Grupos de apoio atenderão pacientes da Fundação Hemopa
Aproximar profissionais e pacientes e esclarecer dúvidas acerca de doenças ligadas ao sangue. Esses são alguns dos benefícios esperados com a criação de dois grupos de apoio para pessoas portadoras da hemofilia e da doença falciforme e seus familiares. A iniciativa, que começa a ser posta em prática nesta terça-feira, 27, é de fisioterapeutas em residência na Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa).
Segundo o Ministério da Saúde, existem cerca de 260 portadores da doença falciforme e mais de 450 hemofílicos no Pará. A Fundação Hemopa é referência para diagnóstico e tratamento das patologias do sangue no estado, onde os pacientes recebem atendimento multidisciplinar. A partir deste mês, os encontros passam a ocorrer uma vez ao mês, sempre às terças e quintas-feiras, de 9h às 11h, no próprio hemocentro.
Segundo a fisioterapeuta Luciana Rezende, a ideia é que os pacientes possam trocar experiências e que profissionais da saúde possam difundir informação durante as rodas de conversa, além de incentivar a prática de exercícios físicos. “Foram criados dois grupos diferentes porque os usuários têm necessidades diferentes. O primeiro é voltado aos portadores da doença falciforme; o outro aos pacientes portadores da hemofilia. Queremos sanar dúvidas deles, sempre envolvendo os familiares”, conta.
Em cada um dos encontros, um profissional de uma área diferente será convidado a participar da conversa. São médicos, enfermeiros, assistentes sociais. “Além disso, também vamos pedir para que eles façam uma avaliação ao final de cada ação. Esse controle de qualidade é para que possamos verificar quais temas eles querem ver no próximo encontro”, explica Luciana. A atividade se estenderá até o mês de dezembro.
Além de Luciana, o projeto “Conheço, Cuido e Vivo” também tem participação da fisioterapeuta Flávia Hage. Ambas fazem parte da Residência Multiprofissional em Hematologia e Hemoterapia, fruto de uma parceria entre o hemocentro e a Universidade do Estado do Pará (Uepa). “Nossos encontros não serão restritos aos pacientes que fazem acompanhamento na fisioterapia. Também chamamos os pacientes do ambulatório, sem esquecer dos familiares”, comenta Flávia.
Nazaré Cruz é mãe de Antônio Arley, que está com 11 anos. Quando ele tinha sete meses de idade foi diagnosticado como portador da hemofilia. “Ele tomou vacina nas duas perninhas dele. Logo depois da aplicação, uma delas ficou muito escura, negra mesmo. Corri com ele pro hospital e ele ficou internado por oito dias e tomou três bolsas de sangue”, relembra.
Ao ser encaminhado para o Hemopa, o Antônio passou a ter acompanhamento especializado e, hoje, faz fisioterapia todos os dias no hemocentro. Mãe e filho já estão inscritos para participar do grupo de apoio. “Acredito que as conversas vão ser muito importantes. Sempre surgem dúvidas, principalmente porque ele é uma criança e às vezes não pode fazer tudo o que uma criança faz”.
Doenças
A doença falciforme é genética e identificada por uma alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica e adquirem o aspecto rígido, pouco maleável. Tal situação causa obstrução nos vasos sanguíneos. Uma anemia profunda surge porque essas células defeituosas têm uma vida muito curta e a medula não consegue reproduzir células tão rapidamente para compensar a eliminação.
A hemofilia também é uma doença genética, mas caracterizada por um distúrbio na coagulação do sangue. Quando uma pessoa se corta, automaticamente as proteínas sanguíneas entram em ação para estancar o sangramento. Isso ocorre porque existem 13 tipos diferentes de fatores de coagulação; quando acontece o rompimento do vaso sanguíneo, a ativação do primeiro fator leva à ativação dos demais até que ocorra a formação do coágulo. Mas os hemofílicos tem deficiência em dois deles, dificultando a coagulação e causando sangramentos prolongados.
Serviço:
Projeto “Conheço, Cuido e Vivo” começa nesta terça-feira, dia 27 (para pacientes com doença falciforme) e na quinta-feira, dia 29 (para portadores da hemofilia). Os encontros serão mensais, até o final de dezembro. Para mais informações entrar em contato com o setor de fisioterapia da Fundação Hemopa pelo telefone 3110-6620.