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AGRICULTURA

Medidas sanitárias estimulam crescimento da produção de pimenta-do-reino

Portaria da Adepará observa série de critérios para proteger o produtor e ampliar o cultivo

Por Dayane Baía (ARCON)
17/08/2020 19h02

Com o objetivo de proteger a cultura de pimenta-do-reino no Estado, o Governo do Pará, por meio da Agência de Defesa Agropecuária do Estado (Adepará), adotou medidas junto aos agricultores familiares. O objetivo é acompanhar ainda mais de perto o trabalho para auxiliar na manutenção da segurança e qualidade do produto e, assim, fortalecer a produção, que ocupa o segundo lugar no ranking nacional, atrás apenas do Espírito Santo.

A família de Michinori Konagano saiu do Japão, no início do século XX, e se estabeleceu no município de Tomé-Açu, conhecido pelo valor histórico-cultural conquistado com a imigração, além da técnica de cultivo agroflorestal, que inclui, entre outras espécies, a pimenta-do-reino. “É um produto que entrou no nosso município na década de 1930. Até hoje continuamos produzindo dentro do consórcio sistema agroflorestal, e muitos municípios adotaram nas décadas seguintes o cultivo de pimenta”, afirma Michinori.

Cronograma - A modalidade é importante para a agricultura familiar. “É um ponto positivo se a gente for levantar, pesquisar. Agricultores mantêm, durante o ano, a família dentro da propriedade. Aqui tenho feito calendário agrícola. No segundo semestre temos a pimenta-do-reino, de julho a dezembro (precoce e tardio). De dezembro a maio e junho, temos a colheita do cupuaçu, e entre maio e outubro, a produção do cacau. De outubro em diante temos a produção do açaí. Dessa maneira, os produtores mantêm estabilidade econômica e vivem na propriedade”, acrescenta.

Ainda que o cultivo tenha sofrido com intempéries em anos anteriores, o produtor vê o futuro com otimismo. “A produção vem caindo aos poucos, mas o mercado está mantendo estabilidade do preço no exterior, e quem sabe com a queda da produção mundial, melhora o preço do produtor. Vejo esse lado positivo”.

Por outro lado, a pipericultura - como é conhecido o cultivo de pimenta-do-reino -, ainda enfrenta alguns desafios. “Vejo pouco investimento e novos plantios pelas localidades por onde ando. Alguns anos atrás houve muito problema de chuva, alguns produtores perderam quase o total do investimento e não tiveram mais capital de giro para fazer novos plantios. Quem tem está irrigando mantém a produtividade. É um produto que não depende muito de transporte porque é seco e você pode armazenar em casa. Em termos de comercialização, temos compradores em toda a região, o que é uma facilidade”, avalia.

Regras - A Adepará estabeleceu medidas medidas fitossanitárias e sanitárias para a proteção e fortalecimento da pipericultura. A Portaria nº 1.332 foi originada por um documento elaborado junto à Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Pará (Emater), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Superintendência Federal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (SFA/ Mapa).

“A pimenta-do-reino é um cultivo muito importante no Estado do Pará, social e economicamente, pois grande parte dos agricultores envolvidos no cultivo da cultura faz parte da agricultura familiar, e o percentual de mão-de-obra envolvida a torna uma importante fonte geradora de emprego e renda. Além das ações de levantamento fitossanitário que a Adepará já faz, a portaria estabelece a obrigatoriedade do cadastro para todos os pipericultores, assim como as normas para produção e comércio das mudas, recomendações fitossanitárias sobre a prevenção e o controle das pragas”, informa  a diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, Lucionila Pimentel.

As orientações também indicam os procedimentos de boas práticas para a colheita, beneficiamento, secagem e o armazenamento da pimenta-do-reino visando prevenir a contaminação por Salmonella spp. e Coliformes spp. Prevê também a destruição obrigatória de plantios abandonados não-produtivos para diminuir a fonte de patógenos no campo. 

Os produtores têm prazo de 180 dias para se cadastrar ou atualizar o cadastro - que deve ser atualizado anualmente - junto à Adepará. Eles podem fazer o cadastro pelo e-mail gppie@adepara.pa.gov.br ou presencialmente, na agência do município ou escritório mais próximo.

Assistência - “A norma entrou em vigor em junho e os produtores têm tempo para se cadastrar, até dezembro. Cada produtor pode procurar a unidade local da Adepará no município que o nosso técnico vai orientá-lo. Vamos estimar a produtividade de quantas propriedades temos por município, para podermos dar andamento neste trabalho de fiscalização fitossanitária”, diz a responsável técnica pelo Programa Fitossanitário da Cultura da Pimenta-do-Reino desenvolvido pela Adepará, Maria Iris de Melo.

Segundo o último levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), feito em 2018, a área plantada no Estado era de 15.713 hectares, a área colhida de 15.683 hectares e a quantidade produzida, 33.657 toneladas. Os dados indicam que a cultura está implantada em 80 municípios, com plantios de pimenteira-do-reino em quase todas as regiões do Estado.

Os municípios que se destacam com maior produção estão situados na mesorregião do nordeste paraense, destacando-se, entre os maiores produtores, Tomé-Açu, Baião, Capitão Poço, Concórdia do Pará, Igarapé-Açu, Ipixuna do Pará, Garrafão do Norte, Aurora do Pará, Nova Esperança do Piriá, Acará, Cametá e Mocajuba, mas também há grandes plantações nos municípios de Placas e Paragominas, no sudeste paraense.