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Obra em tempo recorde da Ponte União pode entrar no Guinness

Na primeira reportagem da série sobre a nova ponte, que integra a Alça Viária, o destaque é o reconhecimento internacional da obra concluída em apenas sete meses

Por Jackie Carrera (SECOM)
27/01/2020 17h23

Obra complexa, a rápida reconstrução da ponte é um feito que ganha reconhecimento dentro e fora do BrasilSete meses. Esse foi o tempo que o Estado precisou para reconstruir uma ponte aos moldes da mais seguras do mundo, no meio da Amazônia. Com o objetivo de unir novamente as regiões do Pará, por meio da Alça Viária, será entregue no final deste mês.  Para quem não recorda, parte de sua estrutura desabou, no dia 6 de abril, após o choque de uma embarcação com um de seus pilares.
 
A obra de restauração da ponte iniciou no dia 20 de junho do ano passado, depois da retirada completa dos escombros que permaneceram no rio. O caso pode ser incluído no Livro dos Recordes, o "Guinness World 2020", como a ponte reconstruída em menor tempo no mundo. A comissão de engenharia da publicação entrou em contato com o Governo do Estado, convidando à seleção.

O Secretário Estadual de Transportes, Pádua Andrade, está a caminho da Nova Zelândia, para defender o projeto que concorre com pontes construídas na China, Japão e EUA.

“Teremos quatro horas para defender tecnicamente o projeto. E temos chances, porque nas outras pontes, eles planejaram, aqui foi um acidente. Tivemos agravantes, como por exemplo, o tempo gasto para a retirada dos entulhos, a velocidade das nossas águas (que chegam a 20km por hora) e que ainda muda de sentido. Temos também a mudança de maré que chega à altura de 4 metros e a travessia de balsas na área, tudo simultaneamente”, disse o secretário de transportes Pádua Andrade.

Segundo a gestão estadual de transportes, independentemente de a ponte União ser incluída no Guinness, a obra é considerada um ‘Case de Sucesso’ por superar todos os desafios de um projeto, de nível internacional, executado em circunstâncias tão peculiares.

Para minimizar ao máximo os transtornos causados pela queda da estrutura e acelerar as obras, mais de mil operários trabalharam direta e indiretamente. Os serviços são realizados 24 horas por dia. Além disso, o Estado teve que vencer toda a burocracia. Além da Secretaria de Transportes, também tiveram participação nesse período, a polícia, perícia científica, bombeiros, Capitania dos Portos, Procuradoria Geral do Estado entre outros órgãos de governo e de controle e fiscalização.
 
“Também contamos com o Ministério Público e o Tribunal de Contas nos aconselhando e recomendando. Logo de início nós prevemos que havia a necessidade de uma mobilização rápida para a contratação de profissionais e ritmo de obra. Fizemos essa licitação rápida, com toda assessoria técnica e jurídica”, disse o secretário.

E a população pode ficar tranquila quanto à segurança da construção. Embora o tempo para a conclusão de uma obra tão complexa tenha sido menor do que se espera, tudo foi feito com muito cuidado. “O importante para gente era fazer a obra pensando na vida humana. Contratamos os maiores profissionais de pontes estaiadas do país. Agimos rápido, mas usamos a solução técnica, de modo que, não continuássemos com os mesmos erros de projetos anteriores”, reiterou Pádua, que fez questão de revelar que não houve nenhum acidente de trabalho, nem mesmo na travessia de embarcações no trecho.

A reconstrução do trecho de 268 metros da ponte gerou 550 empregos diretos e 450 indiretos. O canteiro foi praticamente todo em balsas, onde funcionava, simultaneamente, o laboratório de concreto, as centrais de concreto, almoxarifado, enfim todo o apoio necessário para acontecer a obra. “Tivemos uma preocupação com os riscos dessa obra de engenharia que contou com 12 balsas e 6 guindastes operando cargas. Priorizamos muito a segurança do trabalho”.

A resposta eficiente do Estado resultou em uma ponte que não perde em nada para outras que existem, no mesmo molde, fora do Estado e do País. A construção que custou R$ 104 milhões de reais refez todo o trecho desabado, revitalizou o restante da ponte e ainda construiu um mastro central de mais de 90 metros de altura, onde foram fixados 40 cabos de aço ou cordoalhas de alto desempenho (construídas no Pará, Ceará e São Paulo). A ponte agora é estaiada e passa de um vão de 68 metros (projeto antigo) para dois canais de navegação (vãos) com 134 metros cada. Também foram construídos três novos pilares que receberão defensas de proteção resistentes a grandes impactos (dolfes com estrutura metálica e cobertura de concreto).

Para Jeremias Cunha, operário que trabalhou na obra todo esse período, foi uma experiência que irá marcar a vida toda.

“Tinha experiência com construção e reforma de casas. Ponte é a primeira vez. Aqui, eu comecei na distribuição de combustível para abastecer o gerador, também ajudei na distribuição dos cabos de aço. No acabamento, trabalhei nas muretas de proteção. A gente não parou, foi direto, de domingo a domingo”, disse o empreiteiro.

Para cumprir a missão com qualidade e em pouco tempo, nada melhor que um incentivo. Jeremias lembra as inúmeras visitas do governador do Estado, Helder Barbalho, ao canteiro de obras.

“Já vi ele muitas vezes aqui na obra, isso é importante porque a gente sente o apoio, o incentivo. Isso aí traz uma motivação maior pra gente. Sabendo que vai melhorar pra nós. Essa ponte é um benefício pra muita gente”, finalizou.