Cadeiras especiais auxiliam no tratamento de pacientes na UTI de dois hospitais do Pará
A redução da mortalidade e do tempo de internação são alguns dos benefícios da prática fisioterápica realizada por meio da mobilização precoce, método aplicado a partir do uso de uma cadeira de tubos PVC, que foi aperfeiçoada para auxiliar no tratamento de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou com limitação de locomoção nos leitos das Clínicas Integradas do Hospital Regional Público do Leste (HRPL), em Paragominas, e no Hospital Regional Público do Marajó (HRPM), em Breves.
O novo método foi inspirado pelo serviço de Fisioterapia realizado no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, e adaptado para a realidade local pelas equipes de Fisioterapia e de manutenção dos hospitais estaduais paraenses. A imobilidade prolongada pode favorecer o aparecimento de inúmeras complicações ao paciente, que vão desde a perda da força muscular até um quadro de dependência funcional por falta de algum tipo de exercício e a cadeira adaptada atua na prevenção desses desconfortos.
Diagnosticada com infarto agudo do miocárdio, Maria de Fatima Carvalho Lobato, de 69 anos, é uma das beneficiadas com a fisioterapia na cadeira. “Até minha respiração ficou melhor”, afirmou a paciente, que estava restrita ao leito devido a intensa falta de ar e relatava muitas dores nas costas causadas pelo longo período em que esteve deitada. Desde que entrou na programação de fisioterapia da mobilização precoce, a usuária apresenta evolução no seu quadro de saúde.
Por conta dos bons resultados, o projeto foi, então, estendido para o HRPL, onde os profissionais dos serviços de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional fizeram novas adaptações.
De acordo com o fisioterapeuta e coordenador do serviço, Eduardo Rocha, do HRPL, a atividade na cadeira é muito importante por que melhora a sincronia da função respiratória, auxilia na prevenção das lesões de pele (úlceras de decúbito) e mantém ou melhora a função neuromotora.
“Com novo design, a cadeira agora possibilita o uso por todos os profissionais da equipe multiprofissional. O usuário pode sentar e realizar atividades funcionais como escrever, comer e higiene bucal. Isso minimiza o impacto de limitações, otimiza a funcionalidade e promove a independência funcional, por exemplo”, comentou, ressaltando que o método também viabiliza a Terapia Ocupacional junto aos pacientes, entre elas, de comunicação, escrita, desenhos, pinturas e qualquer outro tipo de atividade que esteja adaptada à cadeira.
A coordenadora do serviço de Fisioterapia do HRPM, Monizze Carleto, ressaltou a importância da terapia de mobilização precoce para a evolução do quadro do paciente, isso sem contar com o baixo custo da produção. “Ela ajuda o acamado a se sentar à beira da cama, que é medida essencial para evitar complicações decorrentes de longos períodos na mesma posição”, explicou a fisioterapeuta.
Internado no HRPL com diagnóstico de pneumonia, diabetes e hipertensão arterial, Francisco Ribeiro da Silva, 69 anos, faz parte dos usuários que utilizam esse método para praticar as sessões de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. “Com a adaptação tenho mais conforto, principalmente na hora da alimentação e outras atividades de escrita e desenho”, afirmou. A ação também minimiza mais ainda os riscos de uma broncoaspiração.
Simpósio
O modelo da cadeira foi apresentado em um simpósio multiprofissional da Associação de Medicina Intensiva do Brasil (Amib). As equipes da Fisioterapia e Manutenção dos hospitais paraenses confeccionaram o móvel com adaptações, ao custo de R$ 48,79.
A cadeira conta com uma estrutura feita de canos de PVC que lembra uma poltrona, mas sem a parte do assento. Ela é encaixada sobre o leito para que o paciente ganhe sustentação e permaneça sentado. Isso permite que um único profissional consiga sentar o usuário à beira do leito e ajudá-lo a fazer os exercícios recomendados para cada situação.
A iniciativa vem ajudando a equipe a prestar um atendimento humanizado, com qualidade e segurança aos usuários das duas unidades. O diretor executivo do HRPL, Júlio Garcia, incentiva e parabeniza as equipes pela iniciativa de humanizar cada vez mais o atendimento ao usuário SUS. “Nossa missão é oferecer serviços cada vez mais de qualidade e seguro, usando a criatividade e habilidades técnicas”, reforçou.
Da mesma forma, o diretor executivo do HRPM, Joaquim Fonseca, fala da importância da humanização do atendimento e do empenho da equipe em oferecer alternativas para contribuir na melhora clínica geral do paciente. “A interação entre os setores, administrativo e técnico, é fundamental para o sucesso das ações e serviços”.
O HRPM e HRPL são hospitais públicos do estado, administrados pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH) em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
Serviço:
O Hospital Regional Público do Marajó oferece atendimento ambulatorial de segunda a sexta-feira, de 7h às 18h, e está localizado na Avenida Rio Branco, 1.266, Centro. Mais informações: (91) 3783-2140 e 3783-2127.
O Hospital Regional do Leste fica na Rua Adelaide Bernardes, s/n, no bairro Nova Conquista, em Paragominas. Mais informações pelos telefones (91) 3739-1046 / 3739-1253 / 3739-1102.