Servidoras estaduais dão exemplo de doação e dedicação ao próximo
O amor de mãe pode ser traduzido em uma palavra: doação. Doação integral, irrestrita, incondicional, que coloca em primeiro plano o bem-estar, a segurança de outro ser. Entre as 54 mil servidoras que fazem parte da administração pública estadual encontramos exemplos de mães que se destacam por essa mesma capacidade de entrega, seja aos filhos seus por geração ou adoção, seja aos filhos de outras mães.
Edna Ramos, 54 anos, servidora da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), tem dois filhos deficientes. Biologicamente ela é mãe de apenas um, que se casou há algum tempo. A nora, que também tem deficiência, conquistou mais do que o coração do filho, Paulo, e agora é como uma filha para ela também. E quem pensa que a história de dedicação acaba por aí se engana. Edna está se preparando para “adotar” mais um filho deficiente, um sobrinho.
Todos os dias ela levanta às quatro horas da madrugada e prepara tudo que eles vão precisar durante o dia. Às seis ela acorda os filhos e os leva para a escola. “Depois eu sigo para o trabalho (a sede da Seduc, na avenida Augusto Montenegro, em Icoaraci) e só retorno para casa no final do dia, por volta das 19h. É assim de segunda a sexta-feira”, relata.
O filho de Edna, Paulo Ramos, de 37 anos, casou-se com Maria Aparecida Silva, de 45. Os dois têm retardo mental e paralisia cerebral. Eles se conheceram na escola, namoraram e, depois do casamento, Edna tornou-se o pai e a mãe de ambos. “Ter dois filhos especiais, sem a presença de um pai ou de outra pessoa para ajudar é muito difícil. Assim como meus filhos, ela (Maria) não tem mais pai nem mãe, e eu a considero como minha filha agora, assim como ela a mim”, explica.
A rotina diária da servidora pública começa muito cedo porque ela tem que deixar tudo pronto em casa para os dois. “Não posso me esquecer de nada, tenho que pensar pelos três. Em casa não pode ter nenhum objeto cortante e o espaço tem que ser todo adaptado para a realidade deles. Os vizinhos me ajudam também”. Edna Ramos acredita que as mães na mesma situação que ela são escolhidas por Deus para missões como essa. “Tudo que Deus nos dá é porque ele sabe que nós teremos condições de fazer. Meus filhos são maravilhosos e eu os amo. Sei que a tarefa não é fácil, mas a recompensa é maior. Por isso eu peço a todas as mães que nunca abandonem seus filhos”.
Dedicação
Jussara Pastana, 34 anos, tem uma jornada dupla de trabalho como cabo da Polícia Militar e mãe de dois filhos: Melissa Pastana, 17 anos, e Luis Otávio, de 8. Ela presta serviço na Unidade Integrada Pro Paz (UIPP) do Distrito Industrial, na Região Metropolitana de Belém, e mora no bairro do Telégrafo. Uma longa distância que precisa ser vencida todos os dias. Ela trabalha pelo período noturno, pois o filho mais novo precisa de cuidados especiais. Luis Otávio nasceu com acondroplasia ou nanismo acondroplásico, que é a forma mais comum de baixa estatura desproporcional. Como conseqüência, ele teve um arqueamento na perna e precisou passar por tratamento, há dois anos, que alongou as pernas em seis centímetros.
Ela comenta que compatibilizar a rotina de mãe e de policial só é possível graças ao seu amor e a ajuda de outras pessoas, como a ex-sogra e seus parentes. “Vou trabalhar à paisana porque costumo andar de ônibus e retorno sempre pela manhã para cuidar dos meus filhos” ressalta. “Meu filho fala, anda, se comunica. Ele é normal e super ativo, mas precisa de cuidados especiais e atenção por causa do tratamento. A gente precisa renovar as forças todos os dias, porque as dificuldades são muitas, mas o resultado é fantástico. O carinho recebido em troca faz a gente se esquecer dos problemas da vida”, comenta.
Empatia
A enfermeira neonatologista Fabíola Campos, 34 anos, funcionária do hospital da Fundação Santa Casa de Misericórdia, é solteira e ainda não tem filhos. O exercício diário de sua profissão envolve a proximidade, o carinho, a atenção e a habilidade no cuidado com recém-nascidos. Ela diz que tem planos de ser mãe no futuro, mas exercita a maternidade todos os dias no trato com os bebês internados na UTI e nas UCIs do Centro de Neonatologia da Santa Casa. A Fundação garante assistência qualificada e humanizada aos recém-nascidos e suas famílias, somando larga experiência no tratamento da prematuridade, bem como em cirurgias de alta complexidade e assistência às mais variadas patologias neonatais.
O Centro de Neonatologia é composto por 20 leitos de UTI Neonatal para recém-nascidos que necessitam de cuidados intensivos e 20 leitos de Unidade de Internação Neonatal, para recém-nascidos que necessitam de cuidados intermediários. “A relação com o recém-nascido e a mãe compõe o binômio da maternidade. É um prazer no sentido da expressão do amor ao próximo, na doação, no querer bem ao seu semelhante. E o mais recompensador é ver o resultado do seu trabalho. Quando reencontro uma dessas crianças já bem desenvolvida, após ter passado pelo tratamento no Centro de Neonatologia, a sensação que me vem é indescritível. Me sinto forte, completa, abençoada”, diz.
“O comportamento maternal desperta o nosso relógio biológico. É inevitável o envolvimento com recém-nascido porque ele necessita do cuidado, do toque, do vínculo. Quando eles saem de alta e se desenvolvem, com o vigor de uma criança saudável, você sabe que aquilo é resultado do seu trabalho, então a sensação é de dever cumprido”, diz.
Novas tecnologias
A professora Geisa Tavares, 43 anos, há oito encara uma jornada dupla de trabalho: metade na Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e metade no Departamento de Trânsito (Detran). Além do dia corrido, ela também é mãe de um adolescente. Para dar conta dessa maratona diária, ela conta com a ajuda dos smartphones, dos aplicativos e da internet. “Minha rotina de trabalho começa cedo. O Detran é minha segunda jornada e a Seduc a terceira, porque a primeira é organizar tudo em casa”.
O filho de Geisa, Victor Hugo, de 17 anos, se prepara para ingressar em um Colégio Militar e passa o dia todo estudando no cursinho preparatório. “Os meios tecnológicos me ajudam muito. Durante o dia eu acompanho meu filho pelo celular, via Whatsapp, e quando chego em casa à noite sou mãe por tempo integral. Tenho um aplicativo que me informa a que horas ele entra e sai do colégio, isso me deixa mais despreocupada. Quando há algum problema de saúde eu sou liberada para cuidar dele e assim a gente vai levando”, comenta.
Ela destaca que compensa a ausência demandada pelo trabalho nos finais de semana e feriados, quando passa mais tempo com ele. “Quando tem feriado a gente vai pro cinema ou procura fazer alguma programação agradável. Ele é muito responsável e me ajuda com os afazeres domésticos, o supermercado e até com a administração das finanças. Eu e o pai dele somos separados. Eu passo as responsabilidades para ele e assim a gente se ajuda”.
Para as mulheres na mesma situação, a professora aconselha que procurem estudar e se qualificar para terem um bom emprego. “A questão financeira ajuda muito. Procure estar presente na vida deles ao máximo. Nós, mulheres, temos a capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Somos duas, três, até dez quando é preciso”, finaliza.