Fertilização in Vitro pode dobrar produção de leite em Conceição do Araguaia
Iniciativa é mais uma etapa do programa Leite Araguaia, implantando ano passado pela Emater
Mesmo na pandemia provocada pelo novo coronavírus, três pecuaristas atendidos pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) em Conceição do Araguaia, no sudeste paraense, começarão, ainda este mês, a utilizar Fertilização in Vitro (FIV) nos rebanhos.
A oportunidade é mais uma etapa do programa Leite Araguaia, implantando ano passado pela Emater, em parceria com a Prefeitura. É a primeira vez que a agricultura familiar do município tem acesso a essa tecnologia de ponta.
Os pecuaristas Nilton Araújo, da Chácara Moriá; Lázaro Oliveira, da Chácara R3, e Paulo Sérgio Pereira, da Chácara Sonho Meu, estão sendo capacitados pela Emater e terceirizarão serviços especializados com um laboratório particular, como coleta de óvulos e transferência de embriões.
Planejamento é trabalhar sobre as raças gir, girolando e holandêsNilton e Paulo receberão crédito rural da linha Mais Alimentos, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), no valor de R$ 165 mil, pelo Banco do Brasil, já Lázaro lançará mão de recursos próprios. O crédito servirá não só para alguns custos com a FIV, mas também para compra de animais, estrutura de ordenha, entre outros investimentos. O planejamento é trabalhar sobre as raças gir, girolando e holandês.
A Fertilização in Vitro é uma biotécnica que acelera em cerca de 10 anos e encurta em pelo menos três gerações a produção de bovinos geneticamente superiores, em termos de produtividade e de adequação ao ambiente - o que significa saltos consideráveis no lucro das propriedades e na qualidade do leite.
“Aqui, por exemplo, nosso interesse é em animais com resistência ao sol e com resistência às intempéries típicas da região”, explica o chefe do escritório local da Emater, o técnico em agropecuária Leandro Gomes.
Calcula-se que, em dois a três anos, os pecuaristas selecionados do programa Leite Araguaia, os quais já apresentam uma produção muito acima da média do município por conta do acompanhamento diferenciado pela Emater, dobrem a atividade: dos atuais 7 litros por animal para 15 litros por animal.
A tecnologia, não obstante ser considerada bastante avançada, é acessível para o agricultor familiar paraense, até mesmo via crédito rural, intermediado pela Emater. “Podemos dizer que o que falta hoje em dia não é acesso. O pequeno agricultor, o médio, tem possibilidade, com crédito rural, até com recursos próprios, se possuir uma propriedade estruturada. O que falta hoje em dia é informação. Ou seja: o agricultor saber que pode, que é possível para ele, para o município”, comenta Gomes.