Gerentes de Unidades de Conservação participam de intercâmbio em Belém
Com o objetivo de promover um intercâmbio de informações e experiências entre as gerências de Unidades de Conservação do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), a Diretoria de Gestão e Monitoramento de Unidades de Conservação (DGMUC) realizou, na última quinta-feira (6), um encontro que reuniu os gestores das 26 UCs do Pará, na sede do Instituto em Belém.
Organizado pela Gerência da Região Administrativa de Belém (GRB), o evento foi dividido em dois momentos. Pela manhã, os gerentes assistiram a palestras sobre as pesquisas desenvolvidas no Parque Estadual do Utinga Camillo Vianna. No período da tarde, a equipe realizou uma visita à UC, que abriga parte da rica biodiversidade amazônica, sendo atualmente um dos principais pontos turísticos de visitação da capital.
Na rodada de palestras, participaram o pesquisador da Coordenação de Botânica do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), Dr. Leandro Valle Ferreira, além do especialista em Gestão Ambiental, Augusto Jarthe e o Dr. Waldemar Andrade, técnico em gestão ambiental da GRB/Ideflor-bio. As palestras abordaram a importância dos inventários biológicos para o conhecimento da biodiversidade e como isso pode ser aplicado para melhorar a gestão das Unidades de Conservação.
Primeiro registro – Em sua apresentação, o pesquisador Leandro Ferreira mostrou aos participantes um estudo de caso sobre o Parque Estadual Serra dos Martírios/Andorinhas (Pesam), uma UC de proteção integral localizada no município de São Geraldo do Araguaia, no sudeste paraense, na fronteira entre o Pará e Tocantins. No primeiro inventário, realizado em novembro passado, foram descobertas espécies novas, como exemplares de uma espécie de maracujá classificada como Passiflora mansoi. Após consultar o site Flora do Brasil, a equipe constatou que este foi o primeiro registro desta espécie para o estado do Pará.
Em seguida, o biólogo mostrou o caso do Parque Estadual do Utinga, onde foram implantadas três parcelas permanentes de monitoramento da vegetação em longo prazo. “Estamos aqui há dois anos e já temos um banco de dados com quase 500 espécies de plantas identificadas em diferentes tipos de vegetações do Parque do Utinga”, disse. “APA Belém, Parque Estadual do Utinga e o Revis formam o único corredor de vegetação na Região Metropolitana, com capacidade de manter populações de plantas e animais. O grande objetivo é conservar esses últimos remanescentes de vegetação que temos aqui”, ponderou Leandro Ferreira.
Desde 2012 o gestor ambiental Augusto Jarthe atua com o levantamento da fauna do Parque. Ao longo deste período, foi realizado um inventário faunístico do Lago Bolonha, um dos mananciais responsáveis pelo abastecimento hídrico de 70% da Região Metropolitana de Belém. O estudo foi ainda mais abrangente, uma vez que levou em consideração a parte florestal do Parque. “Mostrei aos gerentes que eles podem replicar essa experiência, um levantamento de baixo custo para suas unidades de conservação, desde que consigam estabelecer parcerias com alguns segmentos da sociedade”, frisou Jarthe.
Já o biólogo Waldemar Andrade apresentou um estudo sobre a biota do manancial Bolonha, envolvendo tanto a vegetação (macrófitas) como a fauna que ocorre no local. “Sabemos que as macrófitas são vegetais filtradores, inclusive de metais. A ideia é estudar as macrófitas primeiramente e de que forma faremos o manejo das mesmas posteriormente”, explicou.
Visita - Com o apoio de condutores da empresa Amazônia Aventura, que presta serviços de ecoturismo e turismo de aventura no Parque, os gerentes visitaram a UC, acompanhados do gerente do Parque do Utinga, Ivan Santos. “Essa integração é uma busca de conhecimento e troca de informações. Foi um momento em que cientistas que fizeram análise da fauna, flora e água, demonstrando a importância desses estudos em cada unidade. Uma possibilidade que vai enriquecer a sociedade, em favor da cultura e do povo”, ressaltou Ivan.
Gerente da Região Administrativa Calha Norte III, formada pelas Unidades de Conservação Estação Ecológica Grão-Pará e Reserva Biológica Maicuru, no Baixo Amazonas, Edimilson Pinheiro visitou o Parque pela primeira vez e acredita que a experiência fortalece a integração do trabalho promovido pelo Instituto nas UCs. “Foi uma experiência muito boa, tanto a parte recreativa, como a parte sobre a biodiversidade que nos foi apresentada. Nós precisamos nos ver como uma unidade, até mesmo para o crescimento do Ideflor-bio como um todo”, garantiu.