Unidade de ensino em Maracanã é modelo de gestão escolar
Carteiras sem nenhum rabisco, paredes sem pichação, grama verde e bem aparada, vidraças limpas, salas refrigeradas, ginásio e vestiário limpos e organizados, equipamentos de informática e mobiliário bem conservados. O cenário é de uma escola pública do interior, e quem pensa que se trata de uma unidade recém-inaugurada está enganado.
A Escola Estadual Izidório Francisco de Souza, no município de Maracanã, nordeste paraense, foi inaugurada há quase quatro anos e a manutenção exemplar de suas instalações é motivo de orgulho para toda a comunidade escolar, do ex-diretor - que deixou a escola há poucos dias para assumir outro cargo - aos alunos e colaboradores.
“Eu entrei há menos de um ano para a equipe dos serviços gerais e confesso que no começo estranhei o método de trabalho utilizado para a manutenção da escola. Os alunos zelam mesmo. Quando chega um novato, ele é logo orientado pelo chefe de turma sobre como ajudar na conservação do espaço, e todos os alunos ficam atentos para que nada fique sujo ou para qualquer tentativa de vandalismo. O banheiro das meninas, então, quase não dá trabalho”, conta Mariane Pinheiro, auxiliar de serviços gerais.
Além da limpeza diária, de rotina, o prédio passa por uma lavagem mensal completa, das janelas de vidro ao chão. A escola tem cerca de 600 alunos matriculados no Ensino Médio e também do projeto Mundiar (metodologia de teleaula para corrigir distorção idade/ano e reduzir evasão escolar) e da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
O prédio, que custou aos cofres públicos R$ 4.784.940,32 tem 12 salas de aula com capacidade para 50 alunos cada, laboratórios, sala de vídeo, sala multiuso, biblioteca, recreio coberto com refeitório, quadra poliesportiva com arquibancada, vestiários masculino e feminino e depósito para material esportivo e auditório com capacidade para 100 pessoas.
A construção, instalada em uma área total de 8.500 metros², tem ambientes climatizados e conta com sistema anti-incêndio com hidrantes em todas as salas de aula. “Essa é uma escola de primeiro mundo, então, cada um de nós tem muito orgulho de ter esse espaço para receber nossos filhos e também pra gente trabalhar”, conta o assistente administrativo Denis Albuquerque.
O ex-diretor da Escola, que assumiu a gestão da Unidade Seduc na Escola (USE) do município, Luiz Eduardo Fonseca, detalha que o segredo é simples: gestão participativa. “O aluno, antes de aprender o conteúdo do currículo escolar, aprende a ser cidadão, com direitos e deveres. Não recordo de nenhum caso de vandalismo nesta escola, a exceção de um episódio de uma aluna nova, que escreveu o nome dela na carteira, mas no mesmo dia foi orientada pela colega a pegar algodão com álcool e limpar”, detalha o professor, que diz ter orgulho de saber o nome de cada um dos alunos matriculados.
A gestão participativa também melhorou o nível de aprendizado dos alunos. Segundo o ex-diretor, os estudantes da Izidório Francisco de Souza tiveram a melhor nota da região nordeste do Estado entre as escolas que participaram da prova do Sistema Paraense de Avaliação Educacional (Sispae) em 2016. O Sispae faz parte do Programa de Melhoria da Qualidade e Expansão da Cobertura da Educação Básica, executado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) no âmbito do Pacto pela Educação. Uma das missões do sistema é avaliar o desempenho dos estudantes em Português e Matemática, de escolas públicas estaduais e municipais, do 4º e 8º anos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
Elays Silva, 19, aluna do 3º ano do Ensino Médio, disse que fez da escola uma extensão da casa dela. Tendo a vantagem de morar perto do prédio, ele está sempre no local, seja para as atividades de Educação Física ou para aproveitar momentos na biblioteca ou na sala de informática. “Quando a gente tem um espaço desse não pode deixar de aproveitar, por isso que somos tão vigilantes para que tudo permaneça bem cuidado”, disse a aluna, que também é chefe de turma.