MinC anuncia editais para fomentar a abertura de espaços de leitura na Amazônia
Dois editais nacionais, um para fomentar a leitura na Amazônia e outro para abrir bibliotecas comunitárias em toda a região Norte. Esse é um dos resultados da primeira reunião técnica do programa Território Leitor, promovido pelo Ministério da Cultura (MinC) durante a XXI Feira Pan-Amazônica do Livro, que termina neste domingo (4). Integrantes dos Sistemas Estaduais de Bibliotecas se reuniram com o diretor do Departamento de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) do MinC, Cristian Brayner, para discutir a realidade desses espaços e apresentar propostas de melhorias dentro de um contexto econômico e cultural.
O edital do Proler, no valor de R$ 200 mil, será usado no apoio a espaços e na formação de agentes de leitura na Amazônia. “Queremos fazer um edital específico para os comitês do Proler da região amazônica. O programa tem 25 anos. É o maior e mais antigo programa de leitores e de fomento à leitura no Brasil”, explicou Cristian Brayner. O Território Leitor também propôs um termo de acordo entre os sistemas estaduais de bibliotecas e o ministério, para fortalecer a rede. O MinC é responsável por um sistema nacional que congrega mais de seis mil bibliotecas em todo o território nacional.
Formação
A Feira do Livro é mais do que um espaço de comercialização e negócios. Tem o papel de formar leitores e transformar a realidade social de crianças e jovens para quem a leitura ainda é uma realidade distante, especialmente quando se leva em conta o baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) registrado em diversos municípios. Quanto menor o IDH, mais precário é o número de leitores. A Feira se torna, assim, arena propícia para esse tipo de debate.
“Além de libertador, o conhecimento é importante fator social. Eu era um vendedor de cocadas em Brasília. Uma das razões pelas quais consegui um pouco de mobilidade social foi uma feira literária. Essa, para mim, é a maior importância da Feira Pan-Amazônica do Livro, pois ela permite acesso a um universo de empoderamento que, se inicialmente parece estranho a muitos meninos, depois fica mais palatável. Em um Estado que mais parece um país, como o Pará, isso é fundamental”, disse Cristian.
Cristian Brayner fala com propriedade. Ele é pós-doutor em História, doutor em Literatura pela Universidade de Brasília (UnB) e mestre em Ciência da Informação. É graduado em Biblioteconomia, Tradução, Filosofia e Letras (Língua e Literatura Francesas). Foi agraciado com o Prêmio Casa de las Américas. “A palavra leitura vem do latim legere, que significa escolha. Ou seja, por meio da leitura, do livro, você escolher não apenas o que ler, mas também o direcionamento da sua própria história”, afirmou.
Acesso
Um dos diferenciais da Feira, para Cristian Brayner, é o barateamento dos livros. “Andei pelos estandes esses dias e vi que os preços estão bastante em conta, simbólicos até. Inclusive comprei vários. Estou levando para casa uma mala lotada. Nesses tempos de economia complicada, isso é fundamental para democratizar o acesso à leitura”, afirmou.
O MinC optou por apoiar a Feira Pan-Amazônica do Livro – cerca de R$ 300 mil foram destinados ao evento –porque o Pará está num localização nevrálgica que, costumeiramente, é marginalizada. “Existe uma quantidade muito grande de feiras literárias pelo Brasil afora, e realmente temos que optar. Viemos para cá e decidimos fazer o primeiro Território Leitor do país justamente porque temos que enfrentar aqui os maiores desafios nessa área”, avaliou Brayner.