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Sespa edita cartilha sobre horta como atividade estratégica em saúde mental

Publicação será distribuída inicialmente aos profissionais de saúde que atuam nos Caps e lidam com usuários de álcool e outras drogas

Por Roberta Vilanova (SESPA)
30/06/2020 16h19

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) editou uma cartilha para orientar os profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) a implantarem uma horta como estratégia de educação alimentar e nutricional em Centros de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas (Caps AD).

A publicação foi organizada de forma sistematizada, mostrando o passo a passo para a implantação de uma horta, e ilustrada de forma didática as sequências de cada etapa da implantação.

Inicialmente, a cartilha será distribuída aos profissionais de saúde que atuam nos Caps, e, depois, para outros que desenvolvam atividades educativas e que disponham de espaço para implantação de pequenas hortas.

A ideia do trabalho surgiu quando a nutricionista Thaís Granado Santos era servidora do Caps AD do município de Belém e preceptora dos alunos de Graduação em Nutrição da Universidade Federal do Pará (UFPA), que faziam parte do Projeto PET GraduaSUS do Ministério da Saúde. A proposta era implantar a horta no local e utilizá-la como ferramenta terapêutica junto aos usuários do serviço.

Com o início das atividades de implantação da horta, a equipe, formada pelas alunas Joicy Ferreira Martins e Maynara Santana, pela professora tutora Naiza Bandeira de Sá e pela nutricionista Thais Granado Santos, avaliou que seria importante elaborar um material educativo que pudesse apoiar e orientar outros profissionais de saúde a utilizarem hortas na perspectiva terapêutica. 

Posteriormente, então, foi feito contato com a coordenadora estadual de Nutrição, Rahilda Brito Tuma, que apoiou a proposta e passou a integrar o grupo de elaboração do manual. 

Saúde Mental

Rahilda Tuma, coordenadora estadual de NutriçãoSegundo Rahilda Tuma, a pandemia da Covid-19 vem desencadeando em muitos indivíduos um conjunto sem precedentes de emoções, muitas vezes, até então desconhecidas. “Altos e baixos flutuam sobre uma corrente de apreensão constante e isso tem deixado um rastro de problemas relacionados à saúde mental, tais como ansiedade e depressão, o que tem impacto direto na saúde das pessoas”, afirmou. 

As estimativas apontam que entre um terço e metade da população exposta à uma pandemia pode vir a sofrer algum tipo de manifestação psicopatológica, sendo necessária a adoção de estratégias que possam minimizar esse impacto. O permanente estado de alerta, a preocupação, a sensação de falta de controle diante das situações, o isolamento social, o medo de ser contaminado e a impossibilidade de contato físico têm resultado em mudanças no estilo de vida, que incluem modificações no hábito e consumo alimentar, e contribuído para o desenvolvimento de transtornos mentais. 

“Estudos constatam que a promoção da saúde e a prevenção de doenças figuram entre as principais ações capazes de impactar na melhoria das condições de saúde e vida da população. Por isso, é preciso intensificar e adaptar os processos de trabalho independentemente do cenário que se apresente ao profissional da saúde, especialmente no nível da Atenção Primária em Saúde”, explicou a coordenadora estadual. “Daí a importância e a necessidade de utilizar estratégias educativas focadas na interação entre os indivíduos (usuários dos serviços públicos, profissionais e comunidade em geral), que valorizem as experiências vividas, o conhecimento e a sua aplicação prática, como é o caso dessa cartilha”, enfatizou.

Thaís Granado, nutricionista da SespaConsiderando esse cenário, segundo Thais Granado, a horta contribui como uma atividade que ocupa o tempo e a mente do usuário do serviço, sendo um espaço onde ele pode desenvolver a relação interpessoal com outros usuários e com os técnicos e o senso de responsabilidade a partir do momento que tem uma tarefa a cumprir relacionada ao cuidado com as plantas. 

“É uma ferramenta para trabalhar a alimentação saudável por meio do contato direto com os alimentos que a pessoa participou da produção, da aproximação com os familiares, do conhecimento sobre as suas origens e importância na melhoria da saúde inclusive. Além da possibilidade de se transformar em uma fonte de renda”, detalhou a nutricionista que hoje integra a equipe da Coordenação Estadual de Nutrição da Sespa.

Thais Granado informou que, na época, o projeto possibilitou a integração de todos os profissionais do Caps AD, “porque as atividades realizadas a partir de um “objeto concreto”, no caso, os alimentos, estimulam a convivência de grupo e permitem estabelecer uma relação interpessoal com autorrespeito e compromisso com a vida”.

Para Rahilda Tuma e Thais Granado, a horta pode ser considerada uma boa experiência de convivência grupal (família, escola, unidade de saúde, Caps, Centros de Assistência Social), funcionando como um centro para o qual convergem inúmeras possibilidades para desenvolver atividades sociais, educativas e recreativas.

Inclusive, durante o processo de pesquisa para a implantação da horta e elaboração do material educativo, a equipe do Caps AD tomou conhecimento de experiências semelhantes utilizadas em outros locais, como em escolas, por exemplo, onde a horta é utilizada com enfoque no aspecto da educação alimentar e nutricional.

Portanto, apesar de ser direcionada ao Caps AD, a cartilha pode ser aproveitada em diversos locais, como comunidades e até em casa porque informa sobre os materiais e equipamentos necessários para organizar a horta, sobre hortaliças e suas propriedades nutricionais e todos os cuidados necessários para sua manutenção.  

“A implantação e manutenção de uma horta, a realização de oficinas culinárias e atividades educativas podem ser usadas em outros serviços de saúde, contemplando outros públicos, podendo ainda ser utilizadas como atividades comunitária ou familiar” - Thais Granado, nutricionista da Coordenação Estadual de Nutrição da Sespa.

Com o uso de materiais recicláveis como garrafa PET e pneus, a horta também dá um destino útil para materiais que seriam jogados no lixo.

Além de Rahilda Tuma e Thais Granado, participaram da elaboração das cartilha as nutricionistas Joicy Martins, Maynara Santana e Naíza de Sá.

Cartilha Horta como Estratégia de Educação Alimentar e Nutricional no CAPS AD

Serviço:

A cartilha também está disponível no Instagram da Coordenação Estadual de Nutrição.