi feita por outro residente, sob orientação da professora da Universidade Federal do Pará, Andressa Tavares Parente. Agora estamos na terceira etapa dessa pesquisa, que é o treinamento da equipe na aplicação do protocolo, que vem ao encontro da finalidade da instituição, que é pautada na assistência, no ensino e na pesquisa”, concluiu Euriane Costa. 

Método Canguru - A enfermeira Auxiliadora Pantoja, tutora do Método Canguru, que atua profissionalmente na Santa Casa há 20 anos, disse “estar feliz” com a implantação desse protocolo porque vai diminuir o tempo de hospitalização das crianças, e ressaltou que a instituição é referência estadual nessa iniciativa. “Desde 2010 sou tutora do Método Canguru, e estou muito satisfeita por estarmos apresentando, por meio da Residência da instituição, esse projeto de implantação do protocolo de manuseio mínimo do recém-nascido, que culmina com o Novembro Roxo, buscando sensibilizar a sociedade acerca da prematuridade”, reiterou Auxiliadora Pantoja.No Novembro Roxo, profissionais debateram a importância de prevenir a prematuridade e os cuidados com o prematuro

A enfermeira acrescentou que “a implantação desse protocolo vai diminuir o tempo de internação desse bebê, uma vez que traz também orientações sobre a importância do aleitamento materno, que serve de aprendizado para a família cuidar dessa criança em casa”. 

Para a enfermeira Sandra Natércia, especialista em Neonatologia, que participou do treinamento, é “alguns procedimentos a gente já faz, mas temos que nos adaptar a algumas mudanças, como o manuseio restrito que fazíamos de seis em seis horas, e agora faremos de oito em oito horas. O importante mesmo deste protocolo é que ele nos dá respaldo para muitos procedimentos que já realizamos para preservar esses recém-nascidos, e assim garantir que seja mais uma criança saudável e produtiva devolvida à sociedade”.

Em todo o planeta, 15 milhões de prematuros nascem todos os anos, e 2,7 milhões morrem durante o período neonatal, com 75% de ocorrência na primeira semana de vida. No Brasil, 340 mil bebês nascem prematuramente a cada ano, o equivalente a 931 por dia ou a seis, a cada 10 minutos. É alto o número de crianças que não sobrevivem ou ficam com sequelas.