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Há 42 anos, Fundação Hemopa trabalha para salvar vidas

Com a parceria de doadores de sangue e medula óssea, o Hemopa abastece as unidades de saúde do Pará e tem papel decisivo no tratamento de várias doenças

Por Anna Cristina Campos (HEMOPA)
02/08/2020 08h18

Na sede da Fundação Hemopa, em Belém, a presença dos voluntários é incentivada pela instituição em constantes mobilizaçõesEnfrentar quase duas horas de viagem de ônibus, desde o município de Vigia de Nazaré (a cerca de 100 km de Belém), no nordeste do Pará, até a sede da Fundação Hemopa, na capital, não foi obstáculo para um grupo de servidores do Hospital Municipal de Vigia, que decidiu ajudar quem está em um leito de hospital esperando por uma bolsa de sangue. “Quando a gente vive o problema, sente mais vontade de ter uma atitude para mudar. E doação de sangue é vida. Por isso, encaramos este desafio para vir doar um pouco para aqueles que tanto precisam”, disse Adélia Rodrigues, servidora pública em Vigia. O grupo é um dos parceiros que, há 42 anos, está ao lado do Hemopa na missão de salvar vidas.

A Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa) comemora neste domingo (2) mais um ano de existência. Mais de quatro décadas de busca constante por novas estratégias de mobilização de doadores voluntários de sangue. Neste ano o desafio ficou ainda maior em meio à pandemia de Covid-19. As caravanas solidárias, como a de Vigia, fazem a diferença no estoque de sangue da hemorrede no Pará. 

Dados da Fundação mostram que, em julho, houve uma elevação de 11% no número de comparecimento do voluntariado e 13% no número de coletas em comparação, ao mês de junho. “Trabalhamos incansavelmente, dentro de um cenário de pandemia. Portanto, podemos considerar que fomos vencedores por atender à rede hospitalar de forma eficiente, adequando às reais necessidades de cada município do Pará”, destacou Paulo Bezerra, presidente da Fundação Hemopa.Com a pandemia, o Hemopa também faz a coleta de plasma de pacientes recuperados da doença

Pesquisa com plasma - A luta contra o novo coronavírus colocou o Hemopa no circuito dos hemocentros do Brasil que desenvolvem estudos com o plasma de pacientes curados da Covid-19. Desde o mês de maio, foram coletadas 80 bolsas de plasma, de 40 doadores voluntários inscritos na pesquisa. As equipes médicas de oito unidades hospitalares já solicitaram o plasma para tratamento de pacientes, e obtiveram êxito. "A partir da observação dos pacientes que receberam o plasma de convalescente, podemos dizer que eles apresentaram melhora no quadro clínico e laboratorial. E também observamos que quanto mais cedo fizermos o uso da transfusão de plasma nos pacientes, enquanto estão em fase de cascata inflamatória, a possibilidade de melhora aumenta”, informou a gerente de Hematologia Clínica da Fundação Hemopa, Cátia Valente.

Referência no atendimento a pacientes com doença do sangue, o Ambulatório do Hemopa atende mais de 15 mil usuários com doenças hematológicas, por meio da equipe multidisciplinar formada por médicos, biomédicos, farmacêuticos bioquímicos, odontólogos, fisioterapeutas, fisiatras, enfermeiras, técnicos de enfermagem, assistentes sociais, psicólogos e pedagogos, o que garante atendimento seguro, de qualidade e humanizado aos usuários. Além disso, o órgão oferece suporte laboratorial para realização de exames pré-transplantes no Laboratório de Imunogenética, dentro do Programa de Transplantes do Estado.

Seiji Mateus, 24 anos, é natural do município de Viseu, a 350 km de Belém, também na região nordeste. Ele fixou residência em Belém em 2015, após o diagnóstico de Aplasia Medular, porque precisa de transfusões semanais de concentrado de hemácias e plaquetas para sobreviver. “Esse encontro com o Hemopa foi muito importante pra mim. Todos me acolheram e dividiram comigo essa dor. A gente não tinha um contato muito próximo com ninguém em Belém, mas todos os profissionais nos deram um suporte humanizado”, contou Seiji.

Ano passado, um doador com 90% de compatibilidade de medula óssea foi detectado nos Estados Unidos. A Fundação Hemopa iniciou os exames pré-transplantes e toda a assistência à família do paciente. “A equipe médica e multiprofissional me deu muita força para não ter medo e acreditar que ia dar certo. E essa assistência é muito importante”, ressaltou Seiji Mateus, que agora só tem motivos para agradecer pelo sucesso do transplante realizado em Curitiba, no Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR).O cadastro de medula óssea é outro serviço oferecido pela Fundação Hemopa

Redome - O serviço de cadastramento de doadores voluntários de medula óssea, implantado desde 2002 no Hemopa, já enviou quase 200 mil cadastros ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), que fica no Instituto Nacional do Câncer (Inca), no Rio de Janeiro, onde a lista é consultada por vários países.

A Fundação Hemopa é responsável pela coordenação da Política Estadual do Sangue e possui um Hemocentro Coordenador em Belém, três hemocentros regionais (em Castanhal, Santarém e Marabá), cinco núcleos de hemoterapia (em Capanema, Altamira, Tucuruí, Abaetetuba e Redenção) e 42 agências transfusionais. Estas unidades compõem a hemorrede estadual, garantindo atendimento à população paraense.O grupo de doadores voluntários de Vigia, que se uniu à corrente de solidariedade para salvar vidas

Quem pode doar - O voluntário à doação de sangue precisa seguir critérios básicos: ter entre 16 e 69 anos (menores de idade devem estar acompanhados de um responsável legal. E se for a primeira doação, até 59 anos), pesar mais de 50 kg, estar bem de saúde e alimentado no dia da doação. No momento do cadastro, o voluntário deve apresentar uma carteira de identidade oficial com foto (RG, CNH, Carteira de Trabalho ou passaporte). 

Quem teve Covid-19 deve esperar 30 dias após a cura para doar. E quem teve contato com pessoas que tiveram a doença deve esperar 14 dias após esse contato. 

Doação de medula óssea - Para fazer parte do Registro Nacional de Medula Óssea é preciso solicitar ao atendente na hora do cadastro para doação de sangue, já que são cadastros diferenciados para cada tipo de doação.

O voluntário assina um termo de consentimento livre e esclarecido sobre a doação de medula óssea, já que é retirada uma pequena quantidade de sangue (10 ml). Os dados pessoais e do sangue serão incluídos no Redome e, quando houver um paciente com possível compatibilidade, a pessoa cadastrada será consultada para decidir sobre a doação.