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COMBATE À PANDEMIA

Pessoas em situação de rua ganham proteção e qualidade de vida no Mangueirão e Mangueirinho

Em pouco mais de um mês, o governo do Estado e uma rede de doadores garantem saúde, lazer e cidadania a um segmento social marcado pela vulnerabilidade

Por Rodrigo Souza (SEASTER)
27/04/2020 21h59

Cerca de 8 mil atendimentos e 600 testes rápidos já foram oferecidos às centenas de pessoas em situação de rua abrigadas, há mais de um mês, no Estádio Olímpico do Pará, o Mangueirão, e na Arena Guilherme Paraense, o Mangueirinho, em Belém. O acolhimento a esse segmento social de extrema vulnerabilidade foi uma das primeiras estratégias adotadas pelo Governo do Pará para conter a disseminação do novo Coronavírus. Com acesso à alimentação, condições de higiene, serviços de saúde e ações de cidadania, lazer e entretenimento, as pessoas se protegem da doença e ganham qualidade de vida e visibilidade social.

A ação é coordenada pela Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster), que em pouco mais de um mês oferece esse acolhimento a cerca de 600 pessoas.

Neste primeiro mês, completado no último dia 23, centenas de pessoas, instituições públicas e organizações não governamentais contribuíram com doações de alimentos não perecíveis, materiais de higiene pessoal, colchões, cobertores, roupas e vários outros itens necessários. Agora, são utilizadas diariamente cerca uma tonelada de alimentos, o que resulta em aproximadamente 30 toneladas de alimentos resultantes da solidariedade.

"Nós montamos uma força-tarefa, e vimos de que forma poderíamos ajudar. Decidimos por doar as cestas básicas e também abrir nossas lojas para que as pessoas pudessem doar, e depois trazermos para cá (Mangueirão)", disse Igor Souza, diretor de Marketing da rede + Barato, uma das empresas doadoras de gêneros alimentícios.

Socorro Santos, moradora da Cidade Nova V, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, participa dessa rede solidária com a produção diária de sopa e mingau, que são distribuídos à noite aos acolhidos. “Tem dia que eu preparo sopa, e tem dia que eu preparo mingau. É um trabalho sacrificado, mas eu me sinto muito bem fazendo isso. Quando eu me deito, no final do dia, me sinto útil. Eu faço de coração”, afirmou.

Saúde e lazer - Durante a semana, homens, mulheres e crianças participam de várias atividades esportivas e socioeducativas, com apoio de uma equipe da Fundação Parápaz e da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel). Todos têm a oportunidade de cuidar do corpo e da mente por meio de atividades funcionais, circuitos e alongamento, jogos de tabuleiro, peteca, futebol, frescobol e basquete, além de atividades artísticas, como pintura e reciclagem.

Além do lazer, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) mantém um ambulatório, onde é possível realizar testes rápidos, curativos, consultas e, dependendo da situação, o encaminhamento para unidades de pronto atendimento.

As pessoas recebem diariamente máscaras de proteção para reforçar a prevenção ao vírus. A entrega de kits de higiene pessoal e a instalação de pias para a lavagem constante das mãos são outras medidas adotadas. Máscaras e álcool em gel são entregues a cada dia também para as equipes que atuam nos abrigos, a fim de garantir a segurança de todos que transitam pelos espaços.

J. S., 47 anos, um dos acolhidos no Mangueirão, defende que o uso de máscaras permite maior proteção e segurança. “A Seaster entregou máscaras para nós, e agora a nossa saúde ficará bem prevenida em todos os sentidos. Podemos circular mais protegidos, porque a contaminação pode estar em qualquer lugar, e assim nos protegemos de várias doenças, não somente da Covid-19”, disse.

Ao longo desse período, os acolhidos também receberam cortes de cabelo, feitos por barbeiros de Belém, além de participarem de encontros religiosos, como missas e cultos, realizados por grupos voluntários.  À noite há uma programação de filmes, telejornais e programas locais.

Cidadania - Devido à pandemia, a Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta a população a se manter em isolamento, a fim de conter a curva de contágio pelo novo Coronavírus. Por isso, a Defensoria Pública do Estado do Pará oferece assistência jurídica e de cidadania para os segmentos sociais mais vulneráveis.

Até este segunda-feira (27), a Defensoria havia registrado 185 encaminhamentos para emissão de certidão de nascimento, solicitados por abrigados que não possuíam sequer esse documento, ou tiveram a certidão extraviada.

Para o secretário de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda, Inocêncio Gasparim, "pessoas em situação de rua vêm de um contexto de sofrimento extremo, tanto físico como psicológico. Eles sobrevivem sem roupas, sem casa, sem cama, não têm documentos, não têm carinho. Hoje, o principal desafio é tornar essas pessoas cidadãs de fato, garantindo direitos básicos e possibilidades para uma vida digna e saudável, durante este período de pandemia e após ele. O que é feito com carinho e boa vontade, principalmente àqueles que mais precisam, sempre produzirá bons frutos".