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TRABALHO E RENDA

Pessoas com deficiência têm apoio do Estado na busca pelo emprego

Por Redação - Agência PA (SECOM)
10/06/2017 00h00

Sempre que procurou trabalho, o servente de obras Jonas Santos de Souza, 32 anos, enfrentou muitas dificuldades. Como qualquer trabalhador que luta para conseguir uma vaga no mercado, ele levou muitos nãos. Com um agravante: muitos deles vieram por causa da sua condição de deficiente físico.

Uma história que mudou na última semana. Jonas garantiu vaga em uma prestadora de serviços da construção civil, graças ao trabalho de intermediação de mão de obra formal feito pelo Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIIC), mantido pela Secretaria de Estado de Assistência Social, Trabalho, Emprego e Renda (Seaster).

O encaminhamento para o mercado de trabalho é um dos serviços oferecidos pelo CIIC, onde funciona um dos cinco postos da Casa do Trabalhador/Sistema Nacional de Empregos (Sine) existentes na Região Metropolitana de Belém.

A assistente social Maria de Nazaré Saldanha é uma das responsáveis por receber o público que procura os serviços do centro. Do acolhimento na recepção ao cadastro, o atendimento é completo e feito de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 h.

Seis categorias são atendidas no centro. Os deficientes físicos, que têm nos cadeirantes o grupo mais expressivo, respondem pela maior demanda. “São pessoas que tiveram algum membro amputado, sofreram alguma sequela, que nasceram com deficiência ou a adquiriram. O deficiente é caracterizado pela perda de força e pela limitação funcional”, explica a assistente social. Somente de janeiro a maio deste ano, eles responderam por 1.357 atendimentos e 95 cadastros. No total, 511 foram encaminhados ao mercado de trabalho e 82 conseguiram emprego.

Conquista - É o caso de Jonas, que apenas neste ano chegou a entregar 20 cópias do currículo em diversas empresas. Foram 10 anos sem trabalhar com carteira assinada, até o último dia 29 de maio, quando conseguiu a vaga na construção civil. Sorridente na área de atendimento do Sine, o servente de obras agradeceu pela conquista.

“Adquiri esse problema no braço aos 15 anos, em função de uma queda. Por causa disso não tenho força nem equilíbrio para segurar objetos pesados. Também sofri um acidente de carro, que me deixou com sequelas. Perdi um pouco de massa encefálica. Esses problemas todos sempre foram empecilho para eu arrumar trabalho”, conta ele, que fez muitos “bicos” para garantir o sustento da família. “Vendi lanche na rua e fui reparador de carro, mas sempre procurei um emprego melhor. Estudei somente até a segunda série do Ensino Fundamental, o que também me atrapalha muito”, acrescenta.

Balanço - De janeiro a maio de 2017, o CIIC fez 3.520 atendimentos. A metade resultou no encaminhamento de pessoas com deficiência para o mercado de trabalho, e 137 efetivamente foram empregadas. Depois dos deficientes físicos, os auditivos foram os que tiveram mais atendimentos - 541 no total. Desses, 150 foram encaminhados e 26 conseguiram a carteira assinada.

No quadro geral, os homens são maioria, com 111 colocados no mercado, contra 26 mulheres. No período, as cerca de 40 empresas conveniadas ofertaram 193 vagas. “Encaminhamos os candidatos, mas são os departamentos de recursos humanos das empresas que fazem a seleção”, ressalva Nazaré Saldanha.

A baixa escolaridade é um dos fatores que ainda dificultam o acesso das pessoas com deficiência ao mercado de trabalho. Dos 137 colocados este ano, 79 têm o Ensino Médio completo, enquanto 19 não completaram essa etapa escolar. Em relação ao ramo de atividades, 73 foram empregados no setor de serviços e 40 no comércio.

“Queremos que, em breve, as pessoas com deficiência sejam empregadas não apenas porque a lei obriga, mas porque são capazes e podem competir em pé de igualdade com outras”, ressalta a assistente social. A Lei de Cotas, nº 8.213/91, determina que toda empresa com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de 2% a 5% das vagas com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência.

