XXI Feira do Livro une poesia e música durante dez dias de programação
No período de 26 de maio a 4 de junho deste ano, Belém vai se transformar na cidade da poesia durante a XXI Feira Pan-Amazônica do Livro, que hoje está entre os três maiores salões nacionais de literatura e deve atrair cerca de 400 mil visitantes, durante os dez dias de programação. O escritor homenageado este ano é o poeta e jornalista Mário Faustino, um intelectual que agitou a cena literária de Belém e do Rio de Janeiro nos anos 40 e 50 e que inovou a cobertura cultural nos jornais da época.
“Há muito tempo o nome de Faustino aparece entre os escritores homenageados na Feira Pan-Amazônica, como já o foram Rui Barata, Benedito Nunes, Dulcinéia Paraense, Amarilis Tupiassu e outros de grande importância para a literatura”, informa Paulo Chaves, secretário de Cultura do Estado.
Nesta quarta-feira (17), o evento foi lançado por meio de coletiva de imprensa no Teatro Estação Gasômetro. “Um dos principais objetivos da Feira é, não só incentivar a leitura na formação de novos leitores, mas também estimular o surgimento de novos escritores, críticos literários e pensadores, explicou o titular da Secult.
Outro ponto alto da feira é a interação com os escritores nas rodas de leitura e também nos encontros literários. “Os escritores que participarão da edição deste ano enviaram para nós diversos exemplares de seus livros, que foram distribuídos aos professores do ensino médio e fundamental para trabalharem com os alunos a temática abordada na publicação. Depois, quando chegar o dia desse encontro, os alunos participarão com mais afinco da conversa. A ideia desse projeto é formar plateias qualificadas para que a interação seja maior e mais proveitosa”, explicou Ana Catarina Brito, diretora de Cultura e Coordenadora da Feira do Livro. Ao todo, 20 escolas estão envolvidas no projeto com a participação de 21 escritores.
A Gincana Literária é outra programação que chama atenção. Este ano, 60 alunos das escolas públicas do Estado estudaram a vida e a obra dos imortais paraenses, Bruno de Menezes, Maria Lúcia Medeiros, Stella Pessôa e Lindanor Celina. Divididos em grupos, eles levarão esse conhecimento para a Feira e serão avaliados. O grupo que melhor desenvolver a atividade, avaliado pelos próprios professores, ganhará como prêmio diversas obras literárias para enriquecer a biblioteca de sua escola.
A XXI Feira Pan-Amazônica, que também traz muita música nessa temporada, terá a participação de grandes nomes da cena local e nacional. Entre eles, Dona Onete, que há pouco tempo esteve em Nova Iorque levando o nosso carimbo; do roqueiro Arnaldo Antunes, ganhador do prêmio Jabuti de poesia com o livro “Agora Aqui Ninguém Precisa de Si”, que fará o encerramento da Feira em Grande Show; e de Moraes Moreira, que participa do Encontro Literário falando sobre Cordel.
“Dessa vez Dona Onete participará de um encontro literário que envolve música e poesia, um dos temas centrais da Feira deste ano, falando do cenário atual da música paraense”, comentou Ana Catarina Brito, diretora de Cultura da Secult.
E nessa mistura de muita poesia e música, também estarão no evento Félix Robato, Silvan Galvão, encontros literários com a participação de Lilia Chaves, Amarílis Tupiassu, Vasco Cavalcante, Rita Melém, Paulo Nunes, Juraci Siqueira, Antônio Moura, Alfredo Garcia e autores nacionais como Luís Rufatto, Alexandre Guarnieri e Antônio Cícero.
Sobre a escolha da Poesia como “país homenageado”, Paulo Chaves justifica. “Vivemos uma época em que as instituições estão desacreditadas e as pessoas desesperançosas. A crise que vivemos é grande e sem precedentes, mas temos que acreditar que é possível uma mudança e viver numa pátria mais fraterna. Precisamos mostrar que o homem não é o lobo do mundo, e que é possível transformar o mundo num lugar melhor. A poesia ajuda muito para isso. Nela podemos buscar respostas para nossas diversas inquietações”, disse o secretário.
Público - Ao longo de duas décadas, a Feira Pan-Amazônica do Livro tem sido um grande atrativo para a juventude. A última pesquisa, feita junto a 650 visitantes, mostrou que 45% do público que frequenta o salão são constituídos por jovens entre 15 e 29 anos. Outro dado aponta que 90% dos adolescentes na faixa entre 15 e 18 anos gosta de ler livros. A mostra foi realizada em 2015, ano em que o evento atraiu quase 400 mil pessoas ao Hangar.
Este ano, os visitantes do salão poderão conhecer a portuguesa Dulce Cardoso, nascida em Trás-os-Montes, que vem pela primeira vez a Belém. A escritora coleciona prêmios importantes em sua carreira, como o aclamado Prêmio da União Europeia, e que tem suas obras traduzidas para outras línguas. No Brasil, circulam obras como “Campos de sangue” - seu livro de estreia, que narra a vida de quatro mulheres ligadas por um ponto comum: um homem acusado de assassinato -, “Os meus sentimentos” e o “O retorno”.