Debate sobre impactos da usina de Tucuruí chega a Igarapé-Miri
A caravana com o segundo dia de oficinas colaborativas, promovidas pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) para discutir a renovação do licenciamento ambiental da Usina Hidrelétrica (UHE) de Tucuruí, englobando os municípios a jusante, chegou nesta quinta-feira, 22, a Igarapé-Miri. O terceiro e último dia de Oficinas Colaborativas será na próxima terça-feira, 27, no município de Abaetetuba.
O objetivo da ação foi mobilizar as comunidades para discutir os impactos socioambientais que a construção da Hidrelétrica ocasionou na região. Com base nessa proposta, a dinâmica consistiu em oficinas colaborativas realizadas simultaneamente, com as seguintes temáticas: Pesca, Piscicultura e Qualidade da Água e Plano de Desenvolvimento Regional da Jusante (Pirjus).
Mais de 60 pessoas participaram da ação, que além de representantes de Igarapé-Miri, envolveu profissionais de municípios como Baião e Mocajuba. Durante a abertura do evento, o secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas, Thales Belo, agradeceu aos participantes e explicou sobre a ação. "A proposta é fazer que as informações obtidas aqui sejam consideradas na análise do projeto, a partir de uma visão da comunidade local que entende o que é pertinente para o momento e qual a realidade".
Thales também elogiou o nível das discussões. "Continuamos o trabalho que a Semas vem realizando com os municípios da montante e jusante do entorno do empreendimento. Observamos que as lideranças e as comunidades locais estavam bem apropriadas do tema, as discussões foram intensas e produtivas".
A Usina Hidrelétrica de Tucuruí, de responsabilidade da empresa Eletronorte, foi inaugurada em 1984 e é responsável pelo abastecimento de energia do Pará, Maranhão e Tocantins. Em meio a dinâmica das oficinas, os participantes puderam trocar experiências e informações acerca dos impactos socioambientais decorrentes do empreendimento, os projetos da empresa responsável para a comunidade e as ações de compensação demandadas - dentre elas, destacam-se a recuperação das nascentes dos igarapés, fortalecimento das ações sociais, revitalização dos projetos de água potável no Baixo Tocantins, transposição de energia, entre outros.
Representante da colônia de pescadores de Igarapé-Miri, Raimundo Velho contou que o empreendimento acarretou consequências para as comunidades. Segundo ele, é preciso amenizar a situação. "Com a oportunidade de sentar com o Estado para discutir esses problemas, pudemos trocar experiências. Achei a oficina muito produtiva, pois vai servir pra fortalecer a integração da sociedade com o governo e trabalhar em conjunto para a inclusão das pessoas nesse processo", afirmou.
A iniciativa foi elogiada também por gestores locais, como o secretário de Meio Ambiente de Igarapé-Miri, Reinaldo Aguiar. "Sabemos que a parceria Estado e Município é fundamental e estamos felizes por conseguir evoluir em diversos segmentos. O empreendimento causou diversos impactos ambientais na nossa região e conseguir reunir todos para discutir isso em um evento desse porte é muito importante. Esperamos bons resultados".
Por sua vez, o secretário de Governo do município, Gefferson Lobão, qualificou as oficinas como uma oportunidade ímpar para discutir também a revisão do plano diretor da região. "O plano cuida do planejamento e desenvolvimento do nosso município em todos os segmentos, incluindo a sustentabilidade. Vemos que hoje o Pará está passando por uma conscientização ambiental muito necessária, então é importante participar de iniciativas como essa, que nos permitem ver o Estado acionando os municípios para melhorar suas políticas públicas e discutindo a melhoria de qualidade de vida da população".
O prefeito de Igarapé-Miri, Ronelyo Quaresma, enfatizou a integração entre governo estadual e municipal por meio de iniciativas como o programa Municípios Sustentáveis - ação que engloba a Política de Desenvolvimento Harmônico Sustentável do Estado do Pará. "Queria agradecer e parabenizar o governo do estado. Aderimos recentemente ao Municípios Sustentáveis e estamos firme nessa parceria para desenvolver o nosso município. Estamos cobrando as compensações pelos impactos da Usina e a oportunidade de debater o assunto significa um grande avanço para a região".