Formação - Para melhorar esses resultados, o CIIC investe na formação e qualificação profissional.“O número de capacitações foi ampliado para justamente dar ao nosso público mais oportunidades na hora da seleção. São cursos diversos, como informática básica e avançada, panificação, serigrafia e artesanato”, informa o coordenador do centro, Said Kalif. “Temos a proposta de trabalhar a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade como um todo, não apenas no mercado de trabalho”, frisa. No ano passado, o CIIC encaminhou 2.484 pessoas com deficiência ao mercado de trabalho, das quais 480 conseguiram o emprego formal.

Cada vez mais exigente, o mercado exige preparação. Mas não é só na falta de qualificação da mão de obra que a relação da pessoa com deficiência com as empresas é estremecida. O maior empecilho continua sendo o preconceito. “Precisamos trabalhar constantemente a melhor aceitação dos parceiros e colegas de trabalho com esse público. As pessoas ainda têm muita dificuldade de lidar com o limite de cada um. Esse incômodo na relação acaba fazendo a pessoa com deficiência perder o emprego muito mais facilmente que outra pessoa, às vezes sem saber o porquê”, destaca Said Kalif.

Desafios - Prova de que as relações interpessoais são tão importantes quanto a qualificação técnica é o elemento humano que faz parte dos cursos oferecidos pelo CIIC. A terapeuta ocupacional Elecilda Raiol explica que a equipe multidisciplinar – formada por pedagogos, assistentes sociais, médicos e fonoaudiólogos – trabalha a inclusão de maneira ampla. “Nos cursos não ministramos apenas o conteúdo específico. Trabalhamos, sobretudo, questões pontuais sobre aceitação, autoestima e comportamento, para que essa pessoa chegue ao mercado de fato preparada para enfrentar o dia a dia de uma empresa”, diz a terapeuta.

Para ela, além de qualificar a mão de obra, é preciso conscientizar os gestores das empresas sobre a capacidade desses trabalhadores. “Vamos cada vez mais chamar os gerentes de recursos humanos e gerentes para mostrar que a pessoa com deficiência tem uma limitação que não a inabilita para o trabalho. Todos temos limitações. Basta sabermos onde e como atuar. Conviver com as diferenças é salutar para todos e transforma o ambiente em que atuamos, fazendo uma sociedade melhor”, conclui.

Serviços oferecidos no CIIC:
- Saúde: Serviço dontológico especializado com suporte de equipe multiprofissional (médico, psicólogo, fonoaudiólogo, enfermeiro, farmacêutico, psiquiatra e assistente social).

- Trabalho: Sistema Nacional de Emprego (Sine), com intermediação de mão de obra.

- Cheque Moradia Especial: Proporciona à pessoa com deficiência a melhoria habitacional nas modalidades reforma, ampliação, construção e adaptação para melhor acessibilidade.

- Cilpa – Central de Interpretação de Libras: Oferece atendimento especializado em tradução e interpretação da Língua Brasileira de Sinais (Libras), com intérpretes disponíveis para esclarecimentos, informações e acompanhamento em situações específicas às pessoas surdas ou com deficiência auditiva em serviços públicos previamente agendados.

- Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência: Órgão colegiado vinculado à Seaster, composto por 18 membros, representando paritariamente a sociedade civil e o poder público.

- Coees- Coordenadoria de Educação Especial: Promove ações para acesso e permanência das pessoas com deficiência, com transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/ superdotação e demais alunos com necessidades educacionais especiais no Sistema Regular de Ensino Público.

Documentos para cadastro no Sine: Carteira de trabalho, PIS, RG, CPF, laudo médico atual, currículo, comprovante de escolaridade, comprovante de cursos (se tiver) e comprovante de residência. 

Serviço: Centro Integrado de Inclusão e Cidadania (CIIC) - Avenida Almirante Barroso, 1.765, Bairro do Marco (entre as travessas Angustura e Barão do Triunfo). Atendimento de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 h. Contatos: (91) 3846-2303 / (91) 3276-9100 / (91) 3276-1245. Mais informações: www.seaster.pa.gov.br