Sespa intensifica combate à raiva com diagnóstico e vacinação
A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) intensifica a partir deste mês o trabalho de prevenção à raiva no Pará. Técnicos do Ministério da Saúde estão em Belém para reforçar as ações, que incluem o fortalecimento do diagnóstico e a identificação de ocorrências. Somente em 2017, sete casos de raiva animal foram confirmados no Estado, dois em morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue), um deles na capital. A Sespa quer mobilizar a população para se imunizar e também aplicar a vacina antirrábica em animais, para prevenir casos de raiva humana, doença que não tem casos registrados no Pará desde 2005.
“Estamos alerta e prontos para neutralizar a doença antes que ela ocorra em seres humanos. Nossos técnicos trabalham incansavelmente para registrar os casos suspeitos quando recebemos as notificações”, disse o diretor do Departamento de Controle de Endemias da Sespa, Bernardo Cardoso, que se reuniu nesta segunda-feira (15), na Secretaria, com os representantes do Ministério da Saúde. “A visita técnica do Ministério tem como objetivo identificar as dificuldades que enfrentamos para nos garantir o apoio necessário”, explicou o coordenador do Grupo de Trabalho de Zoonoses da Sespa, Fernando Esteves.
O Pará já alcançou 73% da meta vacinal relativa à atual campanha antirrábica em animais, lançada em novembro do ano passado. Das cerca de 1,5 milhão de doses enviadas ao Estado, pouco mais de um milhão foram aplicadas. A meta é chegar a 90% de animais vacinados. A vacina pode ser encontrada em qualquer posto de saúde, onde as pessoas também podem se imunizar contra a doença e tomar o soro, quando necessário. O Estado recebeu neste mês 8 mil doses de vacina contra raiva para seres humanos.
“O principal objetivo do trabalho do Ministério da Saúde é fortalecer o diagnóstico, pois identificando onde há casos, as ações podem ser reforçadas. Estamos aqui para colocar a nossa estrutura à disposição do Estado nesse trabalho”, informou o veterinário Alexander Vargas, da Coordenação Geral de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde. Ele e a coordenadora geral de Laboratórios de Saúde Pública, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério, participarão de reuniões no Instituto Evandro Chagas (IEC) e na Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), para afinar o trabalho conjunto no Estado.
Proteção – A Sespa orienta a população a procurar a vacina contra a raiva, que está disponível nos postos de saúde de Belém e do interior. Na capital, há doses da vacina nas unidades mais procuradas de bairros como Pedreira, Sacramenta, Marco, Marambaia e Fátima. “Qualquer pessoa que for mordida por algum animal deve procurar o posto de saúde para comunicar o fato e, se for o caso, se vacinar. A raiva é transmitida por mamíferos, como cães, gatos e morcegos”, frisou Fernando Esteves. Entre 2010 e 2016, o Pará registrou 123.393 acidentes ou agressões a humanos provocadas por esses animais.
A raiva é uma infecção viral transmitida para seres humanos a partir da saliva de animais infectados – geralmente por uma mordida. A doença é, quase sempre, letal. Nos últimos 10 anos, o Brasil tem registrado a média de três casos de raiva humana por ano.
No Pará, o último caso é de 2005, registrado em Viseu, município do nordeste paraense. Entre 2004 e 2005, o Estado registrou os maiores surtos de raiva humana até então conhecidos na história do Programa de Prevenção e Controle da Raiva no Brasil. Foram 40 casos transmitidos por morcegos hematófagos, acometendo comunidades rurais e ribeirinhas, a maioria no município de Augusto Corrêa, também na região nordeste.